segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Amorim evita atritos, mas ainda não sabe como resolver problemas da Defesa


Novo ministro já se mostrou favorável a aviões que militares não querem

O ministro Celso Amorim, da Defesa, voltou a rebater as críticas de que sua indicação para o cargo careceria de preparo para lidar com questões militares. Nesta segunda-feira (8), utilizando trecho do discurso da presidente Dilma Rousseff em seu próprio benefício, Amorim disse que é um homem de Estado.

- Tudo o que eu falar pode parecer elogio da própria boca. A presidente disse que nossa ideologia é o Brasil, a nossa ideologia é a pátria. Acho que nisso estamos juntos.

País pacífico não é país desarmado, diz Amorim

Amorim também negou que o fato de ser diplomata seja um entrave para a relação com as Forças Armadas. Segundo o ministro, ele pediu aposentadoria do Ministério das Relações Exteriores quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorreu à reeleição.

- Pedi aposentadoria do Itamaraty há quase cinco anos. Para evitar a mistura e evitar pensarem que eu estava fazendo algo em meu interesse, eu me aposentei cinco ou seis anos antes disso ser necessário pela lei, que só seria no ano que vem.

Problemas

O novo ministro da Defesa evitou comentar profundamente questões polêmicas da pasta, como o reaparelhamento das Forças Armadas e a participação do Brasil em missões da ONU (Organização das Nações Unidas).

Sobre o primeiro item, Amorim afirmou que ainda precisa conversar com os comandantes das Forças, principalmente a Aeronáutica, cujo processo para aquisição de 36 caças ao valor de até R$ 25 bilhões foi suspenso ainda durante o governo Lula.

- É evidente que é necessário aparelhar a Aeronáutica brasileira e os caças entram nesse contexto. Mas eu não tive oportunidade de discutir isso nem com a presidente e nem com os comandos [militares]. Dei minha opinião na época, mas faz dois anos.

Em janeiro de 2010, durante viagem a Genebra como ministro das Relações Exteriores, Amorim declarou que a escolha dos caças não seria uma "decisão meramente militar", mas sim política. Assim como Lula, Amorim sempre manifestou preferência a um acordo com os franceses da Dassault, que vendem o caça Rafale. Os militares, que têm preferência pelo Gripen, da sueca Saab, não gostaram.

Sobre a força de paz da ONU no Haiti, liderada pelo Brasil, o ministro declarou que ainda não há previsão para a retirada dos brasileiros do país caribenho. Segundo Amorim, "não pode haver nem permanência para sempre e nem retirada irresponsável".

- Graças, em grande parte, ao Brasil a operação de paz é um exemplo, pelo fato de ter tido um componente humanitário, de desenvolvimento econômico-social. Então temos dois desafios: um é garantir que a saída seja feita de maneira responsável e pensada e, em segundo, garantir que a cooperação econômica e social continue.

Dinheiro

Para tudo isso, Celso Amorim sabe que precisará de dinheiro. Mas, assim como os outros assuntos referentes à pasta, o novo ministro preferiu recorrer à diplomacia e não respondeu precisamente sobre como pretende conseguir recursos que sustentem os planos ambiciosos do Ministério da Defesa.

- Eu não posso vender uma mercadoria que não tenho, mas vou me empenhar muito. Evidente que não se pode fazer as Forças Armadas eficientes sem recursos. Em primeiro, recursos humanos, soldados bem alimentados e bem de vida, razoavelmente. Em segundo, equipamentos. Não há como ter uma dissuasão eficaz no mundo de hoje sem equipamentos. A presidente está consciente, de modo que vamos travar as batalhas que fazem parte da vida democrática. Vamos conseguir aos poucos o que precisamos.

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