sábado, 5 de fevereiro de 2011

Forçando a barra pela insensatez


Vivemos uma situação onde o ridículo se instala na sociedade e as pessoas não se manifestam, posto que é muito comum o cidadão aceitar tudo o que lhe é imposto, sem falar nada, inclusive sob uma argumentação extremamente comodista, que diz assim:
- “Acho melhor eu me calar e não falar nada, porque não gosto de confusão.”
Nesta onda os espertalhões, gananciosos e mercenários se aproveitam, uma vez que adoram explorar uma das manias mais presentes em muitas pessoas, que é a “mania do ser bonzinho”.
Não confundamos isto com mania de ser honesto, digno, coerente, decente e consciente dos deveres.
O bonzinho não é necessariamente bom, é medroso, omisso, indiferente e até certo ponto covarde, porque contribui, com essa sua “bondade”, com a proliferação da malandragem e da safadeza que existe nessa “forçação de barra” muito comum na sociedade atual.
Por causa do bonzinho, determinados arrogantes fazem o que querem, quanto estão empossados no cargo de síndico de um edifício, por exemplo, impondo ordens e proibições absurdas, que não encontram qualquer respaldo no bom senso nem em justificativa alguma.
Um ou outro reclama e ele reage, com argumentos assim:
- “Só você está reclamando. A maioria não falou nada, ninguém reclamou”.
O problema é que essa maioria aí está inserida no universo do tal bonzinho, que me refiro aqui e esse ninguém que reclama é exatamente o universo dos omissos.
Vejamos alguns absurdos que se instalaram na sociedade, que são graves, inclusive, alguns visando tirar dinheiro das pessoas, a qualquer custo, e não se vê a população reagir contra.
Você já deve ter ouvido falar na história de vários hospitais e clínicas onde muitos médicos forçam a barra para fazer partos cesarianos nas mulheres, obviamente, quando o quadro clínico da paciente é totalmente favorável ao parto normal.
O que existe por trás disto?
Para o médico e para o hospital, a cesariana é mais viável, porque trás mais dinheiro para ele.
O que prevalece é o que dá mais dinheiro. Tem que arrumar um jeito de fazer com que médicos faturem mais, hospitais e clínicas também!
Que se dane o ser humano!!!!
Outro exemplo dessa apelação ridícula se dá no campo comercial.
Antigamente para uma empresa, fosse ela um banco, uma loja ou uma atividade comercial qualquer, mandar um cliente devedor, com alguma prestação ou conta atrasada, para um advogado era algo que só acontecia depois de esgotadas todas as tentativas de cobrança ou de acordo, quando percebiam que a pessoa não estava mesmo disposta a empreender qualquer boa vontade em pagar a sua conta.
Hoje as empresas torcem para que o cliente atrase alguma prestação ou compromisso, para enviá-lo, o mais rápido possível, para o advogado e há um empenho enorme em jogá-lo, logo, em alguma ação judicial, porque quanto mais retirar dinheiro dele, melhor. Que se dane o abalo financeiro que vai ser agravado na sua família.
Que se dane o ser humano!!!
O que importa agora é fazer faturamento para o escritório do advogado.
Antigamente as igrejas priorizavam mais a pregação, em si, o culto na sua essência. O dízimo era apenas um detalhe do ritual, visando unicamente a sua manutenção. O objetivo maior era JESUS. Hoje a coisa se inverteu, a prioridade é a oferta e o culto em si é apenas um detalhe. Tudo é feito no sentido de enriquecer o religioso profissional, porque o objetivo maior é JE$U$. Aliás, a palavra enriquecer já é insuficiente, porque o que vale agora é tornar milionário.
E que se dane o ser humano!!!
Não importa se o pobre precisa do seu dinheirinho, prioritariamente, para comprar feijão, café, farinha, arroz, remédio ou pagar a sua conta de luz, porque a oferta para a igreja é mais importante do que tudo.
E que se dane o ser humano!!!
A indústria da multa é a que mais cresce no País, porque o objetivo é faturar.
Todos os investimentos são feitos nos mecanismos de faturamento, como por exemplo o investimento em câmeras e radares para multar no trânsito, itens que são absurdamente mais caros do que o investimento em bafômetros, que evitaria muito mais acidentes, porque detectaria os que dirigem embriagados. Nada mais mata no trânsito do que motoristas bêbados.
Mas... qual é a visão dos governantes?
Investir em bafômetro não traz grana, o que traz dinheiro mesmo é a câmera e o radar.
É por isto que os índices de acidentes de trânsito, por causa do álcool, continua gigantesco, posto que se vê apenas raramente policiais nas ruas e nas estradas equipados com bafômetros.
O interesse é faturar.
E que se dane o ser humano!!!
Meu amigo, minha amiga. Você acha que um médico, ginecologista e obstetra, que de fato tenha competência, experiência e conceito profissional elevado vai precisar estar submetendo as suas pacientes a partos cesarianos, quando ele sabe que o recomendável, no caso, é parto normal?
É claro que não! Por ser um médico bom, competente, ético, honesto e digno, ele terá um quadro de pacientes grande e fiel que o procura sempre e o seu consultório nunca estará vazio, obtendo, por conseqüência, uma renda mensal que lhe proporciona uma vida tranqüila e confortável, sem precisar de apelações que extorquem o ser humano.
O mesmo acontece com o advogado que de fato é competente, experiente, digno, honesto, respeitado nos fóruns e onde for, que não precisa de mendigar para que lojas mandem clientes para ele faturar mais um honorariozinho.
Na área de Análises de Sistemas, também, há um universo gigantesco de mercenários, aqueles que, se aproveitando da ignorância do empresário comum no campo da informática, metem a mão, extorquindo a vontade, por uma coisinha boba que se faz no computador, como aquele eletricista de carro que cobra um absurdo para resolver a pane que deu no seu automóvel, originada por uma simples queima de fusível, que se troca em um minuto.
No campo da telefonia, que é um campo que acabei de entrar, depois de estudá-lo muito, a companhia de celular, por exemplo, em vez de se limitar a faturar do cliente pela venda do minuto que ele precisa para falar, fica com essas apelações ridículas em estar mandando torpedos de horóscopo, anúncios de shows de artistas e um monte de maluquices para os usuários, cobrando deles, sem que a maioria das pessoas saiba disto. É um absurdo.
Eu tenho um amigo, muito querido por sinal, que adora dizer que não gosta de criar confusões, que faz questão de pagar todos os seus compromissos rigorosamente em dia e que paga todo e qualquer boleto que chega na casa dele. Ainda diz assim: Se é conta, tem que pagar, não é verdade?
Começaram a chegar uns boletos de multas de trânsito, em sua casa, e ele, sem questionar, providenciou o pagamento, imediatamente. Aí começaram a chegar outras, outras e outras e ele continuou a pagar porque "gosto de pagar todas as contas e não gosto de confusão".
Depois de ter pago mais de 3 mil reais de multas, certo de que não costumava avançar sinais nem passar nas estradas por onde havia sido "originada" a multa, o babaca... (desculpe, meu amigo Constâncio, mas você foi um babaca mesmo)... resolveu ir ao DETRAN, a fim de reclamar e tomar alguma satisfação, mesmo sem gostar de criar confusão com ninguém.
Foi quando percebeu que nenhuma daquelas multas havia partido do DETRAN, apesar daquele ser um departamento altamente praticante de extorsão, também, em todo o País. DETRAN deveria significar Departamento de Extorsão no Trânsito.
Existe uma máfia que já se instalou nas grandes cidades do Brasil, que fotografam o seu carro, pega informações a respeito do mesmo, junto a outros bandidos que também trabalham no DETRAN, criam boletos em computador, semelhantes aos do DETRAN, obviamente elaboram o código de barras com suas contas bancárias e enviam para você pelo correio. 
Tenho outro amigo, pequeno empresário, que já pagou inúmeros boletos de sindicatos que ninguém sabe se existem.
Em todos os campos existem PROFISSIONAIS e PROFI$$IONAI$.
O profissional verdadeiramente competente fatura por conseqüência da sua competência, já o mercenário não tem outro ideal de vida que não seja o de faturar, faturar e faturar.
E que se dane o ser humano!!!
É preciso que a sociedade crie o hábito de prestar mais atenção no mercenarismo que está na moda, principalmente pelas autoridades governamentais que adoram o modismo do tem que faturar a qualquer custo.      
O Brasil é o país que tem mais impostos no mundo, mas se vangloria pela sua elevada arrecadação, como se isto fosse mérito.  
Será que não seria melhor que a arrecadação de um país crescesse, por conta da sua PRODUÇÃO e não por conta da EXTORSÃO? Aí sim, seria mérito.
Todos os grandes países do mundo utilizam-se da estrada de ferro, como o mais eficiente e mais econômico meio de transporte de pessoas e cargas. O Brasil, além de não construir estradas de ferro, ainda acabou com as que existiam.
Estou falando de cabeça política brasileira, independentemente de partido. Os governantes estaduais e municipais,  também fazem a mesma coisa, principalmente o PMDB que é o partido mais mercenário do país.
Que não deixemos que as “forçações de barra” continuem do jeito que estão. Que saibamos usar energia em relação aos abusos e as incoerências que praticam para nos meter a mão. Que saibamos dizer NÃO à industria da extorsão.
 Para sua apreciação.
                  
                                        Alamar Régis Carvalho
                                             Analista de Sistemas e Escritor

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