Em congresso do PT, presidente recusou termo “faxina” para
se referir a mudanças
Gustavo Gantois, do R7, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff rebateu, nesta sexta-feira (2),
as críticas de que teria recebido uma herança maldita do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Segundo a presidente, que discursou na abertura do 4º
Congresso Nacional do PT, em Brasília, o legado recebido por ela foi o de 40
milhões de brasileiros retirados da miséria.
- Uma herança é pouco. É como se fossem aquelas camadas que
fundamentam o solo, que garantem que as pedras tenham vários graus de solidez.
Estou firmada sobre uma pedra muito sólida, que é a experiência de oito anos de
um governo que eu tive a honra de participar. Não é herança, porque eu ajudei a
construir essa pedra. Os erros e acertos dela são meus erros e acertos.
As declarações de Dilma foram direcionadas a 2.000
militantes petistas que foram a um centro de convenções da capital federal para
participar do evento. Diante dos partidários, a presidente também rebateu as
críticas de que não teria traquejo político para governar.
- Especulam muito sobre minha suposta inapetência política.
Dizem que eu sempre fui uma gerente tecnocrata despreparada para o exercício da
Presidência. Eles esquecem que eu tenho muito orgulho de ter feito, quando era
muito difícil de fazer política no Brasil porque dava cadeia ou morte. Eu tenho
orgulho de ter feito política no Brasil.
À frente de José Dirceu, ex-presidente do partido e réu no
processo do mensalão, Dilma aproveitou para reafirmar que não está se dedicando
a uma "faxina" contra a corrupção. Segundo ela, combater desvios é
uma obrigação de todo governo.
- Eu acredito na justiça e que ela não se faz nem com caça
às bruxas e nem com colocação de pessoas à execração pública, retirando seus
direitos de cidadania. O meu governo não tem como meta o combate à corrupção.
Isso é inerente ao governo. É obrigação zelar pela coisa pública. Ninguém pode
dizer que meu governo possa ter uma meta dessas. Meta é eliminar pobreza, fazer
o Brasil crescer.
Lula
Principal estrela do congresso, Lula foi saudado a gritos de
"olê, olê, olê, olá, Lula, Lula" pela militância. Bem humorado, disse
que não poderia falar sobre o PT porque o presidente do partido, Rui Falcão, já
havia falado. Tampouco poderia falar sobre o Brasil, pois a presidente Dilma
ainda discursaria.
Em clara sintonia com o discurso de Dilma, o ex-presidente
afirmou que o atual governo está apenas no início e que ainda não pode ser
julgado. Contudo, previu que a petista será reeleita em 2014.
- Tenho convicção de que ninguém pode cobrar de você
[referindo-se a Dilma] aquilo que o tempo não permitiu fazer. Oito meses de
governo é muito pouco para quem vai governar esse país por oito anos. É apenas
10% do tempo que você vai ter.
Ainda levantando a bola para a sucessora, Lula elogiou a
condução da economia em meio à crise internacional.
- O Brasil não é pequeno, não é um país pobre. Esse país
trabalha para ser a quinta economia do mundo daqui a uns anos. A quarta, dizem
alguns. O dado concreto é que nosso Brasil tem de ser o indutor do crescimento
de vários países da América Latina. Eu estou muito orgulhoso de viver esse
momento.
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