“Enquanto eu estou lutando para viver, você está lutando
para morrer”. O comentário foi feito pelo jovem Patrick Teixeira Dorneles Pires
ao vigilante (que fumava 30 cigarros por dia) da sua escola, Pio XI, em João
Pessoa (PB), e relatado da tribuna do Senado Federal, na tarde desta
quinta-feira(15), pelo senador Cássio Cunha Lima (PSDB). Patrick é portador da
MPS (mucopolissacaridose) também conhecida como Síndrome de Morquio, uma doença
rara e degenerativa, que exige tratamentos caros e complicados. Amanhã, a
Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (CONEP) julga um recurso para que seja
liberada a pesquisa que irá permitir resultados positivos para a ampliação da
qualidade de vida dos portadores de MPS.
“O direito à saúde é consubstancial à vida e à dignidade da
pessoa humana. A sociedade cobra explicações, e principalmente, ações concretas
do Governo Federal para atender a estes portadores de doenças raras”, afirmou o
senador, que já apresentou requerimento de informações ao Ministério da Saúde
(que vence no próximo deia 22 ) sobre a falta de atendimento e ,
principalmente, de medicamentos na rede pública de saúde. Da tribuna, Cássio
explicou que a MPS, possui seis tipos e três subtipos, e que países como
Argentina, Colômbia e Venezuela já estão sendo desenvolvidas pesquisas para
encontrar a cura da MPS. “Estou aqui para comunicar ao Senado da República não
apenas a presença de Patrick, mas também para sensibilizar todos os Senadores e
Senadoras, para que possamos olhar pelos portadores de doenças raras, de uma
forma geral. Que amanhã o Conep autorize essa pesquisa e que o Brasil inicie um
novo capítulo no tratamento das doenças raras”, disse o senador Cássio Cunha
Lima.
Patrick é portador da MPS IV-A, mede 1,04 metros, tem
dificuldade em se locomover e utiliza uma bicicleta, ideia do seu pai, Everton,
para andar dentro de casa e na escola. “Os médicos indicaram cadeira de rodas,
mas para se locomover precisaria que alguém empurrasse e uma elétrica é muito
cara, em torno de R$ 6 mil. A bicicleta dá independência para ele”, contou
Everton. O adolescente passou por quatro cirurgias, faz sessões de fisioterapia
duas vezes por semana, e precisa visitar periodicamente vários especialistas. A
doença retardou e inibiu o seu crescimento, diminuiu a qualidade visual e prejudicou
sua audição. Entretanto, o adolescente se considera feliz e é engajado em
divulgar a sua condição e chamar a atenção dos problemas enfrentados,
principalmente a luta para receber tratamento do SUS.
Abaixo-assinado para tratamento -Para os portadores das MPS
receberem tratamento gratuito através do Sistema Único de Saúde é preciso
entrar na justiça contra o governo e, mesmo com determinação da justiça, muitos
ainda não conseguem. O tratamento da doença é apenas um controle dos seus
efeitos no organismo e permitir uma vida melhor aos pacientes. Para isso, os
pacientes precisam de acompanhamento multidisciplinar, com geneticista clínico,
neurologista, ortopedista, radiologista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo,
pneumologista, entre outros. Além disso, alguns tipos da doença, como o tipo 2
e 6, possuem tratamento medicamentoso. Pelo alto valor do tratamento, que
ultrapassa R$ 50 mil por mês, o Instituto Eu Quero Viver lançou um
abaixo-assinado pedindo uma lei que obrigue o governo federal a subsidiar o tratamento
das MPS e garantir a qualidade de vida que os portadores merecem. Sem
tratamento, os portadores morrem ainda na infância. A petição está no site do
instituto, www.euqueroviver.org.br. A meta é atingir 1 milhão de assinaturas
para enviar a petição ao Congresso Nacional sugerindo a criação de uma lei que
obrigue o governo federal a subsidiar o tratamento.
O senador Cássio Cunha Lima fez questão de ressaltar o
empenho da Drª Paula Francinete do Hospital Universitário de Campina Grande,
realiza um trabalho de assistência extraordinário, de apoio, com as crianças
portadoras de MPS na Paraíba. “Fica registrada a nossa alegria de recebê-lo,
Patrick. Tenho certeza de que você é um exemplo a ser seguido: de força; de
coragem; de determinação; de carisma. Temos a certeza, Senador Vital do Rego
Filho, Senador Wellington Dias, que estaremos empenhados para que, amanhã, o
Conep possa rever a sua decisão e autorizar a pesquisa que beneficiará os
portadores de MPS. Na verdade, em outras palavras, representará vida,
esperança, para essas crianças portadoras de MPS, tipo IV, em nosso Brasil.
Vamos torcer para que, amanhã, a vida de Patrick comece um novo capítulo”,
afirmou.
Assessoria
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