Texto de (*)André Falcão, colaborador de Pragmatismo
Político
Democracia à brasileira
Sei, não... Tá tudo fora do lugar, mas a aparência é outra.
E eles nos seguem fazendo de bobos (ou tentando fazer). Só um exemplo, mas há
muitos mais:
Todos os países mais desenvolvidos têm algum tipo de
regulação para o exercício da imprensa (inclusive o norte-americano, para os
fãs da combalida Wall Street). Claro! E tem que ser assim, porque não o sendo a
moral atacada, por exemplo, jamais será
recomposta no tempo e modo oportuno. Não, mesmo.
Há pessoas que pelo perigo que representam me fazem desejar
nunca cruzar com elas. Se vierem na minha direção, tomara as veja a tempo de
mudar de calçada. Assim também em relação ao modo de fazer jornalismo que
testemunho. Principalmente, claro, do Partido da Imprensa Grande – PIG, como
diz o Paulo Henrique Amorim.
Nada agradável, também, “cruzar” com esse tipo de imprensa.
Você já se imaginou ter sua honra atacada por uma matéria odiosa e parcial como
a gente vê por aí e não ter instrumentos rápidos e eficazes suficientes à justa
recomposição do dano? Ave-Maria, Deus me livre!
Olha o caso do ex-Ministro dos Esportes, negro comunista
filiado ao histórico e combativo PCdoB, e responsável por um ministério que
hoje atrai todos os holofotes: PAN, Olimpíadas, Copa do Mundo... Pois foi ele,
e não o PIG, que num dia de sol qualquer (ou estava chovendo?) adotou as
providências no sentido de coibir malfeitos descobertos. Pessoas foram
afastadas e processadas, inclusive criminalmente. Um, parece, responde até por
assassinato em sua ficha limpa.
Pois bem, passa-se bastante tempo. Um dia, talvez de sol
também, um dos afastados e principal suspeito da malversação do dinheiro
público tem um estalo e resolve procurar (resolve?) aquela que é a revista mais
escancaradamente parcial que jamais vi (ou li), para desancar o ministro — não
por outra, seu algoz —, daquela recebendo, para a sua narrativa, a moldura da
mais lídima verdade, da mais consistente acusação. Valha-me! Se aquele rapaz é
inocente (pode não ser, mas não há um só mísero indício de que não seja, salvo
extemporânea fala do sujeito processado), como poderá ter sua honra atacada
recomposta?
Mas aqui em nosso país, cuja imprensa é controlada por não
mais do que quatro famílias, qualquer tentativa de regular o seu exercício é
alardeado como cerceamento de liberdade de expressão. E o pior é que os
incautos, que não são poucos — já que se informam exatamente, e apenas, por
esses instrumentos do PIG —, acreditam.
É esta a “democracia” em que acreditamos viver.
André Falcão é advogado, escritor e editor do Blog do André
Falcão. Escreve coluna quinzenal em Pragmatismo Político.
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