A Memória recobra sua história. A Ditadura e seus fósseis
vivos. Uma análise dos acontecimentos na USP em 2011.
por Ana Paula Salviatti
O contexto vivido atualmente na Universidade de São Paulo no
qual estudantes reivindicam a saída da PM do campus é um flagrante
desdobramento do período militar que recobra sua parcela por não ter sido
resgatada sua Memória e nem sido escrita a História deste período. Tal lacuna
possibilita a muitos a compreensão de posturas tomadas pelos estudantes
contrários à presença da PM no campus como anacrônicas. Diante do esvaziamento
crítico que se chegou devido à negação que é feita da memória deste período,
tal anacronismo não se apresenta entre estes estudantes, mas sim presente na
estrutura da Universidade que não mudou desde a ditatura e na memória esvaziada
daqueles que observam pouco as raízes da história do país. Mas tal fenômeno não
se restringiria apenas aos muros da Universidade.
Tido isto, o debatido papel da Polícia Militar emerge como
um fóssil vivo do período militar, ao invés de um entulho, um objeto em desuso
enferrujado, a corporação trabalha plenamente visando garantir o aparelho do
Estado, no monopólio da violência, o qual continua torturando, matando, entre
outras atividades que são de conhecimento comum da PM de São Paulo, Rio de
Janeiro e outros Estados.