Apesar da repercussão, o caso não foi investigado pela
Corregedoria da Polícia Civil. Dez dias após o incidente, o juiz foi promovido
a desembargador pelo TJ
O delegado Frederico Costa Miguel, 31, foi exonerado da
Polícia Civil de São Paulo. A exoneração, assinada pelo governador Geraldo
Alckmin (PSDB), foi publicada ontem (27) no "Diário Oficial".
Há 80 dias, Miguel acusou Francisco Orlando de Souza,
magistrado do Tribunal de Justiça, de dirigir sem habilitação, embriaguez ao
volante, desacato, desobediência, ameaça, difamação e injúria.
O governo nega qualquer relação entre a exoneração do
delegado e o incidente.
Souza discutiu no trânsito com um motorista e ambos pararam
no 1º DP de São Bernardo do Campo (ABC Paulista) para brigar, mas foram
impedidos pelo então delegado.
Apesar da repercussão, o caso não foi investigado pela
Corregedoria da Polícia Civil. Dez dias após o incidente, o juiz foi promovido
a desembargador pelo TJ.
Por conta do caso, o presidente do TJ paulista, José Roberto
Bedran, pediu para a Secretaria da Segurança Pública criar a função de
"delegado especial" para cuidar de casos envolvendo juízes. O pedido
não foi atendido.
"Estou surpreso com a exoneração. Não sei os motivos da
decisão do governador e não tive direito de defesa", disse o ex-delegado.
Segundo o ato, Miguel foi exonerado por não ser aprovado no
estágio probatório de três anos. Ele chegaria ao fim dessa fase em 30 de
janeiro.
Desde 2008, quando entrou na polícia, Miguel foi alvo de
três apurações na Corregedoria. Em todas, ele obteve pareceres favoráveis.
Miguel era plantonista quando apartou a briga, em outubro.
Segundo o delegado, o juiz gritou várias vezes: "Você não grita assim
comigo, não! Eu sou um juiz!".
O desembargador afirmou ontem que não sabia da exoneração e
que "tudo não passou de um mal-entendido".
Souza disse ainda ser alvo de apuração na Corregedoria do
TJ. A assessoria do órgão disse não ter acesso aos documentos da investigação
"porque ela é sigilosa e por conta do recesso do Judiciário".
.
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