Partido teme que movimentos do prefeito paulistano faça
aliados mudarem de lado
Agência Estado
A aproximação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab
(DEM), com a base governista da presidente Dilma Rousseff tem gerado
desconfianças no PT.
A provável saída de Kassab do DEM, antes comemorada, agora é
motivo de preocupação para os petistas, que interpretam a movimentação política
do prefeito como uma tentativa de desestabilizar alianças do PT com antigos
parceiros, como PCdoB e PSB.
Às vésperas da criação do PDB (Partido Democrático
Brasileiro), projeto de Kassab, os petistas avisam: o apoio a Dilma é
bem-vindo, pois pode ajudar a reduzir a dependência da sigla em relação ao
PMDB, mas isso não significará abertura para alianças regionais com o PT.
As incertezas dos petistas paulistas giram em torno do
relacionamento de Kassab com o tucano José Serra, ex-governador de São Paulo e
derrotado por Dilma na eleição do ano passado.
O deputado Paulo Teixeira, líder do PT na Câmara, enfatizou
que o prefeito paulistano não será bem-vindo se sua migração prejudicar as
articulações no interior da base aliada.
- A entrada dele é bem-vinda no plano federal, mas se o
objetivo for se contrapor conosco e prestar serviço ao Serra, entenderemos que
ele virá para criar problemas com nossas alianças.
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Outro que já manifestou “desconfiança” quanto à estratégia
de Kassab foi o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho. Durante o
Carnaval, ele disse que pretendia “apurar melhor” as intenções do prefeito.
- É evidente que tem um ponto de interrogação sobre o Kassab
e qual aliança ele deseja para 2014.
Sinal
O primeiro sinal que incomodou os petistas foi a aproximação
de Kassab com alguns de seus aliados nacionais, como o PSB. Existe a tese de
que a sigla a ser criada pelo prefeito de São Paulo poderia se unir futuramente
aos socialistas. Kassab também tentou uma aproximação com o PCdoB, oferecendo à
sigla uma secretaria em seu governo, mas a proposta foi recusada.
O prefeito de Osasco, Emídio de Souza, que é do PT, chamou a
atenção para o fato de que “aliados tradicionais” da legenda estão indo para o
lado de Kassab.
O maior temor, segundo ele, é que o PDB venha a ser
incorporado pelo PSB e ganhe musculatura para se tornar uma terceira via
nacional, como opção a PT e PSDB.
- Se houver a fusão com o PSB e se eles tiverem 70 ou 80
deputados, aí as coisas começam a mudar de figura.
Emídio afirmou, porém, que não acredita que Kassab tenha
força política suficiente para, sozinho, construir essa alternativa.
- Ninguém toma essa posição da Marina Silva (PV) no curto
prazo.
Em São
Paulo, os petistas descartam qualquer chance de aproximação
com Kassab para o pleito estadual de 2014, quando estarão em jogo 20 anos de
hegemonia tucana no Estado. Segundo Emídio, a ideia inicial, de fazer uma
aliança com o prefeito para pôr fim a esse domínio, já perdeu força.
Paulo Teixeira ressaltou que o PT tem projeto próprio para
2014, “e de forma alguma passa a ideia de apoiar o Kassab”.
- Em termos regionais, nossos interesses são antagônicos.
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