quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Desmontada a irresponsabilidade de um decadente Jornal Nacional sobre Cuba


A reportagem do JN demonstra amadorismo e falta de responsabilidade da emissora em se basear em “achismos” na formação da opinião pública


Essa semana o Jornal Nacional apresentou uma série de reportagens sobre Cuba. Só a proposta já é desconfortável. A grande mídia brasileira voltando seus olhos para a nação socialista. É no mínimo estranho!

O primeiro capítulo da reportagem mostrou sob a ótica de uma única cidadã, que diga-se de passagem morava nos Estados Unidos (aquele do embargo econômico) as condições de vida na ilha. Primeira questão: como uma reportagem que se propõe séria julga o todo pela experiência de UM cidadão?

O segundo fator incômodo da reportagem foi a ironia jornalística. Ao tratar sobre a medicina de Cuba, mundialmente reconhecida, a dita cidadã relatou que para conseguir atendimento médico no país, precisa dar presente aos médicos, afirmação que foi tomada como verdade sem nenhum tipo de averiguação e agora milhões de pessoas estão realmente acreditando nisso! A pergunta que se faz é: será que é isso mesmo? Vejamos:


De acordo com o Relatório do Índice de Desenvolvimento Humano 2011, da Organização das Nações Unidas (baixe aqui!) A expectativa de vida na ilha é de 79 anos, relativamente alta para quem não tem assistência médica, certo? O IDH do país ocupa o 51 lugar, que de acordo com a ONU é considerado elevado, o Brasil amarga em 84. Sobre a questão de igualdade entre os gêneros, Cuba é tida como a sociedade mais igualitária da América Latina em termos de gênero. A média de filhos está em menos de dois por mulher, com 100% dos partos assistidos, e o acesso aos métodos contraceptivos é considerado fácil!

A desnutrição infantil está na casa dos 4% e a taxa de mortalidade infantil é de 6 para cada 1000 crianças nascidas vivas, na Noruega, primeiro IDH do planeta, essa proporção é de 3/1000 e nos EUA de 8/1000. Estudos sobre educação indicam que na ilha existe uma proporção de um mestre para cada 42 habitantes, o que sugere que a população, por mais pobre que seja, tem acesso à educação. De acordo com o relatório, a população com Ensino Médio chega a quase 80%.

As imagens da série de reportagem nos fazem imaginar um país fantasma, sem vida, com um governo altamente repressor. A proposta aqui não é indicar a ilha como o paraíso perdido, mas relativizar e questionar o jornalismo feito pela Globo. Olhares atentos verão que as coisas não são tanto como a Rede Globo pinta. No segundo episódio da série vimos casas bem cuidadas e pessoas elegantes dando entrevista. O que a série não destaca é que o problema do aspecto fantasmagórico da ilha está muito mais relacionado ao embargo econômico liderado pelos EUA do que no regime comunista. Pelo contrário, afirmam que a economia do país está destruída e sugerem que a culpa é do modelo social. E mais, que Raul Castro está abrindo a economia cubana dando a esperança do povo viver o sonho capitalista! Oi? Esse tipo de reportagem demonstra amadorismo e falta de responsabilidade da emissora em se basear em “achismos” na formação da opinião pública!


Há quem diga que os dados dos relatórios da ONU, por serem enviados pelos próprios países, podem ser manipulados, tudo bem, talvez até possam, mas com todas as fragilidades da ONU, creio que os índices dela sejam mais confiáveis que os de uma universidade estadunidense, tendo em vista que os EUA são os principais interessados em implodir o regime cubano.
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