quarta-feira, 13 de abril de 2011

Bolsonaro nega racismo em defesa na Câmara, mas admite homofobia



Deputado entregou defesa de acusações na Câmara e cita até José Dirceu
Agência CâmaraAgência Câmara
Deputado federal Jair Bolsonaro (esq.) apresentou sua defesa à corregedoria da
Câmara nesta quarta-feira
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) entregou nesta quarta-feira (13) sua defesa contra as acusações de racismo e homofobia que enfrenta na Câmara. Numa peça de 13 páginas, ele alega que entendeu de forma errada a pergunta feita pela cantora Preta Gil durante o programa CQC, da TV Bandeirantes, sobre como reagiria se seu filho namorasse uma mulher negra. No programa, ele respondeu que seus filhos não foram criados num ambiente de promiscuidade. Depois da acusação, disse que pensou que a pergunta era sobre casais gays.
- Eu sou casado com uma afrodescendente. Meu filho, por ser maior de idade, poderia namorar qualquer pessoa, do sexo feminino, e desde que não tivesse o comportamento da senhora Preta Gil, conforme está no blog dela e em CDs, que são coisas que não posso falar em público em nome dos bons costumes.

Em sua defesa, o deputado cita até o desafeto José Dirceu, ex-deputado cassado após o escândalo do mensalão, em 2005. Bolsonaro irá relembrar uma “pegadinha” que um jornal fez com vários deputados no início dos anos 90, recolhendo assinaturas para um projeto que reinstituía a escravidão e tornava o Brasil colônia de Portugal. Dezenas assinaram sem ler.
O deputado preferiu não divulgar o documento, dizendo que iria seguir determinação da Corregedoria de manter o processo em segredo. A partir da entrega, o corregedor, Eduardo da Fonte (PP-PE) terá até 180 dias para se posicionar e enviar, ou não, o caso ao Conselho de Ética, colegiado de deputados com poder para punir o colega com advertências ou até perda de mandato.
Sobre as chances de ser punido, Bolsonaro disse que não fez mal a ninguém e pediu uma entrevista ao vivo no CQC para se explicar.
- Eu não fiz nada contra a Câmara, contra qualquer parlamentar. Foi uma resposta dada a uma pergunta enviesada do CQC, e acho que eles devem uma explicação.
O deputado aproveitou a repercussão do caso para criticar projetos do governo que promovem a discussão da homossexualidade nas escolas, chamando a iniciativa de “kit gay”. Também criticou propostas do Congresso que criminalizam agressões contra homossexuais. Questionado se admitia que fosse homofóbico, Bolsonaro relativizou.
- Se for a defesa da nossa garotada nas escolas ser um ato considerado homofóbico, aí eu sou homofóbico. Se defender a família, os bons costumes e a religião for homofóbico, então podem continuar me chamando de homofóbico.

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