Ze Dirceu |
Nada mais ilustrativo da total ausência de projetos,
propostas e alternativas por parte da oposição do que o clima com feições
udenistas que se tenta criar com o beneplácito e a estridência de setores da
grande mídia.
O momento requer um recado claro em alto e bom som a essas
forças do atraso: o Brasil seguirá sua rota de desenvolvimento sustentável com
crescimento econômico e distribuição de renda.
O movimento inicial da parceria oposição-mídia se deu nos
primeiros meses do governo Dilma Rousseff, quando a tentativa foi de cooptar e
mudar as políticas com pressões para a administração mudar o modelo econômico.
O objetivo era fazer Dilma abandonar o ex-presidente Lula e
o PT, algo que realmente só faz sentido para quem desconhece a relação profunda
entre os dois governos, os dois presidentes, o PT e os demais partidos da base
aliada.
Sem conseguir êxito, a ação passou a ser o velho recurso do
denuncismo desenfreado, para tentar criar um clima de “mar de lama”. Nesse
contexto, a oposição deixa de lado de debater as principais questões políticas
e econômicas do país, com as quais poderia contribuir com papel importante.
Aliás, são essas questões que preocupam os brasileiros.
O país pede um debate sério e comprometido sobre como
superar adequadamente a crise internacional que ainda assola a Europa e os EUA
e pode trazer novas ondas negativas à economia mundial.
O que se quer é refletir sobre as conquistas que o governo
conseguiu no enfrentamento da primeira onda da crise e buscar as melhores
maneiras de nos proteger e fazer valer nossos interesses nacionais.
O problema é que fazer isso pressupõe primeiro o
reconhecimento das ações positivas que o governo já tomou, como os
extraordinários investimentos públicos e privados na infraestrutura do país. Em
seguida, pressupõe apresentar alternativas, o que a oposição não tem.
Resta, assim, o denuncismo, não importando se há comprovação
ou não das acusações. Sem o reconhecimento de que o país está preparado hoje
para investigar, fiscalizar e punir, pois possui órgãos de controle e
fiscalização do Estado —que, inclusive, são a origem da maioria das denúncias.
As instituições democráticas nunca tiveram tanta
independência e autonomia como hoje — para se ter uma ideia, nos governos
tucanos, o procurador-geral da República ganhou a alcunha de “engavetador-geral
da República”.
Ora, o objetivo dos que transformam de novo a questão ética
e moral em principal campo de batalha não é a luta contra a corrupção, mas sim
golpear o governo Dilma e o PT.
São práticas usadas pela UDN (União Democrática Nacional),
existente no país de 1945 a 1965, o mais reacionário e golpista dos partidos na
história brasileira. A ação udenista consistia em adotar o denuncismo
desenfreado, ainda que sem fundamento, para propagar um falso “mar de lama” e
desestabilizar os governos.
Foi assim com Getúlio Vargas, que acabou se suicidando em
1954; foi assim com as conspirações e difusão do medo do comunismo que levaram
à derrubada do regime democrático em 1964 e a instalação de 20 anos de governo
militar autoritário.
Enquanto oposição e grande mídia jogarem esse jogo, não
haverá espaço verdadeiro nesses canais para debatermos a reforma política, a
reforma tributária, as melhorias em Educação, os avanços na Saúde, as políticas
para a juventude, o equilíbrio cambial e as medidas de fortalecimento da
indústria, desenvolvimento tecnológico e inovação.
As forças que apoiam o governo Dilma precisam estar atentas
a essas práticas nocivas ao ambiente político profícuo. É preciso difundir o
que o governo tem feito via canais democráticos de discussão e transmissão de
informações, como a blogosfera.
A opção da oposição pelo udenismo é uma tentativa de nos
empurrar uma agenda que não interessa ao país e à sociedade. Cabe a nós
intensificar nossa ação política para levar adiante a agenda comprometida com a
melhoria do país.
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