FHC ficou incomodado quando questionado sobre o livro de
Amaury Ribeiro Jr., Privataria Tucana
Em mais uma tentativa da mídia em “relançá-lo no mercado”,
Fernando Henrique foi o entrevistado desta sexta-feira (9) na sabatina
promovida pelo site UOL. Essa é a enésima vez que o ex-presidente aparece nos
meios de comunicação desde o início de 2011. Com a desculpa dos seus 80 anos
completados, uma ação ordenada foi deflagrada para talvez reverter um pouco da
sua alta rejeição, que o faz ser escondido até nas campanhas tucanas.
No início da entrevista, Irineu Machado, gerente geral de
Notícias do UOL e um dos sabatinadores, justificou a presença de Fernando
Henrique pelo lançamento de seu mais recente livro, A Soma e o Resto: Um Olhar
Sobre a Vida aos 80 Anos.
Foi uma entrevista sem novidades, vazia. Na prática,
comprovou que o PSDB, assim como o resto da oposição ao governo federal, não
tem programa, nem projeto para a nação. O tucano chegou a ensaiar um mea-culpa,
“já é repetitivo dizer que o PSDB está se reconstruindo”.
FHC evitou grandes polêmicas, principalmente em relação aos
governos Lula e Dilma. Com o ex-presidente petista, quis forçar uma
proximidade, numa tentativa de aproveitar da aprovação e carinho que Lula nutre
no povo brasileiro.
“Certamente nós dois [ele e Lula] ficamos mais tempo
governando, marcamos presença e marcamos a história contemporânea do Brasil”,
disse, para afirmar que tem uma “relação antiga e pessoal como preza a
civilidade” e que se iniciou em 1973. Orgulhoso, fez questão que citar que Lula
chegou o apoiá-lo em uma eleição em São Paulo.
Nepotismo
Apesar da demagogia, admitiu que não apoiou a queda de Lula
na crise de 2005, “período da crise do mensalão”, porque ficaria a marca que
foi uma ação das elites contra o presidente operário, guardando semelhanças com
o que ficou para a história com o suicídio de Getúlio Vargas.
Mesmo poupando Lula e também Dilma, com quem diz ter uma
ralação “civilizada”, criticou o Partido dos Trabalhadores. “Há uma diferença
grande entre os partidos. O PT deturpa o Estado. As agências [reguladoras] são
ocupadas por partidos”.
O tucano só não citou que no seu período na presidência, as
agências eram ocupadas na base do nepotismo, como no caso da Agência Nacional
do Petróleo (ANP), que era presidida pelo seu genro David Zylbersztajn,
burocrata que tentou privatizar a Petrobrás.
Privataria Tucana
Buscando ser cordial, o tucano perdeu a compostura com a
entrevistadora Mônica Bergamo a partir do momento que ela o questionou sobre o
livro de Amaury Ribeiro Jr., Privataria Tucana, que chega esse final de semana
nas livrarias.
A jornalista perguntou se ele colocaria as mãos no fogo pelo
ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sergio, que foi seu tesoureiro de
campanha e no livro é apontado como o articulador do esquema de desvios nas
privatizações. FHC se limitou a dizer que o "autor [Amaury Ribeiro Jr.]
está sendo processado por suas acusações e que prefere esperar as
investigações”. Mesmo assim, defendeu Ricardo Sérgio. Pelo conteúdo que está no
livro, com certeza vai queimar suas lisas mãos.
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