Os trabalhadores comemoram o seu dia em meio a um cenário de aumento da massa salarial e queda do desemprego. Uma preocupação, no entanto, pode pôr em xeque a perspectiva de aumento no poder aquisitivo: a alta da inflação.
Em março, o
desemprego atingiu os menores níveis da história para o mês: 6,5%, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioecômicos (Dieese), que
usa outra metodologia, a taxa foi de 11,2% – menor nível para o mês desde 2001.
Se o desemprego está
em queda, os trabalhadores começaram 2011 ganhando mais, em média. A massa salarial,
segundo o IBGE, encerrou março em R$ 35,052 bilhões, com alta real (descontada
a inflação) de 6,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Esse processo dá
continuidade às conquistas do ano passado, quando 88,7% das categorias
profissionais conseguiram não apenas repor as perdas com a inflação, como
obtiveram ganhos adicionais, de acordo com o Dieese.
Para os próximos
meses, no entanto, o cenário não parece tão favorecedor. A inflação pelo Índice
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 0,79% em março e acumula 6,30% em
12 meses, próximo ao teto da meta, que é 6,5%.
Apesar do repique da
inflação nos últimos meses, o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José
Silvestre, não acredita que os trabalhadores terão perdas aquisitivas
generalizadas em 2011. Ele reconhece que as perspectivas não são tão positivas
como em 2010, mas não acredita que a alta dos preços esteja fora de controle.
“Existe, de fato, um aumento da inflação neste ano, mas isso está muito mais
relacionado a fatores externos, como alimentos e combustíveis, do que ao
aquecimento da demanda”, diz.
Sobre o risco de as categorias não conseguirem repor as
perdas com a inflação neste ano, o coordenador admite que menos trabalhadores
obterão ganhos reais nas negociações. Ele, no entanto, avalia que boa parte das
categorias continuará a conquistar reajustes reais em 2011. “O cenário não é
idêntico ao de 2010, mas ainda é positivo. A economia continua crescendo e
diversas categorias conseguirão aumentos acima da inflação nas negociações
sindicais”, declara.
Segundo Silvestre, 15% das categorias profissionais
conquistaram reajustes reais (acima da inflação) superiores a 3% no ano
passado, contra 5% em 2009 e 4% em 2008. “Em 2011, muito provavelmente essa
proporção não vai se repetir, mas os ganhos reais continuarão”, ressalta.