O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva
compareceu ao 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) para “matar
a saudade”, como disse aos estudantes reunidos em Goiânia. Lula admitiu que
“não via a hora de falar no microfone”, e exclamou: “há quanto tempo não faço
um discursinho”.
Lula reapareceu com seu estilo, alfinetou a oposição e “as
elites”, enumerou as conquistas de seu mandato, em especial, na área de
educação.
O ex-presidente disse que a imprensa tenta criar animosidade
entre ele e Dilma Rousseff ao ressaltar diferenças de estilo de governar. “Não
precisa ser especialista para saber que somos diferentes”. Segundo Lula, “o dia
em que tiver divergências [com a presidenta], ela vai estar com a razão”.
Lula também criticou parte da imprensa que disse que a UNE
promoveu um encontro “chapa branca”, sob o patrocínio de estatais como a
Petrobras, Eletrobras, Caixa Econômica Federal, além dos ministérios do
Transporte, Turismo, Saúde, Esporte e Educação. A representação estudantil
também teve apoio da Prefeitura de Goiânia, do Governo de Goiás e da
Confederação Nacional dos Transportes (CNT).
“Na TV tem propaganda de quem?”, perguntou Lula à platéia.
“Para eles é democrático, para vocês é chapa branca”, e acrescentou “alguns
jornais se acham nacionais, mas os grandes [veículos] de São Paulo não chegam
ao ABC”. Segundo Lula, a população sabe que não precisa mais de
“intermediários” para ter acesso à informação.
O presidente da UNE, Augusto Chagas, afirmou aos jornalistas
que apesar da presença de Lula, do ministro da Educação, Fernando Haddad, e dos
cerca de R$ 3 milhões recebidos do governo, “ainda não contabilizados” para
fazer o congresso, a entidade mantém a autonomia em relação ao governo. Amanhã
a UNE fará uma passeata para que os royalties da exploração do petróleo na
camada do pré-sal sejam investidos em educação e atinjam 10% do Produto Interno
Bruto (PIB). O governo trabalha com a projeção de 7%.
Em discurso, Haddad defendeu a UNE. “Algumas pessoas acham
que é possível comprar consciência com alguns trocados. Estudantes não se
vendem por dinheiro nenhum”, elogiou, antes de dizer que tinha “autoridade para
participar de cabeça erguida” do congresso porque o governo manteve um canal
aberto com os estudantes para conhecer suas reivindicações. Para o ministro
quem não se comove com a ascensão de famílias de origem pobre que agora têm
filhos na universidade, “tem que ser diretor do Banco Central”.
Apesar de Lula e Haddad serem efusivamente recebidos no congresso
pela maioria dos estudantes em Goiânia, houve quem protestasse contra o
ex-presidente e contra o atual governo.
Para a estudante de história da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Priscila Guedes, da corrente política Coletivo
Vamos à Luta, ligado ao P-SOL, o evento da UNE “serviu para fazer palco para o
governo” e nada foi falado sobre o contingenciamento de verbas para a educação,
na greve dos servidores das universidades federais, nas universidades públicas
novas que não têm bandejão e da falta de sala de aula.
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