Centro-Sul receberá maior número de vagas com alta da
produção
Enquanto o País aposta no pré-sal como futuro da riqueza
econômica brasileira, as produtoras de biocombustíveis começam a se instalar
pelo território nacional com a promessa de substituir os derivados de petróleo
por biocombustíveis. As regiões mais beneficiadas pela alta da produção serão
as grandes produtoras de soja - vegetal mais usado para obter óleo de
matéria-prima - e de cana-de-açúcar, principalmente na região Centro-Sul.
O governo anunciou, em maio, que a Petrobras deve aumentar
de 5% para 15% sua participação no total da produção de etanol no País nos
próximos quatro anos, o que deve abrir novas vagas com a ampliação e instalação
de usinas. O uso de energia limpa economiza com importação de petróleo e reduz
emissão de gases causadores do efeito estufa.
Os biocombustíveis podem ser feitos com base no óleo vegetal
a partir de mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso,
pequi, colza e soja, por exemplo; gordura animal, como sebo e banha de porco,
além de serragem, bagaço de cana e cascas de árvores. Da cana-de-açúcar também
vêm o etanol combustível (hidratado) e anidro (misturado à gasolina nos postos
de combustível).
A produção de biodiesel também depende da de álcool. O
processo mais usado, a transesterificação, utiliza etanol ou metanol para
reagir com o óleo vegetal. O biodiesel no Brasil é misturado ao diesel fóssil,
geralmente a 5% do litro do combustível (o chamado B5), mas pode também ser
puro - quanto mais próximo de B100, mais livre de combustíveis fósseis.
A busca de energia renovável e menos poluidora levou o
governo de Goiás a liberar R$ 380 milhões em incentivos fiscais para a
instalação da usina Bionasa e da esmagadora de grãos Onasa em Porangatu, a 406 km da capital goiana. A
usina tem capacidade para produzir 235 milhões de l por ano de biodiesel a
partir de óleo vegetal, principalmente da moagem de grãos de soja, mas também
das sementes de algodão e de girassol.
Já a esmagadora pretende fornecer toda a matéria-prima para
tornar a usina autossuficiente em óleo vegetal, sem a necessidade de adquiri-lo
de terceiros. Cerca de 1 milhão de t de soja serão esmagadas por ano, segundo
previsão da empresa. O presidente da usina, Francisco Barreto, pretende formar
um quadro de funcionários 80% porangatuense. A fábrica já conta com 130
funcionários e pretende contratar mais 240. Devem ser gerados, também, cerca de
1 mil empregos indiretos.
Segundo o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), a
meta do Estado é trazer todas as indústrias de combustível verde que pretendam
incrementar a economia de Goiás, principalmente com o aprimoramento da rodovia
BR 153 - Belém-Brasília e do pátio de transbordo de mercadorias da ferrovia
Norte-Sul, como sinalizado pela presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, a
região onde está instalada a Bionasa caminha para ser o centro logístico de
produção e distribuição de biodiesel do Norte do País.
Em março, o Estado já havia visto a inauguração de uma usina
de biodiesel feito a partir de sebo bovino, em Palmeiras de Goiás, a 78 km de Goiânia, pela
processadora de carnes Minerva. A companhia afirmou que pretende instalar uma
usina em cada cidade em que mantém um frigorífico de processamento, para
aproveitar o sebo e abastecer os caminhões de transporte com o combustível. A
processadora também está presente nos municípios de José Bonifácio e Barretos,
no Estado de São Paulo, Goianésia (GO), Araguaína (TO), Campina Verde (MG),
Bataiporã (MS) e Rolim de Moura (RO), além de uma unidade no Paraguai e outra
no Uruguai.
O diretor comercial da Bionasa, Adilson Paschoal
Montanheiro, adiantou que, no futuro, a usina pretende produzir biodiesel
também a partir de sebo animal. Por enquanto, ainda segue a tendência do
mercado de utilizar a soja como matéria-prima, que responde por cerca de 85% da
produção da Bionasa. "Nossa intenção é produzir meio a meio. Os técnicos
estão preparados para produzir biodiesel, independente da matéria-prima",
afirma.
Já as usinas de etanol exigirão mecânicos qualificados para
operar e soldar máquinas, como centrífugas de álcool, aquecedores, caldeiras,
filtros e moendas, segundo a gerente de responsabilidade corporativa da União
da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Maria Luiza Barbosa. "Uma usina
possui uma diversidade de profissões. O País tem atualmente cerca de 435 usinas,
e mais de 200 cargos devem receber capacitação profissional", afirma.