Governador de São Paulo extinguiu a Secretaria de Comunicação, mas tem 22 acordos assumidos pelo antecessor na área
Fabio Leite, de O Estado de S.Paulo
SÃO
PAULO - O governo Geraldo Alckmin (PSDB) herdou da gestão dos também
tucanos José Serra e Alberto Goldman 22 contas de publicidade que somam
R$ 307,6 milhões, valor equivalente a seis vezes o orçamento da
Secretaria da Pessoa com Deficiência.
São contratos assinados pela extinta Secretaria de Comunicação
(Secom) - hoje subsecretaria -, por oito empresas, duas fundações e uma
autarquia e prorrogados no fim do ano passado. A maior parte dos acordo
vigora ao menos até maio.
Na primeira semana de governo, Alckmin anunciou o remanejamento de
R$ 24 milhões do orçamento de comunicação para o Departamento de Águas
e Energia Elétrica (Daee), que a usará para desassorear a calha do Rio
Tietê, e a revisão de todos contratos do governo Serra/Goldman. Na
sexta-feira, contudo, o governo informou que ainda não há nenhuma
decisão sobre redução dos negócios ou cancelamento de campanhas
publicitárias.
Durante a transição, reservadamente, o atual governador reclamou com
interlocutores que, do seu ponto de vista, Serra havia exagerado no
gasto com publicidade. Só a Lua Branca Propaganda, agência de Luiz
Gonzalez, marqueteiro das campanhas de Alckmin ao governo e de Serra à
Presidência em 2010, mantém três contas semestrais no valor total de R$
87,6 milhões. Duas delas (de R$ 34,6 milhões e R$ 17 milhões) são com a
Secom para as campanhas da Nota Fiscal Paulista, Lei Antifumo e do
mínimo paulista, entre outras, e uma com a Dersa (R$ 36 milhões),
estatal responsável pelo trecho sul do Rodoanel e pela ampliação da
Marginal do Tietê.
Com exceção da Secom, que concentra R$ 105 milhões em quatro
contratos direcionados para as pastas da Saúde, Educação e Fazenda, a
Dersa é o órgão do governo que mais investe em ações de marketing. Além
da conta da Lua Branca, a empresa também prorrogou até maio a
contratação da DPZ Propaganda no valor de R$ 17,5 milhões, totalizando
R$ 53,5 milhões. Ambos têm duração de seis meses.
Em seguida vem a Sabesp. A estatal do saneamento tem duas contas de
publicidade semestrais que somam R$ 43,7 milhões e que foram estendidas
até junho. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM),
terceira na lista, também prorrogou suas três contas, que somam R$ 30
milhões.
A CPTM divide com o Metrô as campanhas do programa Expansão São
Paulo e estendeu três contratos, no total de R$ 28,1 milhões. O maior
deles (R$ 12,8 milhões) é com a Duda Propaganda, agência do marqueteiro
Duda Mendonça, réu no processo do mensalão, no Supremo.
Não são apenas as grandes estatais que investem em propaganda. A
Fundação Florestal, por exemplo, órgão ligado à Secretaria do Meio
Ambiente, tem uma conta semestral de R$ 5 milhões que vigora até
fevereiro e pode renovada por mais seis meses. Já a Artesp, agência
reguladora do transporte rodoviário, tem contrato até 17 de março com
agência White Propaganda. A conta de seis meses é de R$ 10 milhões e
também pode ser prorrogada novamente.
Alckmin informou em nota que os valores previstos nos contratos com
as agências podem não ser integralmente pagos. "O desembolso dos
recursos previstos no Orçamento dependem da autorização dos órgãos
contratantes, que podem ou não executar serviços de publicidade durante
o período de vigência dos contratos", diz a nota. Segundo a assessoria,
"os contratos não geram direitos para as agências" e "a execução se dá
conforme a necessidade" de cada órgão.