Promotoria constata irregularidades no hospital São Vicente de Paulo e em unidades do PSF
No hospital filantrópico, os 12 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) estavam ocupados e a equipe, desfalcada
Postado por Josué Cardoso em
Noticia
, dia 14/04/2011 às 19:51h
Medicamentos
vencidos, ambientes improvisados, falta de médicos e enfermeiros,
lixo, problemas de climatização e superlotação. Esses foram alguns dos
problemas encontrados, nesta quinta-feira (14), no Hospital São Vicente
de Paulo e nas Unidades do Saúde da Família do Distrito Mecânico I e
II pela Promotoria de Justiça da Saúde da Capital e pelos Conselhos
Regionais de Medicina, Farmácia, Odontologia, Enfermagem, Engenharia e
Arquitetura, Serviço Social, Nutrição e Vigilância Sanitária.
De acordo com o promotor
de Justiça da Saúde, João Geraldo Barbosa, no hospital filantrópico,
os 12 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) estavam ocupados e a
equipe, desfalcada. “As normas técnicas do Ministério da Saúde
determinam que deve haver um médico para cada dez leitos de UTI, uma
enfermeira para cada cinco leitos e um técnico de enfermagem para cada
três leitos. Apesar disso, o hospital só dispunha de um médico e de uma
enfermeira para atender os 12 pacientes”, comparou.
Na emergência do
hospital, o número de médicos e enfermeiros também é insuficiente.
“Constatamos que havia apenas um médico para atender 30 pacientes da
emergência”, disse o promotor.
Espera angustiante
- A equipe também se deparou com pacientes que aguardam há meses por
procedimentos como angioplastia. O usuário Marcelo de Oliveira Lima
espera desde o dia 8 de fevereiro pelo procedimento. A demora para
conseguir a cirurgia pode ser uma das explicações para o grande número
de cirurgias de amputações a que são submetidos os pacientes.
Várias pessoas
aguardavam internamento no momento da inspeção, enquanto isso, o
hospital estava com uma enfermaria vazia e três leitos desocupados.
Higiene -
A equipe de inspeção também encontrou lixeiras destampadas na
enfermaria cirúrgica e coletores de lixo perfurocortantes em cima de um
balcão, junto com medicamentos. Algumas caixas de solução para diálise
e seringas que deveriam estar na farmácia do hospital foram
encontradas no chão da enfermaria que atende pacientes renais.
No
telhado do hospital, havia muito lixo (inclusive copos descartáveis com
água, o que pode servir como criadouros para o mosquito da dengue) e
até uma paradeira.
Medicamentos vencidos
- O Conselho Regional de Farmácia flagrou medicamentos controlados e
termolábeis, como o Mytedom e o Lipeodol, por exemplo, com prazo de
validade vendido desde fevereiro e março, respectivamente. Os produtos
foram apreendidos pela Vigilância Sanitária.
No
Centro de Hemodinâmica, a Vigilância Sanitária também apreendeu 12
ampolas do medicamento Dopacris 5mg/ml (vasodilatador usado para
hipertensão) vencidas desde fevereiro deste ano. “Encontramos até
adrenalina usada para casos de parada cardíaca vencida desde agosto de
2010”, criticou João Geraldo.
Saúde da Família
- Nas unidades da Estratégia Saúde da Família do Distrito Mecânico I e
II, a equipe de inspeção constatou a falta de vacinas desde o dia 28
de março. Segundo a direção, o serviço foi desativado porque a
geladeira apresentava problemas. “Em razão disso, a insulina vem sendo
mensalmente encaminhada pelo Distrito Sanitário em isopores para que
seja distribuída no mesmo dia aos pacientes, que também têm que trazer
seus próprios isopores para transportar o medicamento para casa”,
explicou o promotor de Justiça.
A farmácia das unidades também não tem climatização adequada, o que compromete a eficácia de todos os medicamentos.
No PSF do Distrito
Mecânico I só havia um autoclave para esterilizar os materiais
odontológicos e de enfermagem. Já no II, não há médico e o consultório
odontológico estava desmontado, pois desde dezembro de 2010 está
desativado.
Interdição
- Os Conselhos Regionais de Medicina, Odontologia e Farmácia
reclamaram das péssimas condições das duas unidades do PSF e indagaram
sobre a possibilidade de interdição do local. Os fiscais da Vigilância
Sanitária do Município, por sua vez, informaram que só podiam se
limitar a elaborar o relatório de inspeção das precárias condições dos
serviços e a submeter o documento ao gerente da Vigilância Sanitária, a
quem competiria decidir sobre a medida a ser tomada.