que tirou a monarquia do poder, sem derramar uma gota de
sangue
Aos meus compatriotas
Os assaltantes imperialistas que querem usurpar a terra de
vocês, querem ver-me morto e já ofereceram um prêmio pela minha cabeça. Não
sabem que minha cabeça, minha alma e o martírio pertencem a Alá, o grande deus.
Mostrei ao mundo onde está o ninho da maldade.
Pensam vocês, meu irmãos, que o que acontece ao meu país
acontece por minha culpa? Não. Por isso lhes digo que defendam a liberdade de
vocês. Ganhamos essa batalha e outras ganharemos. Deus é grande. Vocês têm
casa, saúde e escola gratuitos.
Ajudei o Chifre da África e, aqui, nenhum imperialismo
imperou. Mas não fiz o bastante. Agora, vocês sofrem. Lutei muito para que,
agora, vocês percam tudo. Lutem, lutem, não descansem nem se acovardem.
Somos milhões no mundo que já vimos que as coisas são como
eu sempre disse que eram: imperialismo é igual a escravidão. Não nos
submeteremos. Meu legado há de servir também a outras nações. Não estou morto,
porque muitos ainda me querem vivo.
Estou com vocês nesses dias e nas noites escuras. Estamos
com Alá.
Meus irmãos, levem a guerra a cada rincão da opulência, da
vaidade, da vida lasciva. Não se deixem seduzir pelos dólares de sangue. Os
líbios são seres luminosos. Tenham todos a certeza de que vocês estão do lado
da grandeza.
Deixem passar o tempo. Há forças no interior de vocês.
Libertem-se dos demônios do mundo, vivam e deixem viver.
Todos sabem onde estou. Nos oásis mais belos de nosso país.
Não destruam a Líbia. Já sobrevivemos a seis meses de martírio e dor. Mas essa
é a terra de vocês. Não a vendam.
Minha alma está com vocês. Temos democracia participativa na
Líbia. O povo, para o povo. E por que dizem que não? Porque eu estou aqui. Uma
voz de revolução? Não. Nem pensam nisso. É tudo pelo petróleo.
Estou em Sirte, em Trípoli, em Benghazi...
O imperialismo está acabado. Irmãos da Revolução Verde, não
caiam na mentira capitalista. Para que algum império sobreviva hoje, precisa de
guerra eterna.
Vocês não veem que ainda estando eu vivo e combatendo essa
batalha infernal, eles já brigam entre eles, disputando o butim da nossa Líbia
amada?
Os dissidentes supõem que os colonialistas lhes darão o que
eu lhes dei? Pois esperemos, para ver.
Minha família e eu estamos bem, lutando pela verdade. Sofro,
apenas, por haver líbios matando líbios. Mas foi o que conseguiram os
sediciosos. Eu nunca lutei luta que não fosse por meus princípios, ajudando o
povo, o povo líbio e os povos africanos. E eles? O que têm a dizer? Nada! Todos
os capitalistas racistas são iguais. São aves de rapina!
Eles e seus slogans de caridade: Ajudem as crianças da
África? E que criança da África ganha deles alguma coisa? As doações vão para
banqueiros e multinacionais e para as empresas que eles criam para lucro deles.
Algum africano alguma vez foi beneficiado pelas empresas que eles criam? Não.
O Chifre da África sofre o que sofre por causa do
imperialismo. Sou líder e tenho o poder nas mãos. Vivo porque meu povo vive.
Por isso querem calar-me. Kadafi aqui, hoje e sempre.
Povos do mundo levantem-se e façam fugir esses meios-homens
que querem escravizar vocês.
Agora estou em Sirte. Nasci aqui. Sou filho humilde desse
deserto líbio que me viu nascer. Estou em Trípoli, em Benghazi e no mundo. E
daqui, falo. E os ianques, onde estão? O que têm a dizer?
Acaso a civilização e a cultura ianque querem pendurar-me
numa forca, como o líder do Iraque?
Pois se acontecer, que seja. O martírio honra quem mostra a
verdade ao mundo.
Muammar El-Gaddafi - 27 de agosto de 2011
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