Ajuste da letra Na
esteira da saída do ministro Antonio Palocci (Casa Civil), a presidente Dilma
Rousseff também decidiu substituir o ministro Luiz Sérgio (Relações
Institucionais). Embora a função seja fazer a interlocução com o Congresso, era
Palocci o principal interlocutor do governo com os parlamentares.
Na Casa Civil, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), 45,
aceitou o convite do governo e irá substituir Palocci. Mulher do ministro Paulo
Bernardo (Comunicações), Hoffmann foi eleita para o Senado pela primeira vez no
ano passado.
A crise que levou à saída de Palocci teve início no dia 15
de maio, após a Folha revelar que o ministro multiplicou seu patrimônio por 20
entre 2006 e 2010.
A Projeto, empresa aberta por ele em 2006 --quando o
ministro afirmou ter patrimônio de R$ 356 mil-- comprou, em 2009 e 2010,
imóveis em região nobre de São Paulo no valor total de R$ 7,5 milhões. A Folha
também mostrou que o faturamento da empresa foi de R$ 20 milhões em 2010,
quando ele era deputado federal e atuou como principal coordenador da campanha
de Dilma à Presidência da República.
Em entrevista exclusiva à Folha, Palocci afirmou que não
revelou sua lista de clientes a Dilma, atribuiu as acusações a ele a uma
"luta política" e disse que ninguém provou qualquer irregularidade na
sua atuação com a consultoria Projeto.
Em nenhum momento o agora ex-ministro revelou a lista de
clientes de sua consultoria e alegou "cláusula de confidencialidade"
para não divulgar para quem ele trabalhou enquanto exerceu simultaneamente as
funções de deputado e consultor.
PROCURADORIA
Instado a se manifestar sobre o caso pela oposição, que
apresentou denúncia contra Palocci, o procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, decidiu arquivar todas as representações que pediam abertura de
inquérito relacionadas ao fato de o patrimônio do ministro ter aumentado pelo
menos 20 vezes de 2006 para 2010.
Ele entendeu que não existem indícios concretos da prática
de crime nem justa causa para investigar o caso.
Em um documento de 37 páginas, Gurgel afirmou que a
legislação penal "não tipifica como crime a incompatibilidade entre o
patrimônio e a renda declarada".
Segundo o procurador, os partidos de oposição que propuseram
as representações não apresentaram documentos que demonstrem a prática de crime.
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