O
governador Ricardo Coutinho (PSB) convocou, em caráter de urgência, na
noite desta sexta-feira (21), o Secretario de Segurança Pública do
Estado da Paraíba, Cláudio Lima, o adjunto, além do Corregedor e do
atual Delegado Geral para tratar sobre o ‘passado’ político da recém
nomeada Gerente Executiva de Polícia Civil Metropolitana Daniella
Vicunna;
Segundo informações obtidas pela reportagem do
PB Agora, o
impasse aconteceu porque Ricardo não saberia que, no passado, Daniella
Vicunna participou de greves no Governo Cássio Cunha Lima e
recentemente era nomeada do Governo Maranhão III, trabalhando
inclusive como assessora do então Secretário de Segurança Gustavo
Gominho.
Ao que tudo indica, o governador da Paraíba teria se sentido ‘enganado’
pela omissão do passado da delegada. Ainda segundo informações, Ricardo
teria tomado conhecimento do fato através de artigo publicado no portal
PB Agora, mas precisamente na coluna do jornalista Giovanni Meirelles.
Confira o artigo de Giovanni Meirelles na íntegra e entenda os motivos da ‘revolta’:
Operação-Tartaruga na Civil5
Dentro dos gabinetes das delegacias e nos corredores da Central de
Polícia, localizada no bairro do Varadouro, em João Pessoa, não se fala
em outra coisa desde o início da semana, a não ser na iminente
possibilidade dos servidores da Polícia Civil deflagrarem uma greve
branca, também chamada de Operação-Tartaruga.
Todo mundo vai pular fora
A paralisação seria causada por via indireta, através de uma avalanche
de pedidos de licenças provocadas por diversos motivos, em reação à
nova escala de serviço anunciada ontem pela delegada Daniela Vicuuna de
Oliveira Trindade (na foto ao lado), atualmente investida no cargo de
Gerente Executiva de Polícia Civil Metropolitana.
Delegada já foi grevista
Daniella é aquela mesma militante empolgada que se destacou na
efervescência da última greve deflagrada no seio da categoria, liderada
pelo atual diretor-administrativo do Detran e agente de investigação
Flávio Moreira (ex-candidato a deputado federal pelo PSB e presidente
licenciado da Aspol).
Liderança na categoria
Na ocasião, ela mandou uma mensagem de apoio ao movimento paredista
através de seu e-mail pessoal, cujo conteúdo foi publicado pelo site
www.sindepol.com.br, contendo um comentário extremamente jocoso
criticando o então governador Cássio Cunha Lima (PSDB), hoje aliado do
socialista Ricardo Coutinho.
Reunião de advertência
Na 4ª feira (dia 19), no auditório da Espep (Escola de Serviço Público
do Estado), sediada em Mangabeira, foram convocados todos os escrivães
da Polícia Civil, a pretexto de receberem novas instruções normativas
de natureza cartorárias, numa determinação dos atuais dirigentes da
Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado.
Cargo na secretaria
Antes de assumir esta função atual, a delegada exerceu um cargo de
apoio como corregedora-auxiliar da Polícia Civil, cumprindo apenas um
expediente, durante a gestão do ex-secretário Gustavo Ferraz Gominho,
ainda no mandato do ex-governador José Maranhão (PMDB). Ela é natural
do Estado de Goiás.
Nova escala de trabalho
Agora, ela está tentando implantar junto aos funcionários públicos que
prestam serviços na Polícia Civil, um regime de trabalho baseado no
turno de escala em plantões de 12/36 horas, cuja operacionalidade
tornará obrigatório o fechamento de todas as Delegacias Distritais da
área metropolitana da Capital no turno da noite, durante os dias de
feriado, aos sábados e domingos, inclusive nas cidades circunvizinhas a
João Pessoa, como os municípios de Bayeux, Santa Rita e Cabedelo.
Policiais preparam reação
Os escrivães e os agentes de investigação voltaram a se reunir nesta 5ª
feira, às 13h00, no mesmo local (Auditório da Espep, em Mangabeira,
defronte ao prédio onde funciona o Detran). Houve uma série de apelos à
Gerente Executiva, para que a própria Daniella sugerisse aos seus
superiores, em particular o secretário titular, delegado da Polícia
Federal Cláudio Lima (na foto acima, ao lado dela), outra opção
administrativa para a implantação de tais medidas, cujas conseqüências
poderão ser desastrosas para o funcionamento normal das DD’s.
Desabafo dos prejudicados
Algumas frases formuladas pelos escrivães e agentes, durante a reunião, foram estas, transcritas ipsis-litteris, abaixo:
– Imagine você morar em Cabedelo e ter que se dirigir a uma delegacia
perto de sua residência para resolver algum tipo de problema qualquer e
então descobrir que a mais próxima de sua casa será a localizada na
avenida Epitácio Pessoa (3ª DD – Central de Flagrantes), distante 18 km
do seu local de moradia ou veraneio?
Plantonistas sem descanso
– O que nós pedimos é que vocês nos ajudem a tentar mudar essas idéias,
pois vão acabar prejudicando toda a sociedade e a todos os policiais
civis, pois não teremos descanso e o serviço prestado por nós à
população vai piorar ainda mais.
Amizade governamental
A delegada Daniela Vicuuna conheceu o governador Ricardo Coutinho (PSB)
por acaso, durante um determinado jantar com alguns familiares dela de
origem nordestina, que estavam se confraternizando no restaurante
Tererê, localizado na praia do Cabo Branco.
Na época da campanha
A delegada goiana pediu licença a essa parte de sua família, para poder
fazer companhia a um homem magro e bastante discreto que estava
jantando sozinho. Era o ex-prefeito da Capital e – então – apenas,
ainda um mero candidato ao cargo de governador do Estado.
Relato da crise interna
Drª Daniella se apresentou como delegada a Ricardo e obteve a permissão
de sentar-se à mesa, para então mostrar em detalhes ao postulante
socialista ao Palácio da Redenção, quem era quem dentro da instituição
onde ela trabalha, politicamente falando.
Confiando nas revelações
Ela fez um croqui do esqueleto interno da secretaria para o futuro
governador, contando muitas coisas que ele jamais esperava ouvir de uma
policial civil e acabou ganhando a confiança do atual morador da Granja
Santana, que terminou lhe nomeando para a gerência-executiva da PC na
Capital e cidades em seu entorno, em retribuição ao relato recebido.
Onda de férias e licenças
Como a Polícia Civil passou 17 anos sem realizar concurso público para
renovação dos seus quadros profissionais, cerca de aproximadamente 60%
dos servidores efetivos estão engatilhados para solicitar licenças
prêmios de 6, 7 e até 9 meses de duração, além de pedirem
administrativamente uma ou duas férias anuais ainda não gozadas.
Enxurrada de aposentadorias
Eles projetam também pedir várias licenças para acompanhamento de
familiares e licenças para tratamento de saúde, assim como também
inúmeras aposentadorias, somente com o intuito de escapar ao famigerado
plantão de 12/36 horas. A escala atual é de 24/48 horas, para
delegados, escrivães, peritos, motoristas policiais e agentes de
investigação.