domingo, 3 de abril de 2011

Caciques políticos atuam nos bastidores para eleições

Maiores colégios eleitorais não terão estrelas de primeira grandeza

Desde março de 1998, quando o discurso de Ronaldo Cunha Lima no Clube Campestre dividiu o PMDB, todo processo eleitoral na Paraíba esteve polarizado pelo comando central de José Maranhão e Cássio Cunha Lima, cada um liderando seu séquito e ambos alternando-se no poder. Essa bipolarização do comando político chegaria ao fim com a vitória de Ricardo Coutinho nas eleições do ano passado, já que o novo governador é aliado de Cássio, mas não um cassista, passando a figurar como uma nova força estadual. É sob essa nova realidade que ocorrerão as eleições municipais do ano que vem, que, de quebra, ainda terão um atrativo a mais. Ocorre que, nos maiores colégios eleitorais do estado, os principais chefes políticos não atuarão como protagonistas das disputas. Não haverá estrelas das urnas, aqueles candidatos que dependem essencialmente do seu próprio patrimônio eleitoral, disputando as próximas eleições. Nos dois principais colégios, por exemplo, esse cenário é claro.


Mesmo contando com uma boa avaliação popular, apesar de episódios controversos como a demolição da pista do Aeroclube, a força do prefeito de João Pessoa Luciano Agra no pleito dependerá do sucesso e da aceitação, junto aos pessoenses, da gestão de Ricardo Coutinho no estado. Se não depende apenas de si, Agra, no entanto, não deverá ter pela frente nenhum adversário com elevado poderio pessoal. Entre os principais possíveis candidatos, está o senador Cícero Lucena, duas vezes prefeito da capital, que, apesar do vasto currículo, viu sua imagem se desgastar no segundo mandato no município, quadro agravado pela sua prisão durante a chamada Operação Confraria, em julho de 2005. Em 2006, Cícero foi eleito senador, mas sua vitória teve a "colaboração" da profunda deterioração do seu adversário, Ney Suassuna, que durante a campanha, teve seu nome relacionado entre os chamados "Sanguessugas". Em João Pessoa, o tucano venceu Ney por uma margem inferior a sete mil votos. Em Campina, por conta do apoio de Cássio - que foi determinante para sua vitória -, a vantagem foi superior a 40 mil votos. Só que a popularidade que esbanja no restante do estado, Cássio não tem na capital, ou seja, Cícero Lucena só poderá contar com a própria força, que pode não ser tanta quanto ele espera.


No PMDB, o mais animado é o deputado federal Manoel Júnior, que foi vice-prefeito da cidade no primeiro governo Ricardo. Mas, há contra o parlamentar um fato que dá pé à tese de que ele não tem potência eleitoral para a disputa. É que, entre sua primeira eleição para a Câmara Federal, em 2006, quando era aliado de Ricardo Coutinho, e a segunda, no ano passado, já adversário ferrenho do atual governador, Manoel Júnior perdeu nada menos que vinte mil votos em João Pessoa. Outro peemedebista disponível é o também deputado federal Benjamin Maranhão. Mas, aparentemente, apenas o próprio deputado crê nessa candidatura. Já o tio de Benjamin, o ex-governador José Maranhão, mesmo evitando confirmar a pretensão, está entre os mais cotados no PMDB. Pesa contra ofato de que ele está fora do poder e, ademais, pode ter saído enfraquecido das eleições de outubro. O PT quer ter candidato e, apesar da vontade de Rodrigo Soares, o partido tende a optar (se é que é possível falar em tendências no PT) pelo deputado estadual Luciano Cartaxo ou pelo federal Luiz Couto.

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