Lula completou 66 anos esta semana: a metade deles
emprestando a voz rouca e grave à defesa da democracia e da justiça social no
seu país e no mundo. Avant la lettre, ele deu voz à ‘primavera árabe’
brasileira. Mesmo quando lhe faltaram microfones, nas assembléias históricas da
Vila Euclides, no ciclo das grandes greves do ABC paulista, nos anos 80, a voz
rouca e grave se propagou através de outras vozes para se fazer ouvir em todos
os cantos e lares mais humildes do vasto território nacional.
A economia e a sociedade que essa voz ajudou a construir
hoje falam por ele. E torcem por ele, na certeza de que ele ainda falará por
ela durante muito tempo, como líder político incontestável da grande frente
progressista que deu voz a um Brasil que nunca antes teve voz nem vez na
política e no poder.
Na campanha de 2002, num discurso emocionado, quando a
vitória ainda era incerta, Lula disse que se considerava uma obra coletiva do
povo brasileiro. E que assim persistiria , fosse qual fosse o resultado da
disputa. De fato. Lula se transformou no intérprete mais fiel das lutas e
sonhos da gente brasileira, a ponto de o seu nome ter se incorporado ao
vocabulário nacional (‘agora é Lula!’) como uma espécie de sinônimo do orgulho,
da resistência e do discernimento de uma população que, ao seu modo, nele se
enxergou como fonte de poder e de direitos .
Essa força tamanha não vai silenciar. Não apenas porque Lula
em breve voltará a expressá-la, mas porque em qualquer tempo, e em qualquer
lugar , sempre que interesses de uma elite anti-social e demofóbica ameaçarem
as conquistas e anseios dessa gente, haverá quem cante, assovie, murmure ou
mencione o refrão que enfeixa um punhado de significados e entendimentos, todos
eles porém imiscíveis com a prepotência e a humilhação que encontrou nesta voz
um contraponto de alteridade e hegemonia que as ruas dificilmente esquecerão:
‘olê, olê, olê, olá, Lula, Lula…’
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