segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Qual é o único país onde a imprensa tem mais poder que as instituições?


Texto de (*)André Falcão, colaborador de Pragmatismo Político

Democracia à brasileira


Sei, não... Tá tudo fora do lugar, mas a aparência é outra. E eles nos seguem fazendo de bobos (ou tentando fazer). Só um exemplo, mas há muitos mais:

Todos os países mais desenvolvidos têm algum tipo de regulação para o exercício da imprensa (inclusive o norte-americano, para os fãs da combalida Wall Street). Claro! E tem que ser assim, porque não o sendo a moral atacada, por exemplo,  jamais será recomposta no tempo e modo oportuno. Não, mesmo.

Há pessoas que pelo perigo que representam me fazem desejar nunca cruzar com elas. Se vierem na minha direção, tomara as veja a tempo de mudar de calçada. Assim também em relação ao modo de fazer jornalismo que testemunho. Principalmente, claro, do Partido da Imprensa Grande – PIG, como diz o Paulo Henrique Amorim.



Nada agradável, também, “cruzar” com esse tipo de imprensa. Você já se imaginou ter sua honra atacada por uma matéria odiosa e parcial como a gente vê por aí e não ter instrumentos rápidos e eficazes suficientes à justa recomposição do dano? Ave-Maria, Deus me livre!

Olha o caso do ex-Ministro dos Esportes, negro comunista filiado ao histórico e combativo PCdoB, e responsável por um ministério que hoje atrai todos os holofotes: PAN, Olimpíadas, Copa do Mundo... Pois foi ele, e não o PIG, que num dia de sol qualquer (ou estava chovendo?) adotou as providências no sentido de coibir malfeitos descobertos. Pessoas foram afastadas e processadas, inclusive criminalmente. Um, parece, responde até por assassinato em sua ficha limpa.

Pois bem, passa-se bastante tempo. Um dia, talvez de sol também, um dos afastados e principal suspeito da malversação do dinheiro público tem um estalo e resolve procurar (resolve?) aquela que é a revista mais escancaradamente parcial que jamais vi (ou li), para desancar o ministro — não por outra, seu algoz —, daquela recebendo, para a sua narrativa, a moldura da mais lídima verdade, da mais consistente acusação. Valha-me! Se aquele rapaz é inocente (pode não ser, mas não há um só mísero indício de que não seja, salvo extemporânea fala do sujeito processado), como poderá ter sua honra atacada recomposta?

Mas aqui em nosso país, cuja imprensa é controlada por não mais do que quatro famílias, qualquer tentativa de regular o seu exercício é alardeado como cerceamento de liberdade de expressão. E o pior é que os incautos, que não são poucos — já que se informam exatamente, e apenas, por esses instrumentos do PIG —, acreditam.

É esta a “democracia” em que acreditamos viver.

André Falcão é advogado, escritor e editor do Blog do André Falcão. Escreve coluna quinzenal em Pragmatismo Político.

Nenhum comentário: