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   A possível chegada do prefeito Gilberto Kassab, que prepara a saída do
  DEM, ameaça provocar uma baixa histórica no PSB. Desiludida, a deputada Luiza
  Erundina (SP) promete deixar o partido se o flerte for consumado. 
Ela anunciou a decisão à Folha na noite de anteontem. Em
  tom de desabafo, acusou a direção da sigla de desprezar os ideais socialistas
  ao negociar a filiação de Kassab, que planeja levar aliados como o
  vice-governador Guilherme Afif (DEM). 
"Eles representam forças claramente conservadoras, de
  direita. Se forem aceitos, não terei mais espaço no partido. Não terei razão
  para estar nele", afirmou Erundina. 
Aos 76 anos, a primeira mulher a governar a capital
  paulista (1989-92) não poupou adjetivos para atacar a aproximação:
  "absurda", "inconsequente", "incoerente".
  Prometeu lutar "até o fim", mas admitiu ter poucas chances de
  brecá-la. 
"Já estou isolada no partido há muito tempo. Se isso
  acontecer mesmo, não vou mais respirar politicamente no PSB",
  sentenciou. 
"Não digo que serei um incômodo para eles porque não
  estarei mais lá. Se for o preço a pagar, não tem importância. Não vou transigir
  com o que acredito." 
Filiada ao PSB desde 1997, Erundina disse que a negociação
  ameaça rebaixar os socialistas ao papel de linha auxiliar do
  ex-presidenciável José Serra (PSDB) na disputa com outro tucano, o governador
  Geraldo Alckmin. 
"O PSB não pode ser barriga de aluguel. Kassab é o
  plano de Serra para derrotar Alckmin. É um pedaço do PSDB tentando derrubar
  outro pedaço do PSDB." 
Para ela, os personagens em jogo são "absolutamente
  incompatíveis" com a história do PSB e não podem militar num partido que
  "tem o S de socialista no nome". 
"Se admitir isso, o partido vai passar da esquerda
  para a direita. O DEM sustentou a ditadura militar, que nos impôs tortura,
  exílio e desaparecimentos. É uma mistura que a química não admite." 
A ex-prefeita também criticou a aposta em candidatos sem
  identificação com o partido, como o recém-eleito deputado Romário (PSB-RJ). 
"Está havendo uma frouxidão além do razoável. Isso
  não é crescimento, é inchaço. Inchaço é doença, e essa doença vai matar a
  identidade do partido." 
Reeleita para o quarto mandato com 214 mil votos, Erundina
  mantém a força nas urnas, mas sofre derrotas em série na legenda. 
Em 2008, foi impedida de se candidatar a vice na chapa de
  Marta Suplicy (PT) a prefeita. No ano passado, não impediu o PSB de bancar a
  candidatura ao governo paulista do empresário Paulo Skaf, presidente da
  Fiesp. 
No último revés, foi obrigada a engolir a adesão do
  presidente regional do partido, Márcio França, ao secretariado de Alckmin.
  "Ele decide tudo sozinho. Não faz consultas, não comunica nada a
  ninguém. Age como se fosse o dono do PSB." 
Apesar do pessimismo, Erundina ainda sonha em convencer o
  presidente nacional do partido, o governador pernambucano Eduardo Campos, a
  interromper a negociação com Kassab. 
Ela evitou antecipar os próximos passos em caso de nova
  derrota. "Se for para disputar pelo poder pelo poder, poderia estar no
  PT, que é um partido maior e que ajudei a fundar", disse. 
"Essas coisas não me motivam a permanecer na
  política. Não preciso disso, não tenho nada a ver com isso." 
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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Isolada, ex-prefeita Luiza Erundina ameaça deixar o PSB
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