Noriega, funcionário do Departamento de Estado
norte-ameicano e bajulado pela Veja, previu nas páginas da revista que o Brasil
será alvo de atentados durante a Copa do Mundo
O nome dele é Roger Noriega (foto), um linha-dura que ocupou
o cargo de subsecretário do Departamento de Estado no governo de George W. Bush
e de embaixador dos Estados Unidos na Organização dos Estados Americanos (OEA).
Notoriamente vinculado ao complexo industrial militar
norte-americano, Noriega volta e meia é convocado pela mídia de mercado para
dar recados de grupos que se utilizam de expedientes de todos os tipos na
defesa de poderosos interesses econômicos.
Pois bem, a revista Veja, sempre ela, divulgou entrevista em
que Noriega faz previsões suspeitas envolvendo o Brasil. Segundo este
estimulador de golpes nas Américas, o Brasil dá cobertura e serve de base para
o terrorismo internacional.
Noriega, que segue como funcionário do Departamento de
Estado, ainda por cima acusa o Brasil de ser complacente e apoiar o terrorismo
na Tríplice Fronteira. Esta região, por sinal, volta e meia aparece no
noticiário com matérias requentadas acusando a existência de células
terroristas árabes.
A própria revista Veja já publicou matérias do gênero em
várias ocasiões. Aí vem Noriega para voltar ao tema que o governo brasileiro já
investigou e concluiu a improcedência das acusações.
Dá ou não dá para desconfiar que a nova investida de Noriega
é suspeita?
Além de fazer duras críticas aos presidentes da Venezuela,
Hugo Chávez, da Bolívia, Evo Morales e Rafael Correa do Equador, Noriega previu
nas páginas da Veja que o Brasil será alvo de atentados durante a Copa do
Mundo, sugere ainda que o governo mude sua política externa e rompa os elos com
os três dirigentes sul americanos mencionados.
Noriega, que em abril de 2002 foi um dos estimuladores da
tentativa de golpe de estado contra o presidente Hugo Chávez, está mais uma vez
se intrometendo indevidamente em assuntos internos de um país soberano e no
fundo tenta provocar pânico ao fazer previsões com base em coisa alguma, o que
também levanta a suspeita segundo a qual serviços de inteligência dos EUA, a
CIA e outros, podem estar preparando algum atentado terrorista para incriminar
os governos dos países que não rezam pela cartilha de Washington. Ele na
prática procura preparar a opinião pública a aceitar o argumento de que
Venezuela, Bolívia e Equador representam um perigo para o Brasil.
E, de quebra, Noriega ainda afirma que as embaixadas do Irã
incrementam células terroristas na América Latina.
Pelos antecedentes deste funcionário do Departamento de
Estado todo o cuidado é pouco. Nesse sentido, representantes de vários movimentos
sociais reunidos em Brasília chamaram atenção para as declarações de Noriega.
Pediram providências imediatas do governo brasileiro e chegaram até a pedir que
o embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, seja considerado persona non
grata. Para estes movimentos, a adoção de tal medida seria uma forma de
demonstrar que o Brasil não aceita passivamente intromissões indevidas em
questões internas.
Não contente com a entrevista publicada na Veja, Noriega
andou fazendo declarações de caráter golpista em outras plagas. Empolgado com o desfecho das ações militares
da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Líbia, Noriega mais uma
vez deitou falação contra o governo constitucional da Venezuela.
Fez mais uma previsão, a de que Chávez não teria mais de
seis meses de vida e que a sua morte provocaria o caos no país petrolífero
devido a confrontos entre apoiadores e opositores do presidente venezuelano, o
que justificaria uma intervenção militar dos EUA. No portal Inter American
Security Watch, ao pregar abertamente a intervenção ele declara textualmente
que “as autoridades dos Estados Unidos devem estar preparados para lidar com o
impacto de uma situação de turbulência a curto prazo em um país onde se compra
10 por cento do nosso petróleo”.
Não é a primeira vez que Noriega se manifesta sobre a doença
de Chávez. No mês de setembro chegou a afirmar que “deveríamos nos preparar
para um mundo sem Chávez”. As declarações de Noriega então entraram em
contradição com a dos médicos de Chávez assegurando que ele reagia bem ao
tratamento a que vinha sendo submetido contra o câncer.
Por coincidência ou não, poucas horas antes da declaração de
Noriega sobre o estado de saúde de Chávez, o governo venezuelano denunciava a
presença de um submarino no litoral do país.
Na verdade, Noriega exerce a função de estimulador de
setores golpistas latino-americanos e se os governos silenciarem a respeito, o
referido funcionário do Departamento de Estado continuará ocupando espaços na
mídia de mercado para sugerir retrocessos e tentar fazer com que o continente
retorne ao período tenebroso dos anos 70.
Roger Noriega é mesmo uma figura nefasta ao processo
democrático latino-americano.
Em tempo: o recorde da semana em termos de deturpação da
história ficou por conta de um colunista de O Globo que comparou o ato público
organizado pelo governo do Estado do Rio contra o projeto ilegal sobre os
royalties do petróleo com a passeata dos 100 mil. O que disse Zuenir Ventura é
realmente uma ofensa à geração 68 que lutou com o que estava ao seu alcance
contra a ditadura.
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