Faz poucos dias, foi o Estadão quem trouxe (e o Parlamentopb
repercutiu): o cargo-consolação de José Maranhão no Governo Federal parece que,
apropriadamente, flutua ao sabor das ondas.
Não afunda, mas também não chega a canto nenhum. Deve ser triste para o
ex-governador e nome mais emblemático da oposição a Ricardo Coutinho ser
notícia pelo fato de seus padrinhos não conseguirem encaixá-lo de uma vez num
emprego de segundo escalão.
É verdade que acontece coisa parecida com Geddel Vieira,
mas, nesse caso, o dano é menor, pois Geddel sempre foi um sujeito, digamos,
mais desavexado, enquanto que Maranhão, pelo contrário, é dado a formalidades.
Tenho certeza de que o paraibano gostaria de passar longe dessa história toda,
habituado que foi a costura das coisas nos mais discretos bastidores. Agora o
destino meteu-o numa enrascada danada. Corre o risco de acabar naquela situação
do sujeito que foi ao presidente para “queixar-se” de que todo mundo andava
dizendo que ele ia virar ministro, mas a nomeação não saía nunca. E teve de
ouvir como resposta: “vamos fazer o seguinte: diga que convidei você, mas que
você não aceitou e ficamos todos bem na história.” Aliás, nessa altura do
campeonato o ideal seria que Maranhão dissesse logo que não aceitou o emprego
na Caixa Econômica Federal. Depois, pode ser tarde, se, aliás, já não for.
Para piorar um pouco as coisas, o presidente do PMDB-PB me
saiu com essa: “Nas hostes do PMDB, a nomeação de Maranhão está certa. Ele é
que, se pudesse escolher, não iria querer a vice-presidência de Loterias da
Caixa.” O que Antonio Souza está querendo dizer? Que se Maranhão pudesse
escolher cairia fora dessa barca furada? Mas quem disse que não pode? Ou está
dizendo que ele queria outra coisa, mas essa foi a coisa que lhe tocaram? Ave!
Seja como for, a declaração só fez piorar o que já não estava bom.
Enfim, ou aparece um fato político novo, positivo (ou pelo
menos interessante), envolvendo o nome do ex-governador ou ele vai ficar preso
nesse enredo incompatível com a sua biografia. Para alegria dos adversários e,
tenham certeza, de muitos “correligionários”...
Comentário de Stalimir Vieira
Publicitário e escritor brasileiro. Tem
passagens pela DPZ, W/Brasil e Bates São Paulo, além de ter sido
diretor de criação da DDB Argentina. É membro do Conselho de Ética do
CONAR, e foi diretor da Associação dos Profissionais de Propaganda
(APP) e da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap).
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