Os senadores Vital do Rêgo (PMDB-PB) e Odair Cunha (PT-MG)
fizeram oficialmente o pedido para que o procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, explicasse as investigações contra o bicheiro Carlinhos Cachoeira na
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, a CPI do Cachoeira. Gurgel, no
entanto, rejeitou o convite.
A recusa de Gurgel já era esperada, e tem uma razão técnica.
Se fosse à CPI, Gurgel seria considerado como testemunha no processo. No
entanto, ele atua no caso como investigador. Como a lei não permite que uma
pessoa seja ao mesmo tempo investigador e testemunha de um processo, Gurgel
poderia comprometer os trabalhos da procudoria-geral caso aceitasse o convite.
Em nota divulgada nesta quarta-feira, Gurgel também
aproveitou para rebater as críticas de que demorou muito para encaminhar o
processo contra Cachoeira ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o jornal
Folha de S. Paulo, o procurador-geral explicou que as investigações da operação
Las Vegas, de 2009, não foram suficientes para levar o caso ao Supremo, e que
só pode fazer isso após receber da Justiça de Goiás o material da Operação
Monte Carlo.
De acordo com a Procuradoria, Gurgel explicou ao comando da
CPI que demorou a encaminhar material ao Supremo Tribunal Federal porque só
recebeu da Justiça Federal de Goiás, em 9 de março de 2012, material da
Operação Monte Carlo, que envolve o empresário de jogos ilegais Carlos
Cachoeira, e pessoas com prerrogativas de foro privilegiado, como o senador
Demóstenes Torres (sem partido-GO).
A explicação rebate acusações de parlamentares de que o
procurador teria sido negligente com o caso. “Este material, agora sim, reunia
indícios suficientes relacionados a pessoas com prerrogativa de foro e, assim,
menos de 20 dias depois, em 27 de março, o procurador-geral da República
requereu a instauração de inquérito no STF, anexando tudo o que recebeu nas
duas oportunidades.”
A CPI recebeu nesta quarta-feira (2), do STF, cópia do
inquérito de investigação de Carlinhos Cacheoria, um documento de mais de 15
mil páginas, em 40 volumes. A comissão deve começar a analisar os pedidos de
convocação de depoentes, um total de 115 requerimentos cobrando a convocação de
pessoas centrais no inquérito, como o próprio Cachoeira e ex-integrantes da
construtora Delta.
Bruno Calixto
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