sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Mercadante anuncia nomes para Ciência e Tecnologia



Carlos Nobre assume Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, nomeou ontem o ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) Carlos Nobre para a Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do ministério. Além de Nobre, o novo ministro, que assumiu a pasta no início da semana, definiu outros dois nomes técnicos.
Carlos Nobre é considerado um dos maiores especialistas mundiais sobre clima. É membro do Painel do Clima das Nações Unidas (IPCC, na sigla em inglês). Integra também o Comitê Científico do IGBP (International Geosphere-Biosphere Programme). Nobre assume no lugar de Luiz Antonio Barreto de Castro.
O presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Marco Antônio Raupp, foi convidado para assumir a presidência da AEB (Agência Espacial Brasileira), no lugar de Carlos Ganem, que comandou o programa espacial brasileiro nos últimos quatro anos. Ele afirmou, por meio de sua assessoria, que está analisando o convite.
Para a Secretaria de Política de Informática, Mercadante nomeou Virgílio Almeida, do Centro de Computação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Uma de suas tarefas será realizar a integração das redes informatizadas do governo e dos principais centros de inovação tecnológica. Virgílio assume no lugar de Augusto César Gadelha Vieira.

Contra miséria, Dilma lança 'PAC da pobreza'


Programa seguirá modelo de gestão do PAC, mas orientação da presidente é não divulgar nada sobre o projeto até que todas as metas sejam definidas

O Programa de Erradicação da Pobreza Extrema será o primeiro "PAC" do governo Dilma. O plano, que deverá ser lançado em março, terá metas, cronograma e prestação de contas anual, além de um comitê gestor específico e o foco em três frentes: inclusão produtiva, ampliação da rede de serviços e da rede de benefícios de programas como o Bolsa Família.
"Teremos um modelo de gestão como o PAC, com metas claras, condições claras de monitoramento, prestação de contas anual e um comitê gestor organizado a partir do centro do governo", explicou a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, depois da primeira reunião da área social com a presidente Dilma Rousseff. Quem vai tocar o programa é pesquisadora da Unicamp, Ana Fonseca, responsável pela formatação do Bolsa Família, escolhida como secretária executiva do ministério.
O plano de erradicação da miséria é uma das promessas de campanha de Dilma Rousseff e foi tema do seu discurso de posse. É o primeiro programa próprio do seu governo, não herdado de Luiz Inácio Lula da Silva, a começar a sair do papel. Ontem, Dilma orientou seus ministros a não divulgar nada sobre o modelo do programa até que tenham metas definidas. "Vamos organizar essas metas e o desenho geral do programa. Queremos apresentar o programa com metas objetivas para que vocês possam nos cobrar", disse a ministra.
O planejamento iniciou ainda durante o processo de transição, logo após a confirmação da eleição de Dilma. A primeira reunião aconteceu em novembro, mas o programa deve reunir iniciativas que já estavam sendo estudadas pelo MDS no governo Lula.
Beneficiados. O primeiro problema que o governo precisa resolver é estabelecer a linha que define quem são os miseráveis brasileiros para então descobrir quantas pessoas precisará atender. Hoje o MDS trabalha com uma renda de R$ 140 por pessoa para inclusão no Bolsa Família, mas o próprio governo admite que uma parcela da população realmente miserável não consegue nem mesmo ser cadastrada para participar do programa.
Em novembro, na reunião sobre o futuro programa feita pela equipe de transição, o economista Marcelo Néri apresentou a possibilidade de essa linha ser de R$ 108, mas essa definição não foi feita.
De acordo com Tereza, a transferência de renda não será o centro do programa, apesar de uma das frentes ser a ampliação do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada, para pessoas com deficiências. O principal, disse ela, será a "inclusão produtiva" - ou dar meios de trabalho a essas famílias.
"Obviamente não vamos atacar a extrema pobreza somente com políticas de transferência de renda. Pelo contrário, a agenda é de inclusão social e produtiva, de ampliação da rede de serviços, de saneamento, de oferta de água, de saúde, educação, qualificação profissional. Um conjunto de ofertas de cidadania e oportunidade de emprego", afirmou.

Modus Vivendi

                                   

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
Em sua definição estrita, a expressão em latim "modus vivendi" traduz a existência de um acordo pelo qual partes de opiniões opostas concordam em discordar durante o tempo em que se obrigam a conviver, mediante acomodação dos respectivos interesses.
O PT e o PMDB ainda não chegaram lá. Ainda não conseguiram estabelecer os termos do arranjo de convivência, cuja marca de fábrica - já se vê, como esperado - é a tensão permanente entre os dois principais partidos de sustentação do governo Dilma Rousseff.
Brigaram durante a campanha toda, se estranharam na fase de transição e seguem a vida rodando sobre o mesmo eixo: a disputa do poder.
O PT com a vantagem de ter a Presidência da República e uma base de apoio parlamentar maior que a anterior; o PMDB com a primazia da força da pressão de grandes bancadas no Congresso e o comando do Senado.
Sem contar o fato de que a Vice-Presidência pode representar potencial fonte de problemas nas ausências da presidente.
Informa sobre esse sentimento latente uma frase dita por um dirigente pemedebista logo após a eleição, ainda apostando que o partido seria muito bem aquinhoado na divisão do poder: "A Dilma tem claro que de uma boa relação depende a tranquilidade para viajar, por exemplo, para a Bolívia."
O PMDB realmente não esperava que lhe fossem retirados espaços de poder e imaginava que a presença de Michel Temer concomitantemente na Vice-Presidência da República e na presidência do partido asseguraria um "upgrade" de posições em relação à participação nos dois mandatos de Lula.
Não foi o que ocorreu: perdeu em qualidade e quantidade. Perdeu Integração Nacional, Comunicações e Saúde. Permaneceu na Agricultura, de difícil instrumentalização política, ganhou uma fonte de problemas na Previdência, ficou com Minas e Energia, onde o controle de Dilma é total, e recebeu uma Secretaria de Assuntos Estratégicos com zero de orçamento e nenhuma inserção política.
Oficialmente, o governo e o PT não reconhecem a intenção de reduzir as áreas de influência do parceiro. Alegam que havia a necessidade de abrigar novos aliados, justificativa desmentida pela realidade: a redistribuição de cargos foi feita privilegiando primordialmente o PT.
Sob compromisso do anonimato, governistas de primeiríssimo escalão admitem: o parceiro foi propositadamente desidratado e por razões de probidade administrativa. Os exemplos citados são os antigos feudos na Saúde e nos Correios. Neste último pela identificação de relações heterodoxas com empresas privadas do setor.
Mas e o custo, o troco?
Está mais ou menos calculado. "Vamos pagar para ver", diz um petista altamente credenciado, lembrando que, se o governo estiver bem junto à opinião pública e forte no Congresso, o PMDB terá um campo de atuação restrito para retaliar.
Mas, se ainda assim endurecer, o governo acha que pode administrar as demandas abrindo e fechando torneiras e porteiras na medida da necessidade.
Cenografia. O governo brasileiro não acredita em crise diplomática para valer com a Itália por causa da decisão de negar a extradição do ativista Cesare Battisti e aposta que há mais jogo de cena que vontade genuína de brigar, na reação do governo italiano.
No Planalto a convicção é a de que o plenário do Supremo Tribunal Federal decidirá pela libertação de Battisti, uma vez que o próprio STF resolveu deixar a palavra final para o então presidente Luiz Inácio da Silva.
Cabral viu a uva. O sonho de consumo do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, seria ter em sua equipe o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame.
Dele e da maioria dos governadores com problemas graves na área.
De grego. Amiga muito arguta para questões de costumes observa a propósito da ideia da ministra da Pesca, Ideli Salvatti, de incluir o peixe na merenda escolar: "Criança odeia peixe."