quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

PARA REFLETIR


FATOS QUE DEVEMOS CONHECER
"Os fatos, para a mente, são quais os alimentos para o corpo.
Assim como de uma conveniente digestão destes dependem
o vigor e a saúde do indivíduo, daqueles outros dependem
a razão e a sabedoria, O mais douto no conselho, o mais hábil
no debate, o companheiro mais agradável no comércio humano
é o homem que assimilou para o seu entendimento o maior
número de fatos." Burke 

 
FATOS QUE DEVEMOS CONHECER
Todos estamos destinados a outra paragem, se nos dissessem que teríamos de sair da Inglaterra e de transferir para longe a nossa habitação permanente, digamos, para um quase desconhecido recanto da América do Sul, quanto não ansiaríamos por encontrar alguém que aí houvesse estado! E, encontrando-o, não o importunaríamos com perguntas, assim acerca do cenário e do clima, como também sobre as espécies de vestuário que deveríamos levar? Quando se me ofereceu a oportunidade de encontrar os que do Mundo Etéreo vieram ter comigo, mundo para o qual todos estamos de viagem, aproveitei-a naturalmente para me informar sobre essa região, seus habitantes e cenárío e, ainda, como deveria vestir melhor o meu caráter, de sorte a me achar mais bem preparado, para o novo meio ambiente. Havendo aprendido algo do nosso destino, permitido me seja apresentar, nos mais simples termos, os fatos que cada um de nós precisa conhecer. Aos que se desinteressam da vida futura, aos que preferem penetrar nela ignorando-a, sem preparo préévio, este livro nenhum valor terá. Todos sabem que a morte há de vir e os que desejarem enfrentá-Ia, tendo dela conhecimento e entendendo-a, acharão aqui matéria para as suas meditações.
Neste mundo, são duais os nossos corpos: físico um, aquele que vemos e tocamos; etéreo outro, aquele que não podemos perceber com os órgãos físicos. Esses dois corpos se interpenetram, sendo, porém, o etéreo o permanente, o indestrutível, pois que a Mente etérea é a sede da memória, da personalidade, de todas as qualidades que formam o nosso caráter, qualidades todas perrtencentes ao etéreo. A mente jamais envelhece; isto só sucede ao instrumento do espírito, o cérebro, que se arruína quando o corpo se avelhanta. Nada nunca se perde do que aprendemos, do que constitui a riqueza intelectual. Aqui, por vezes, perdemos a faculdade da expressão, devido ao instrumento físico deixar de funcionar com a mesma precisão que antes. Abandonando, na ocasião da morte, por imprestável, o envoltório físico, continuamos em o nosso novo estado revestidos de um corpo etéreo, Livres das limitações peculiares ao que é físico, as nossas faculdades se tornam mais claras e mais rápidos os nossos movimentos. Com a mudança, nada do que tem vale perdemos; continuamos a ser o que éramos, quanto a forma e ao aspecto, ao pensamento e à ação. Os que hajam perdido braços ou pernas tê-los-ão de novo, porquanto somente sofreram perda do que era do físico, dando-se o mesmo com as outras deficiências corporais. O físico é a cobertura; está continuamente a gastar-se, a ser renovado pelo sangue, o que é mais outra prova de que há uma estrutura permanente a que a matéria física se acha agregada.
Aqueles que deixam, ainda crianças, este mundo, crescem e se tornam adultos e, chegando a este estado, se conservam sempre como homens ou mulheres em pleno desenvolvimento. A velhice, inerente ao físico, é desconhecida no mundo etéreo. As crianças, aí, são cuidadosamente tratadas e educadas; têm suas escolas e colégios. De fato, saber é o desejo predominante em todos os que aspiram a progredir, sejam crianças, ou adultos. E que sucede ao que morre velho? Os que vivem uma existência bastante longa, para morrerem com todas as incapacidades da velhice, ficarão eternamente presas dessas incapacidades? Se já compreendêssemos que o Espírito nunca envelhece, que a velhice só existe para o corpo físico, não teria cabimento semelhante pergunta. Quando o corpo, envelhecido e claudicante, é abandonado, o seu duplo etéreo se mostra erecto, isento de todos os defeitos físicos. O homem somente no sentido físico morre velho, pois que entra jovem na outra vida, onde a idade não se mede pelos anos, onde a noção de tempo difere muito da que possuímos. Nós medimos o tempo pela revolução de um globo físico em torno de um Sol também físico; ao deixarmos a Terra, entramos noutro meio, onde o tempo, como o entendemos, não existe. A experiência, exclusivamente terrena, que adquirimos da relatividade do tempo, permanece, enquanto dura o nosso sono no plano etéreo. Então, como em sonho, nos passam ante a visão experiências que, se estivéssemos despertos, levaríamos anos para reproduzir e que, entretanto, achando-nos adormecidos, se sucedem em poucos minutos, às vezes em segundos. Disseram-me os meus instrutores que no Mundo do Espírito, entre os que deixaram a Terra há milhares de anos e mais, não faltam os que só agora começam a ter consciência do novo ambiente onde se encontram. Nessa situação, porém, acham-se apenas os que quase nenhum progresso realizaram neste mundo, pelo que custam a adaptar-se de pronto às suas novas condições e ao meio que os envolve. Em regra, os de mediana inteligência se apercebem, sem maiores delongas, do novo ambiente, alguns quase que imediatamente, ao passarem do envoltório físico para seus corpos etéreos, enquanto que outros levam dias e semanas, segundo a nossa maneira de calcular o tempo. Porém, lá, um dia é como mil anos e mil anos são como um dia, segundo S. Pedro.
O nosso corpo etéreo é, a todos os respeitos, uma duplicata do nosso corpo físico. Isto, à primeira vista, pode parecer estranho e difícil me foi apreendê-lo, ennquanto não compreendi o fato de que o etéreo é, na Terra, o corpo real e que, desde o momento da concepção, ele acumula sobre si a matéria física, de vibração lenta, porque, de outra maneira, não funcionaria no mundo físico, devido a serem sutis e mais rápidas, do que as deste, as suas vibrações. O corpo físico é apenas a cobertura protetora do corpo etéreo, durante a sua passagem pela vida terrena. Em realidade, aqui, as nossas mãos reais são as etéreas, apenas revestidas de uma luva de matéria física, o mesmo se dando com as outras partes do corpo. Em nós, o cérebro real é o etéreo, através do qual funciona a mente, quer estejamos neste mundo, quer no outro. Ela atua sobre o cérebro etéreo e este sobre a cobertura material a que chamamos cérebro físico. Os que hão passado pelo que denominamos morte podem ver os nossos cérebros em atividade e estudar o etéreo a trabalhar sob a influência da mente, coisa que não nos é possível a nós terrícolas. Os quadros que a nossa mente compõe podem ser vistos e, assim, tudo o que pensamos podem lê-la os do mundo etéreo, com mais facilidade de que lemos num livro.
Somos, realmente, muito maiores do que pensamos ser, muito maiores mesmo. Limitadíssima é a nossa mente quando manifestada através do cérebro físico; somente após nos libertarmos do físico é que lhe compreendemos a grandeza. Dizemos consciente a nossa mente terrena; entretanto, a sua reunião com o que tem o nome de subconsciente ou mente subliminal é que dá a mente completa. Neste mundo, à mente consciente é que cabe dirigir as nossas atividades; no outro, funciona a mente maior. Apenas conseguimos vislumbrar essa mente maior nos fenômenos ocasionalmente observados de telepatia, de clarividência, de clariaudiência e de previsão. É que nessas ocasiões o subliminal sobrepuja o consciente por limitado tempo e se manifesta. Dia virá em que, tendo-se adiantado o homem, o subliminal se tornará cada vez mais o fator predominante; porém, até esse ponto de desenvolvimento, a sua intromissão será esporádica e peculiar a poucas criaturas. Ao irmos para o Além, levamos conosco as lembranças terrenas, que, no entanto, se vão apagando gradativamente, passando nós a ser dirigidos e governados por essa mente maior que tem estado conosco em todas as nossas vidas, a construir-nos os corpos, a lhes regular as funções internas e a fazer-nos o que somos, embora sem o sabermos.
Outro fato de importância que repetidamente colhi dos meus informantes é o de ser absolutamente real o outro mundo, que não existe apenas a flutuar qual esgarçada nuvem, num estado incorpóreo, sem forma, ou configuração. Há nele homens e mulheres, exatamente como aqui; o termo Espírito é vocábulo meramente terreno. Não somente os corpos etéreos são em tudo semelhantes aos corpos terrenos, mas também tão reais e tangíveis, aos que deles se acham revestidos, quanto os nossos para nós. Pode, por exemplo, parecer singular que um habitante desse mundo de matéria mais sutil se jate de trazer polidas as unhas; todavia, desde que ele tem unhas, por que não haveria de tratá-las, como tratamos as nossas? Pelo fato de haver ele abandonado seu envoltório físico, não se tornaram menos reais as suas unhas. Lembremos que, quando deixamos o plano físico, o que é físico se torna irreal e o etéreo o real, para a nossa consciência. Temos muito que aprender com referência à matéria. Ela não cessa de existir por se fazer invisível aos nossos olhos físicos. Isto melhor se pode compreender, tomando-se um pouco dágua, aquecendo-a e observando o efeito. Primeiro, temos o vapor parcialmente visível, depois o supervapor, invisível. Invertendo o processo, poderemos trazer de novo o supervapor ao estado de água. Se bem que invisível, aquele é sempre matéria. O que fizemos foi apenas aumentar-lhe as vibrações e, depois, reduzi-las até chegarmos novamente à água. Os nossos corpos etéreos vibram com uma rapidez que a nossa vista física não tem capacidade para perceber; contudo, sob certas condições, quando destacadas do corpo, essas vibrações podem ser abaixadas e, com o que se chama ectoplasma, tomado de empréstimo a um médium, fazer vibrar a nossa atmosfera pelo falar.
Faz poucos anos, aprendemos que o espaço não é vazio, que o enche uma substância a que damos o nome de éter, no qual habitam miríades de seres ditos mortos, em um mundo para eles tão material como o é o nosso para nós outros. Esse mundo etéreo é o real; dele viemos e para ele voltaremos; é, ao mesmo tempo, uma condição e um lugar. Cerca a Terra, como os anéis e zonas que se observam ao derredor de Saturno, mas interpenetrando-a de maneira tal, que a matéria física não faz parte dele. Aqui, na Terra, vivemos dentro dos limites das vibrações físicas; lá, eles vivem dentro dos limites das vibrações a que são apropriados os seus corpos etéreos. Tudo para eles é tão natural, quanto para nós o é o nosso mundo; têm casas, escolas, igrejas, campos, árvores, flores, música, vestuários e todos os prazeres que a mente possa desejar. Os laços de família se reatam novamente entre aqueles que aqui viveram unidos pela afeição. Não se trabalha por dinheiro e a ausência de dinheiro é a única coisa pela qual o outro mundo difere, em absoluto, da Terra. Também, do ponto de vista social, tudo é semelhante, pois que lá estão as mesmas mentes que estiveram aqui e com os mesmos ideais e idéias que aqui tinham; porém, como vivem num meio mais delicado, podem moldá-lo e ser por ele moldados, de forma impossível aqui na Terra. A riqueza mental é a única que lá se procura, pois que os nossos pensamentos condicionam o nosso ambiente, no outro plano de consciência, em grau irrealizável na Terra. Os de inteligência inferior e de sentimentos maus formam para si condições baixas e más, enquanto que os de pensamentos puros e elevados criam condições que correspondem aos seus pensamentos. Daí a necessidade de darmos a devida atenção ao desenvolvimento do nosso caráter, seguindo linhas retas, desde agora, porquanto, assim como deixarmos o plano físico, assim entraremos no etéreo.

Se não alimentarmos pensamentos nobres, não os teremos lá. Se atravessarmos esta vida com um caráter qual o de Bunyan, com um ancinho de estrume na mão, a olhar somente para baixo, não seremos capazes de olhar para cima. Unicamente desfazendo os nossos erros, possível se nos tornará, com o tempo, progredir. Por que, então, não vivemos aqui de maneira que o nosso progresso possa ser positivo e contínuo? Estamos dia a dia preparando a nossa futura habitação; se forem puros os nossos pensamentos, lá encontraremos uma habitação pura; se forem maus, também má será a nossa morada. Constitui, pois, dever de cada um de nós, individualmente, viver na Terra de modo que o nosso próximo estágio da jornada possa em verdade ser um passo à frente no caminho da sabedoria plena que, sejam quais forem as veredas do erro em que nos tenhamos perdido, alcançaremos por fim, se o desejarmos.
J. A. Findlay

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