quinta-feira, 30 de junho de 2011

Debate sobre violência no campo aponta importância de federalização de crimes


Em audiência pública que debateu o recrudescimento da violência no campo, promovida pelas comissões de Direitos Humanos e de Constituição e Justiça da Câmara, o deputado Luiz Couto (PT-PB) reiterou a importância da federalização de crimes praticados no campo e, também, os praticados contra defensores dos direitos humanos. Segundo o parlamentar, esses crimes precisam deixar de ser investigados pelo poder público local porque, em muitos casos, as autoridades acobertam ou são coniventes com a situação. O debate contou com a presença de dezenas de representantes de entidades da sociedade civil.

"É importante combater a violência contra ativistas dos direitos humanos, tanto no campo quanto na cidade, para que isso não se transforme em uma epidemia. Para conter esse aumento é necessário passar as investigações desse tipo de crime para a esfera federal, porque o problema da resolução não é nem tanto do judiciário, mas sim do poder público, como polícia civil, militar, peritos, que, em várias localidades, produzem inquéritos malfeitos e muitas vezes dirigidos para acobertar os autores e mandantes de crimes", denunciou.

Autor do requerimentoda audiência, que Couto defendeu ainda que os estados sejam obrigados a oferecer proteção aos líderes camponeses ameaçados de morte. Segundo o deputado, isso deve ocorrer porque na maioria dos casos, quando ocorrem assassinatos por falta de proteção aos ameaçados, apesar da omissão dos estados, é a União que acaba sendo condenada por instituições internacionais de defesa dos direitos humanos.

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), destacou a importância do debate do tema no parlamento. "A Câmara discutiu recentemente o crescimento da violência do campo e é importante essa audiência pois apesar dos avanços verificados no processo de reforma agraria nos últimos anos, a violência tem aumentado, e o Congresso precisa contribuir para resolver essa situação", defendeu.

Já o Ouvidor Agrário Nacional, Desembargador Gercino Silva, ressaltou as várias ações tomadas pelo governo federal para combater a violência no campo. "O governo tem tomado medidas para combater a violência como a implementação do Programa Terra Legal, que regulariza áreas na Amazônia Legal; o incremento da fiscalização contra a extração ilegal de madeira, e a retomada de áreas públicas ocupadas irregularmente", apontou. O Ouvidor também destacou o trabalho do Conselho Nacional de Justiça, que tem criado mutirões para julgar processos criminais no setor rural.

Na área dos Diretos Humanos, representando a titular da pasta, ministra Maria do Rosário, o Secretario Executivo do ministério, Ramaís Silveira, afirmou que o Brasil é o único país no mundo que tem um programa específico de proteção aos ativistas do setor. "O Programa Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos atende 150 pessoas em todo o país, sendo que muitas delas estão ameaçadas por conflitos no campo. Esse é o único projeto no mundo que é especificamente voltado a proteção de pessoas ameaçadas, estimulando-as a continuarem vivendo em suas comunidades", explicou.

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