terça-feira, 15 de março de 2011

PT de SP vê aproximação de Kassab com desconfiança


Partido teme que movimentos do prefeito paulistano faça aliados mudarem de lado
Agência Estado


A aproximação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), com a base governista da presidente Dilma Rousseff tem gerado desconfianças no PT.

A provável saída de Kassab do DEM, antes comemorada, agora é motivo de preocupação para os petistas, que interpretam a movimentação política do prefeito como uma tentativa de desestabilizar alianças do PT com antigos parceiros, como PCdoB e PSB.

Às vésperas da criação do PDB (Partido Democrático Brasileiro), projeto de Kassab, os petistas avisam: o apoio a Dilma é bem-vindo, pois pode ajudar a reduzir a dependência da sigla em relação ao PMDB, mas isso não significará abertura para alianças regionais com o PT.

As incertezas dos petistas paulistas giram em torno do relacionamento de Kassab com o tucano José Serra, ex-governador de São Paulo e derrotado por Dilma na eleição do ano passado.

O deputado Paulo Teixeira, líder do PT na Câmara, enfatizou que o prefeito paulistano não será bem-vindo se sua migração prejudicar as articulações no interior da base aliada.

- A entrada dele é bem-vinda no plano federal, mas se o objetivo for se contrapor conosco e prestar serviço ao Serra, entenderemos que ele virá para criar problemas com nossas alianças.
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Outro que já manifestou “desconfiança” quanto à estratégia de Kassab foi o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho. Durante o Carnaval, ele disse que pretendia “apurar melhor” as intenções do prefeito.

- É evidente que tem um ponto de interrogação sobre o Kassab e qual aliança ele deseja para 2014.

Sinal

O primeiro sinal que incomodou os petistas foi a aproximação de Kassab com alguns de seus aliados nacionais, como o PSB. Existe a tese de que a sigla a ser criada pelo prefeito de São Paulo poderia se unir futuramente aos socialistas. Kassab também tentou uma aproximação com o PCdoB, oferecendo à sigla uma secretaria em seu governo, mas a proposta foi recusada.

O prefeito de Osasco, Emídio de Souza, que é do PT, chamou a atenção para o fato de que “aliados tradicionais” da legenda estão indo para o lado de Kassab.

O maior temor, segundo ele, é que o PDB venha a ser incorporado pelo PSB e ganhe musculatura para se tornar uma terceira via nacional, como opção a PT e PSDB.

- Se houver a fusão com o PSB e se eles tiverem 70 ou 80 deputados, aí as coisas começam a mudar de figura.

Emídio afirmou, porém, que não acredita que Kassab tenha força política suficiente para, sozinho, construir essa alternativa.

- Ninguém toma essa posição da Marina Silva (PV) no curto prazo.

Em São Paulo, os petistas descartam qualquer chance de aproximação com Kassab para o pleito estadual de 2014, quando estarão em jogo 20 anos de hegemonia tucana no Estado. Segundo Emídio, a ideia inicial, de fazer uma aliança com o prefeito para pôr fim a esse domínio, já perdeu força.

Paulo Teixeira ressaltou que o PT tem projeto próprio para 2014, “e de forma alguma passa a ideia de apoiar o Kassab”.

- Em termos regionais, nossos interesses são antagônicos.

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