Lula mostra preocupação com os rumos da briga
na capital paulista
Fiador da pré-candidatura do ministro da Educação, Fernando
Haddad, à Prefeitura de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
mostra preocupação com os rumos da briga na capital paulista. Empenhado em
evitar a prévia para a escolha do candidato à sucessão do prefeito Gilberto
Kassab (futuro PSD), Lula tem dito, a portas fechadas, que o PT corre o risco
de perder novamente se não deixar o ringue nem tiver “maturidade” para se
unificar.
“Não é fácil ganhar a eleição em São Paulo. Espero que vocês
não se esfaqueiem, senão a gente perde”, afirmou Lula a três pré-candidatos, em
conversa na segunda-feira. Ele não quer prévia por avaliar que o desgaste desse
processo acaba deixando sequelas na campanha.
Só quem entendeu esse recado, porém, foi a senadora Marta
Suplicy. É senso comum no PT dizer que Lula é “como a Bíblia”, que cada um
interpreta como quer. “Ele me falou que não haverá dedaço”, afirmou o deputado
Jilmar Tatto. “Lula me disse que fará campanha para quem vencer a prévia com os
filiados”, insistiu o deputado Carlos Zarattini. Tatto e Zarattini foram
secretários de Marta quando ela era prefeita (2001-2004), mas hoje desafiam a
ex-chefe e se apresentam como pré-candidatos.
Na prática, Lula já articula a campanha de Haddad e um amplo
leque de alianças para apoiá-lo. Conversou com o deputado Gabriel Chalita
(PMDB-SP), na quinta-feira, e está à procura de um vice para Haddad, com perfil
semelhante ao de José Alencar. Político e empresário, Alencar ajudou a eleger
Lula em 2002, por diminuir o temor do mercado em relação a ele, e contribuiu
para aparar arestas na campanha do segundo mandato, em 2006.
O ex-presidente avalia que o casamento entre o PT e o PMDB
em São Paulo, logo no primeiro turno, conseguiria derrotar sem dificuldade o
PSDB do governador Geraldo Alckmin ou mesmo o candidato apoiado por Kassab. No
seu diagnóstico, em nenhum desses cenários o concorrente tucano será José
Serra. Apesar dos afagos na direção do PMDB, Lula sabe que não será fácil
atrair o partido do vice-presidente Michel Temer, que já monta a estrutura para
lançar Chalita.
O Estado de S. Paulo
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