sexta-feira, 15 de abril de 2011


Promotoria constata irregularidades no hospital São Vicente de Paulo e em unidades do PSF

No hospital filantrópico, os 12 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) estavam ocupados e a equipe, desfalcada

Postado por Josué Cardoso em Noticia , dia 14/04/2011 às 19:51h

Medicamentos vencidos, ambientes improvisados, falta de médicos e enfermeiros, lixo, problemas de climatização e superlotação. Esses foram alguns dos problemas encontrados, nesta quinta-feira (14), no Hospital São Vicente de Paulo e nas Unidades do Saúde da Família do Distrito Mecânico I e II pela Promotoria de Justiça da Saúde da Capital e pelos Conselhos Regionais de Medicina, Farmácia, Odontologia, Enfermagem, Engenharia e Arquitetura, Serviço Social, Nutrição e Vigilância Sanitária.
De acordo com o promotor de Justiça da Saúde, João Geraldo Barbosa, no hospital filantrópico, os 12 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) estavam ocupados e a equipe, desfalcada. “As normas técnicas do Ministério da Saúde determinam que deve haver um médico para cada dez leitos de UTI, uma enfermeira para cada cinco leitos e um técnico de enfermagem para cada três leitos. Apesar disso, o hospital só dispunha de um médico e de uma enfermeira para atender os 12 pacientes”, comparou.
Na emergência do hospital, o número de médicos e enfermeiros também é insuficiente. “Constatamos que havia apenas um médico para atender 30 pacientes da emergência”, disse o promotor.
Espera angustiante - A equipe também se deparou com pacientes que aguardam há meses por procedimentos como angioplastia. O usuário Marcelo de Oliveira Lima espera desde o dia 8 de fevereiro pelo procedimento. A demora para conseguir a cirurgia pode ser uma das explicações para o grande número de cirurgias de amputações a que são submetidos os pacientes.
Várias pessoas aguardavam internamento no momento da inspeção, enquanto isso, o hospital estava com uma enfermaria vazia e três leitos desocupados.
Higiene - A equipe de inspeção também encontrou lixeiras destampadas na enfermaria cirúrgica e coletores de lixo perfurocortantes em cima de um balcão, junto com medicamentos. Algumas caixas de solução para diálise e seringas que deveriam estar na farmácia do hospital foram encontradas no chão da enfermaria que atende pacientes renais.
No telhado do hospital, havia muito lixo (inclusive copos descartáveis com água, o que pode servir como criadouros para o mosquito da dengue) e até uma paradeira.
Medicamentos vencidos - O Conselho Regional de Farmácia flagrou medicamentos controlados e termolábeis, como o Mytedom e o Lipeodol, por exemplo, com prazo de validade vendido desde fevereiro e março, respectivamente. Os produtos foram apreendidos pela Vigilância Sanitária.
No Centro de Hemodinâmica, a Vigilância Sanitária também apreendeu 12 ampolas do medicamento Dopacris 5mg/ml (vasodilatador usado para hipertensão) vencidas desde fevereiro deste ano. “Encontramos até adrenalina usada para casos de parada cardíaca vencida desde agosto de 2010”, criticou João Geraldo.
Saúde da Família - Nas unidades da Estratégia Saúde da Família do Distrito Mecânico I e II, a equipe de inspeção constatou a falta de vacinas desde o dia 28 de março. Segundo a direção, o serviço foi desativado porque a geladeira apresentava problemas. “Em razão disso, a insulina vem sendo mensalmente encaminhada pelo Distrito Sanitário em isopores para que seja distribuída no mesmo dia aos pacientes, que também têm que trazer seus próprios isopores para transportar o medicamento para casa”, explicou o promotor de Justiça.
A farmácia das unidades também não tem climatização adequada, o que compromete a eficácia de todos os medicamentos.
No PSF do Distrito Mecânico I só havia um autoclave para esterilizar os materiais odontológicos e de enfermagem. Já no II, não há médico e o consultório odontológico estava desmontado, pois desde dezembro de 2010 está desativado.
Interdição - Os Conselhos Regionais de Medicina, Odontologia e Farmácia reclamaram das péssimas condições das duas unidades do PSF e indagaram sobre a possibilidade de interdição do local. Os fiscais da Vigilância Sanitária do Município, por sua vez, informaram que só podiam se limitar a elaborar o relatório de inspeção das precárias condições dos serviços e a submeter o documento ao gerente da Vigilância Sanitária, a quem competiria decidir sobre a medida a ser tomada.

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