sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A NATUREZA DANDO SUA RESPOSTA AOS HOMENS DE MÁ VONTADE

Tornado atinge o Estado do Rio pela primeira vez


RIO - Depois de sofrer com uma enxurrada catastrófica na Região Serrana na semana passada, o Estado do Rio registrou pela primeira vez um tornado. O fenômeno — uma das forças mais violentas da natureza — foi observado na Baixada Fluminense e em parte da Zona Oeste, no fim da tarde da quarta-feira. O tornado causou danos em casas, arrancou árvores, deixou moradores apavorados e especialistas incrédulos e, depois, assombrados. O professor do Departamento de Meteorologia da UFRJ Isimar de Azevedo Santos disse que ficou surpreso ao ver as imagens do tornado:
— É o primeiro tornado do Rio. Ele deve ter tocado o solo por segundos e tido pouca intensidade. Ainda assim, é espantoso. Nunca pensei que veria uma coisa dessas no Rio.


O Rio já registrou trombas d’água. Estas se formam sobre a água e já foram vistas em Ipanema e Barra da Tijuca, por exemplo. Mas, segundo Santos, nunca um tornado verdadeiro, que se forma numa gigantesca nuvem de tempestade chamada supercélula e pode ser destrutivo no solo. Tornados já foram registrados em estados do Sul e São Paulo. Mas a geografia acidentada do Rio não favorece a formação desse tipo de fenômeno.
— As fotos mostram esse tornado bordejando os morros. É impressionante, tornados costumam ocorrer em regiões mais planas. Não faço ideia do que causou esse fenômeno e se outro vai surgir — destaca o meteorologista, cujo grupo concluiu recentemente uma pesquisa sobre o impacto de tornados sobre redes de transmissão de energia no Paraná.

Especialista: impossível saber a velocidade do vento
Ele explica que o tornado fluminense não tem ligação com a tragédia da Serra. Os dois eventos foram causados por tempestades distintas. No entanto, ele não descarta que ambos podem estar relacionados ao aquecimento global.
Segundo ele, é impossível saber a velocidade do vento nesse tornado porque para isso seria preciso usar equipamentos específicos. Tornados são classificados pela destruição que causam. O de Nova Iguaçu foi pequeno. O fenômeno pode ter ocorrido em decorrência do aquecimento e da umidade do ar. Anteontem, foi o dia mais quente do ano, com 38,9 graus registrados na Saúde, e 38,2 graus, em Santa Cruz.
— Foi uma sorte porque, provavelmente, ele só tocou o solo por poucos segundos. Esses fenômenos podem ser arrasadores — frisou ele.
Nova Iguaçu, Belford Roxo, Seropédica e Bangu estão entre as regiões de onde se podia ver o fenômeno. Em Nova Iguaçu, o vento arrebentou a fiação elétrica, derrubou árvores, deixou casas destruídas, destelhadas e provocou a queda de muros e paredes. A Defesa Civil do município não havia fechado o número de moradores desalojados e nem um levantamento detalhado da destruição. Segundo a prefeitura de Nova Iguaçu, ninguém morreu ou ficou ferido gravemente. Os locais mais atingidos foram Jardim Paraíso, Jardim Guandu, Lagoinha e Parque São José, que ficaram sem luz por mais de 20 horas.
— Estamos fazendo o levantamento para avaliar os prejuízos. Recebemos mais de 30 chamados — disse o coronel Acácio Perez, coordenador da Defesa Civil de Nova Iguaçu.
O tornado que passou por Nova Iguaçu provocou muita destruição na cidade. Na Rua Flor de Maio, no bairro Lagoinha, há muitos moradores que tiveram suas casas destelhadas pela ventania. As instalações elétricas foram arrebentadas e árvores, derrubadas. Algumas casas estão sem energia elétrica desde 18h de quarta-feira.
A casa de Camila Silva de Oliveira teve três cômodos levados pela ventania. Ela, a mãe, o pai e um bebê de apenas de um mês se refugiaram no banheiro, onde ficaram trancados até o tornado passar.
- Engoli muita terra, foi um barulho horroroso, os olhos da minha sobrinha ficaram cobertos de areia. Foi assustador. Chegou a retorcer o ferro da janela. Minha máquina de lavar foi parar a cerca de 50 metros. Foi muito rápido, o vento passou e foi arrastando tudo pela frente.

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