
FATOS 
        QUE DEVEMOS CONHECER
"Os 
  fatos, para a mente, são quais os alimentos para o corpo.
Assim como de uma conveniente digestão destes dependem
o vigor e a saúde do indivíduo, daqueles outros dependem
a razão e a sabedoria, O mais douto no conselho, o mais hábil
no debate, o companheiro mais agradável no comércio humano
é o homem que assimilou para o seu entendimento o maior
número de fatos." Burke
 Assim como de uma conveniente digestão destes dependem
o vigor e a saúde do indivíduo, daqueles outros dependem
a razão e a sabedoria, O mais douto no conselho, o mais hábil
no debate, o companheiro mais agradável no comércio humano
é o homem que assimilou para o seu entendimento o maior
número de fatos." Burke
FATOS 
        QUE DEVEMOS CONHECER
Todos 
  estamos destinados a outra paragem, se nos dissessem que teríamos de 
  sair da Inglaterra e de transferir para longe a nossa habitação 
  permanente, digamos, para um quase desconhecido recanto da América do 
  Sul, quanto não ansiaríamos por encontrar alguém que aí 
  houvesse estado! E, encontrando-o, não o importunaríamos com perguntas, 
  assim acerca do cenário e do clima, como também sobre as espécies 
  de vestuário que deveríamos levar? Quando se me ofereceu a oportunidade 
  de encontrar os que do Mundo Etéreo vieram ter comigo, mundo para o qual 
  todos estamos de viagem, aproveitei-a naturalmente para me informar sobre essa 
  região, seus habitantes e cenárío e, ainda, como deveria 
  vestir melhor o meu caráter, de sorte a me achar mais bem preparado, 
  para o novo meio ambiente. Havendo aprendido algo do nosso destino, permitido 
  me seja apresentar, nos mais simples termos, os fatos que cada um de nós 
  precisa conhecer. Aos que se desinteressam da vida futura, aos que preferem 
  penetrar nela ignorando-a, sem preparo préévio, este livro nenhum 
  valor terá. Todos sabem que a morte há de vir e os que desejarem 
  enfrentá-Ia, tendo dela conhecimento e entendendo-a, acharão aqui 
  matéria para as suas meditações. 
Neste 
  mundo, são duais os nossos corpos: físico um, aquele que vemos 
  e tocamos; etéreo outro, aquele que não podemos perceber com os 
  órgãos físicos. Esses dois corpos se interpenetram, sendo, 
  porém, o etéreo o permanente, o indestrutível, pois que 
  a Mente etérea é a sede da memória, da personalidade, de 
  todas as qualidades que formam o nosso caráter, qualidades todas perrtencentes 
  ao etéreo. A mente jamais envelhece; isto só sucede ao instrumento 
  do espírito, o cérebro, que se arruína quando o corpo se 
  avelhanta. Nada nunca se perde do que aprendemos, do que constitui a riqueza 
  intelectual. Aqui, por vezes, perdemos a faculdade da expressão, devido 
  ao instrumento físico deixar de funcionar com a mesma precisão 
  que antes. Abandonando, na ocasião da morte, por imprestável, 
  o envoltório físico, continuamos em o nosso novo estado revestidos 
  de um corpo etéreo, Livres das limitações peculiares ao 
  que é físico, as nossas faculdades se tornam mais claras e mais 
  rápidos os nossos movimentos. Com a mudança, nada do que tem vale 
  perdemos; continuamos a ser o que éramos, quanto a forma e ao aspecto, 
  ao pensamento e à ação. Os que hajam perdido braços 
  ou pernas tê-los-ão de novo, porquanto somente sofreram perda do 
  que era do físico, dando-se o mesmo com as outras deficiências 
  corporais. O físico é a cobertura; está continuamente a 
  gastar-se, a ser renovado pelo sangue, o que é mais outra prova de que 
  há uma estrutura permanente a que a matéria física se acha 
  agregada. 
Aqueles 
  que deixam, ainda crianças, este mundo, crescem e se tornam adultos e, 
  chegando a este estado, se conservam sempre como homens ou mulheres em pleno 
  desenvolvimento. A velhice, inerente ao físico, é desconhecida 
  no mundo etéreo. As crianças, aí, são cuidadosamente 
  tratadas e educadas; têm suas escolas e colégios. De fato, saber 
  é o desejo predominante em todos os que aspiram a progredir, sejam crianças, 
  ou adultos. E que sucede ao que morre velho? Os que vivem uma existência 
  bastante longa, para morrerem com todas as incapacidades da velhice, ficarão 
  eternamente presas dessas incapacidades? Se já compreendêssemos 
  que o Espírito nunca envelhece, que a velhice só existe para o 
  corpo físico, não teria cabimento semelhante pergunta. Quando 
  o corpo, envelhecido e claudicante, é abandonado, o seu duplo etéreo 
  se mostra erecto, isento de todos os defeitos físicos. O homem somente 
  no sentido físico morre velho, pois que entra jovem na outra vida, onde 
  a idade não se mede pelos anos, onde a noção de tempo difere 
  muito da que possuímos. Nós medimos o tempo pela revolução 
  de um globo físico em torno de um Sol também físico; ao 
  deixarmos a Terra, entramos noutro meio, onde o tempo, como o entendemos, não 
  existe. A experiência, exclusivamente terrena, que adquirimos da relatividade 
  do tempo, permanece, enquanto dura o nosso sono no plano etéreo. Então, 
  como em sonho, nos passam ante a visão experiências que, se estivéssemos 
  despertos, levaríamos anos para reproduzir e que, entretanto, achando-nos 
  adormecidos, se sucedem em poucos minutos, às vezes em segundos. Disseram-me 
  os meus instrutores que no Mundo do Espírito, entre os que deixaram a 
  Terra há milhares de anos e mais, não faltam os que só 
  agora começam a ter consciência do novo ambiente onde se encontram. 
  Nessa situação, porém, acham-se apenas os que quase nenhum 
  progresso realizaram neste mundo, pelo que custam a adaptar-se 
  de pronto às suas novas condições e ao meio que os envolve. 
  Em regra, os de mediana inteligência se apercebem, sem maiores delongas, 
  do novo ambiente, alguns quase que imediatamente, ao passarem do envoltório 
  físico para seus corpos etéreos, enquanto que outros levam dias 
  e semanas, segundo a nossa maneira de calcular o tempo. Porém, lá, 
  um dia é como mil anos e mil anos são como um dia, segundo S. 
  Pedro. 
O 
  nosso corpo etéreo é, a todos os respeitos, uma duplicata do nosso 
  corpo físico. Isto, à primeira vista, pode parecer estranho e 
  difícil me foi apreendê-lo, ennquanto não compreendi o fato 
  de que o etéreo é, na Terra, o corpo real e que, desde o momento 
  da concepção, ele acumula sobre si a matéria física, 
  de vibração lenta, porque, de outra maneira, não funcionaria 
  no mundo físico, devido a serem sutis e mais rápidas, do que as 
  deste, as suas vibrações. O corpo físico é apenas 
  a cobertura protetora do corpo etéreo, durante a sua passagem pela vida 
  terrena. Em realidade, aqui, as nossas mãos reais são as etéreas, 
  apenas revestidas de uma luva de matéria física, o mesmo se dando 
  com as outras partes do corpo. Em nós, o cérebro real é 
  o etéreo, através do qual funciona a mente, quer estejamos neste 
  mundo, quer no outro. Ela atua sobre o cérebro etéreo e este sobre 
  a cobertura material a que chamamos cérebro físico. Os que hão 
  passado pelo que denominamos morte podem ver os nossos cérebros em atividade 
  e estudar o etéreo a trabalhar sob a influência da mente, coisa 
  que não nos é possível a nós terrícolas. 
  Os quadros que a nossa mente compõe podem ser vistos e, assim, tudo o 
  que pensamos podem lê-la os do mundo etéreo, com mais facilidade 
  de que lemos num livro. 
Somos, 
  realmente, muito maiores do que pensamos ser, muito maiores mesmo. Limitadíssima 
  é a nossa mente quando manifestada através do cérebro físico; 
  somente após nos libertarmos do físico é que lhe compreendemos 
  a grandeza. Dizemos consciente a nossa mente terrena; entretanto, a sua reunião 
  com o que tem o nome de subconsciente ou mente subliminal é que dá 
  a mente completa. Neste mundo, à mente consciente é que cabe dirigir 
  as nossas atividades; no outro, funciona a mente maior. Apenas conseguimos vislumbrar 
  essa mente maior nos fenômenos ocasionalmente observados de telepatia, 
  de clarividência, de clariaudiência e de previsão. É 
  que nessas ocasiões o subliminal sobrepuja o consciente por limitado 
  tempo e se manifesta. Dia virá em que, tendo-se adiantado o homem, o 
  subliminal se tornará cada vez mais o fator predominante; porém, 
  até esse ponto de desenvolvimento, a sua intromissão será 
  esporádica e peculiar a poucas criaturas. Ao irmos para o Além, 
  levamos conosco as lembranças terrenas, que, no entanto, se vão 
  apagando gradativamente, passando nós a ser dirigidos e governados por 
  essa mente maior que tem estado conosco em todas as nossas vidas, a construir-nos 
  os corpos, a lhes regular as funções internas e a fazer-nos o 
  que somos, embora sem o sabermos. 
Outro 
  fato de importância que repetidamente colhi dos meus informantes é 
  o de ser absolutamente real o outro mundo, que não existe apenas a flutuar 
  qual esgarçada nuvem, num estado incorpóreo, sem forma, ou configuração. 
  Há nele homens e mulheres, exatamente como aqui; o termo Espírito 
  é vocábulo meramente terreno. Não somente os corpos etéreos 
  são em tudo semelhantes aos corpos terrenos, mas também tão 
  reais e tangíveis, aos que deles se acham revestidos, quanto os nossos 
  para nós. Pode, por exemplo, parecer singular que um habitante desse 
  mundo de matéria mais sutil se jate de trazer polidas as unhas; todavia, 
  desde que ele tem unhas, por que não haveria de tratá-las, como 
  tratamos as nossas? Pelo fato de haver ele abandonado seu envoltório 
  físico, não se tornaram menos reais as suas unhas. Lembremos que, 
  quando deixamos o plano físico, o que é físico se torna 
  irreal e o etéreo o real, para a nossa consciência. Temos muito 
  que aprender com referência à matéria. Ela não cessa 
  de existir por se fazer invisível aos nossos olhos físicos. Isto 
  melhor se pode compreender, tomando-se um pouco dágua, aquecendo-a e 
  observando o efeito. Primeiro, temos o vapor parcialmente visível, depois 
  o supervapor, invisível. Invertendo o processo, poderemos trazer de novo 
  o supervapor ao estado de água. Se bem que invisível, aquele é 
  sempre matéria. O que fizemos foi apenas aumentar-lhe as vibrações 
  e, depois, reduzi-las até chegarmos novamente à água. Os 
  nossos corpos etéreos vibram com uma rapidez que a nossa vista física 
  não tem capacidade para perceber; contudo, sob certas condições, 
  quando destacadas do corpo, essas vibrações podem ser abaixadas 
  e, com o que se chama ectoplasma, tomado de empréstimo a um médium, 
  fazer vibrar a nossa atmosfera pelo falar. 
Faz 
  poucos anos, aprendemos que o espaço não é vazio, que o 
  enche uma substância a que damos o nome de éter, no qual habitam 
  miríades de seres ditos mortos, em um mundo para eles tão material 
  como o é o nosso para nós outros. Esse mundo etéreo é 
  o real; dele viemos e para ele voltaremos; é, ao mesmo tempo, uma condição 
  e um lugar. Cerca a Terra, como os anéis e zonas que se observam ao derredor 
  de Saturno, mas interpenetrando-a de maneira tal, que a matéria física 
  não faz parte dele. Aqui, na Terra, vivemos dentro dos limites das vibrações 
  físicas; lá, eles vivem dentro dos limites das vibrações 
  a que são apropriados os seus corpos etéreos. Tudo para eles é 
  tão natural, quanto para nós o é o nosso mundo; têm 
  casas, escolas, igrejas, campos, árvores, flores, música, vestuários 
  e todos os prazeres que a mente possa desejar. Os laços de família 
  se reatam novamente entre aqueles que aqui viveram unidos pela afeição. 
  Não se trabalha por dinheiro e a ausência de dinheiro é 
  a única coisa pela qual o outro mundo difere, em absoluto, da Terra. 
  Também, do ponto de vista social, tudo é semelhante, pois que 
  lá estão as mesmas mentes que estiveram aqui e com os mesmos ideais 
  e idéias que aqui tinham; porém, como vivem num meio mais delicado, 
  podem moldá-lo e ser por ele moldados, de forma impossível aqui 
  na Terra. A riqueza mental é a única que lá se procura, 
  pois que os nossos pensamentos condicionam o nosso ambiente, no outro plano 
  de consciência, em grau irrealizável na Terra. Os de inteligência 
  inferior e de sentimentos maus formam para si condições baixas 
  e más, enquanto que os de pensamentos puros e elevados criam condições 
  que correspondem aos seus pensamentos. Daí a necessidade de darmos a 
  devida atenção ao desenvolvimento do nosso caráter, seguindo 
  linhas retas, desde agora, porquanto, assim como deixarmos o plano físico, 
  assim entraremos no etéreo. 
Se 
  não alimentarmos pensamentos nobres, não os teremos lá. 
  Se atravessarmos esta vida com um caráter qual o de Bunyan, com um ancinho 
  de estrume na mão, a olhar somente para baixo, não seremos capazes 
  de olhar para cima. Unicamente desfazendo os nossos erros, possível se 
  nos tornará, com o tempo, progredir. Por que, então, não 
  vivemos aqui de maneira que o nosso progresso possa ser positivo e contínuo? 
  Estamos dia a dia preparando a nossa futura habitação; se forem 
  puros os nossos pensamentos, lá encontraremos uma habitação 
  pura; se forem maus, também má será a nossa morada. Constitui, 
  pois, dever de cada um de nós, individualmente, viver na Terra de modo 
  que o nosso próximo estágio da jornada possa em verdade ser um 
  passo à frente no caminho da sabedoria plena que, sejam quais forem as 
  veredas do erro em que nos tenhamos perdido, alcançaremos por fim, se 
  o desejarmos. 
J. 
  A. Findlay
Nenhum comentário:
Postar um comentário