Vivemos uma situação onde o
ridículo se instala na sociedade e as pessoas não se manifestam, posto que
é muito comum o cidadão aceitar tudo o que lhe é imposto, sem falar nada,
inclusive sob uma argumentação extremamente comodista, que diz
assim:
- “Acho melhor eu
me calar e não falar nada, porque não gosto de confusão.”
Nesta onda os espertalhões,
gananciosos e mercenários se aproveitam, uma vez que adoram explorar uma
das manias mais presentes em muitas pessoas, que é a “mania do ser
bonzinho”.
Não confundamos isto com mania de
ser honesto, digno, coerente, decente e consciente dos deveres.
O bonzinho não é necessariamente
bom, é medroso, omisso, indiferente e até certo ponto covarde, porque
contribui, com essa sua “bondade”, com a proliferação da malandragem e da
safadeza que existe nessa “forçação de barra” muito comum na sociedade
atual.
Por causa do bonzinho, determinados
arrogantes fazem o que querem, quanto estão empossados no cargo de síndico
de um edifício, por exemplo, impondo ordens e proibições absurdas, que não
encontram qualquer respaldo no bom senso nem em justificativa
alguma.
Um ou outro reclama e ele reage,
com argumentos assim:
- “Só você está
reclamando. A maioria não falou nada, ninguém reclamou”.
O problema é que essa maioria aí está inserida no
universo do tal bonzinho, que me refiro aqui e esse ninguém que
reclama é exatamente o universo dos omissos.
Vejamos alguns absurdos que se
instalaram na sociedade, que são graves, inclusive, alguns visando tirar
dinheiro das pessoas, a qualquer custo, e não se vê a população reagir
contra.
Você já deve ter
ouvido falar na história de vários hospitais e clínicas onde muitos
médicos forçam a barra para fazer partos cesarianos nas mulheres,
obviamente, quando o quadro clínico da paciente é totalmente favorável ao
parto normal.
O que existe por trás
disto?
Para o médico e para o hospital, a
cesariana é mais viável, porque trás mais dinheiro para
ele.
O que prevalece é o que dá mais
dinheiro. Tem que arrumar um jeito de fazer com que médicos faturem mais,
hospitais e clínicas também!
Que se dane o ser
humano!!!!
Outro exemplo dessa apelação
ridícula se dá no campo comercial.
Antigamente para uma empresa, fosse
ela um banco, uma loja ou uma atividade comercial qualquer, mandar um
cliente devedor, com alguma prestação ou conta atrasada, para um advogado
era algo que só acontecia depois de esgotadas todas as tentativas de
cobrança ou de acordo, quando percebiam que a pessoa não estava mesmo
disposta a empreender qualquer boa vontade em pagar a sua
conta.
Hoje as empresas torcem para que o
cliente atrase alguma prestação ou compromisso, para enviá-lo, o mais
rápido possível, para o advogado e há um empenho enorme em jogá-lo, logo,
em alguma ação judicial, porque quanto mais retirar dinheiro dele, melhor.
Que se dane o abalo financeiro que vai ser agravado na sua
família.
Que se dane o ser humano!!!
O que importa agora é fazer faturamento para
o escritório do advogado.
Antigamente as igrejas priorizavam
mais a pregação, em si, o culto na sua essência. O dízimo era apenas um
detalhe do ritual, visando unicamente a sua manutenção. O objetivo maior
era JESUS. Hoje a coisa se inverteu, a prioridade é a oferta e o culto em
si é apenas um detalhe. Tudo é feito no sentido de enriquecer o religioso
profissional, porque o objetivo maior é JE$U$. Aliás, a palavra enriquecer
já é insuficiente, porque o que vale agora é tornar milionário.
E que se dane o ser
humano!!!
Não importa se o pobre precisa do
seu dinheirinho, prioritariamente, para comprar feijão, café, farinha,
arroz, remédio ou pagar a sua conta de luz, porque a oferta para a igreja
é mais importante do que tudo.
E que se dane o ser
humano!!!
A indústria da multa é a que mais
cresce no País, porque o objetivo é faturar.
Todos os investimentos são feitos nos
mecanismos de faturamento, como por exemplo o investimento em câmeras e
radares para multar no trânsito, itens que são absurdamente mais caros do
que o investimento em bafômetros, que evitaria muito mais acidentes,
porque detectaria os que dirigem embriagados. Nada mais mata no trânsito
do que motoristas bêbados.
Mas... qual é a visão dos
governantes?
Investir em bafômetro não traz
grana, o que traz dinheiro mesmo é a câmera e o radar.
É por isto que os índices de
acidentes de trânsito, por causa do álcool, continua gigantesco, posto que
se vê apenas raramente policiais nas ruas e nas estradas equipados com
bafômetros.
O interesse é faturar.
E que se dane o ser
humano!!!
Meu amigo, minha
amiga. Você acha que um médico, ginecologista e obstetra, que de fato
tenha competência, experiência e conceito profissional elevado vai
precisar estar submetendo as suas pacientes a partos cesarianos, quando
ele sabe que o recomendável, no caso, é parto normal?
É claro que não! Por ser um médico
bom, competente, ético, honesto e digno, ele terá um quadro de pacientes
grande e fiel que o procura sempre e o seu consultório nunca estará vazio,
obtendo, por conseqüência, uma renda mensal que lhe proporciona uma vida
tranqüila e confortável, sem precisar de apelações que extorquem o ser
humano.
O mesmo acontece com o advogado que
de fato é competente, experiente, digno, honesto, respeitado nos fóruns e
onde for, que não precisa de mendigar para que lojas mandem clientes para
ele faturar mais um honorariozinho.
Na área de Análises de Sistemas, também, há um universo
gigantesco de mercenários, aqueles que, se aproveitando da ignorância do
empresário comum no campo da informática, metem a mão, extorquindo a
vontade, por uma coisinha boba que se faz no computador, como aquele
eletricista de carro que cobra um absurdo para resolver a pane que deu no
seu automóvel, originada por uma simples queima de fusível, que se troca
em um minuto.
No campo da telefonia, que é um
campo que acabei de entrar, depois de estudá-lo muito, a companhia de
celular, por exemplo, em vez de se limitar a faturar do cliente pela venda
do minuto que ele precisa para falar, fica com essas apelações ridículas
em estar mandando torpedos de horóscopo, anúncios de shows de artistas e
um monte de maluquices para os usuários, cobrando deles, sem que a
maioria das pessoas saiba disto. É um absurdo.
Eu tenho um amigo, muito querido
por sinal, que adora dizer que não gosta de criar confusões, que faz
questão de pagar todos os seus compromissos rigorosamente em dia e que
paga todo e qualquer boleto que chega na casa dele. Ainda diz assim:
Se é conta, tem que pagar, não é
verdade?
Começaram a chegar uns boletos de
multas de trânsito, em sua casa, e ele, sem questionar, providenciou o
pagamento, imediatamente. Aí começaram a chegar outras, outras e outras e
ele continuou a pagar porque "gosto de pagar todas
as contas e não gosto de confusão".
Depois de ter pago mais de 3 mil
reais de multas, certo de que não costumava avançar sinais nem passar nas
estradas por onde havia sido "originada" a multa, o babaca...
(desculpe, meu amigo Constâncio, mas você foi um babaca mesmo)...
resolveu ir ao DETRAN, a fim de reclamar e tomar alguma satisfação, mesmo
sem gostar de criar confusão com ninguém.
Foi quando percebeu que nenhuma daquelas multas havia
partido do DETRAN, apesar daquele ser um departamento altamente praticante
de extorsão, também, em todo o País. DETRAN deveria significar
Departamento de Extorsão no Trânsito.
Existe uma máfia que já se instalou
nas grandes cidades do Brasil, que fotografam o seu carro, pega
informações a respeito do mesmo, junto a outros bandidos que também
trabalham no DETRAN, criam boletos em computador, semelhantes aos do
DETRAN, obviamente elaboram o código de barras com suas contas bancárias e
enviam para você pelo correio.
Tenho outro amigo, pequeno
empresário, que já pagou inúmeros boletos de sindicatos que ninguém sabe
se existem.
Em todos os campos existem
PROFISSIONAIS e PROFI$$IONAI$.
O profissional verdadeiramente
competente fatura por conseqüência da sua competência, já o mercenário não
tem outro ideal de vida que não seja o de faturar, faturar e
faturar.
E que se dane o ser
humano!!!
É preciso que a sociedade crie o
hábito de prestar mais atenção no mercenarismo que está na moda,
principalmente pelas autoridades governamentais que adoram o modismo do
tem que faturar a qualquer custo.
O Brasil é o país que tem mais impostos no mundo, mas se
vangloria pela sua elevada arrecadação, como se isto fosse mérito.
Será que não seria melhor que a
arrecadação de um país crescesse, por conta da sua PRODUÇÃO e não por
conta da EXTORSÃO? Aí sim, seria mérito.
Todos os grandes países do mundo
utilizam-se da estrada de ferro, como o mais eficiente e mais econômico
meio de transporte de pessoas e cargas. O Brasil, além de não construir
estradas de ferro, ainda acabou com as que existiam.
Estou falando de cabeça política brasileira, independentemente de partido. Os
governantes estaduais e municipais, também fazem a
mesma coisa, principalmente o PMDB que é o partido mais mercenário do
país.
Que não deixemos que as “forçações
de barra” continuem do jeito que estão. Que saibamos usar energia em
relação aos abusos e as incoerências que praticam para nos meter a mão.
Que saibamos dizer NÃO à industria da extorsão.
Para sua
apreciação.
Alamar Régis
Carvalho
Analista de Sistemas e Escritor