Debate decisivo da eleição de 1989, que na prática elegeu
Fernando Collor, foi totalmente arrumado pela emissora. "Colocamos as
pastas todas ali com supostas denúncias contra Lula, mas estavam vazias",
revela o ex-chefão global
Em entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto, transmitida
pela Globo News, José Bonifácio Sobrinho, o Boni, dá detalhes da noite do
debate, cuja repercussão foi considerada fundamental para a vitória no segundo
turno de Collor de Mello, uma vez que antes do acontecimento os dois políticos
estavam em situação de empate técnico.
Boni admitiu que a emissora assumiu o lado de Fernando
Collor de Mello. Segundo ele, após ser procurado pela assessoria do
ex-presidente, o superintendente executivo da Globo, Miguel Pires Gonçalves,
pediu que ele palpitasse no evento. “Eu achei que a briga do Collor com o Lula
nos debates estava desigual, porque o Lula era o povo e o Collor era a
autoridade”, contou. “Então nós conseguimos tirar a gravata do Collor, botar um
pouco de suor com uma 'glicerinazinha' e colocamos as pastas todas que estavam
ali com supostas denúncias contra o Lula – mas as pastas estavam inteiramente
vazias ou com papéis em branco”, disse Boni. “Todo aquele debate foi
[produzido] – não o conteúdo, o conteúdo era do Collor mesmo -, mas a parte
formal nós é que fizemos”.
Ao contar algo que todos já sabiam, fazendo questão de
acrescentar detalhes picantes, para ter mais repercussão - trechos de sua
entrevista já foram replicados por diversos veículos e portais de comunicação -
o ex-chefão da Globo conseguiu protagonizar um dos maiores eventos literários
do ano.
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