Novo ministro já se mostrou favorável a aviões que militares
não querem
O ministro Celso Amorim, da Defesa, voltou a rebater as
críticas de que sua indicação para o cargo careceria de preparo para lidar com
questões militares. Nesta segunda-feira (8), utilizando trecho do discurso da
presidente Dilma Rousseff em seu próprio benefício, Amorim disse que é um homem
de Estado.
- Tudo o que eu falar pode parecer elogio da própria boca. A
presidente disse que nossa ideologia é o Brasil, a nossa ideologia é a pátria.
Acho que nisso estamos juntos.
País pacífico não é país desarmado, diz Amorim
Amorim também negou que o fato de ser diplomata seja um
entrave para a relação com as Forças Armadas. Segundo o ministro, ele pediu
aposentadoria do Ministério das Relações Exteriores quando o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva concorreu à reeleição.
- Pedi aposentadoria do Itamaraty há quase cinco anos. Para
evitar a mistura e evitar pensarem que eu estava fazendo algo em meu interesse,
eu me aposentei cinco ou seis anos antes disso ser necessário pela lei, que só
seria no ano que vem.
Problemas
O novo ministro da Defesa evitou comentar profundamente
questões polêmicas da pasta, como o reaparelhamento das Forças Armadas e a
participação do Brasil em missões da ONU (Organização das Nações Unidas).
Sobre o primeiro item, Amorim afirmou que ainda precisa
conversar com os comandantes das Forças, principalmente a Aeronáutica, cujo
processo para aquisição de 36 caças ao valor de até R$ 25 bilhões foi suspenso
ainda durante o governo Lula.
- É evidente que é necessário aparelhar a Aeronáutica
brasileira e os caças entram nesse contexto. Mas eu não tive oportunidade de
discutir isso nem com a presidente e nem com os comandos [militares]. Dei minha
opinião na época, mas faz dois anos.
Em janeiro de 2010, durante viagem a Genebra como ministro
das Relações Exteriores, Amorim declarou que a escolha dos caças não seria uma
"decisão meramente militar", mas sim política. Assim como Lula,
Amorim sempre manifestou preferência a um acordo com os franceses da Dassault,
que vendem o caça Rafale. Os militares, que têm preferência pelo Gripen, da
sueca Saab, não gostaram.
Sobre a força de paz da ONU no Haiti, liderada pelo Brasil,
o ministro declarou que ainda não há previsão para a retirada dos brasileiros
do país caribenho. Segundo Amorim, "não pode haver nem permanência para
sempre e nem retirada irresponsável".
- Graças, em grande parte, ao Brasil a operação de paz é um
exemplo, pelo fato de ter tido um componente humanitário, de desenvolvimento
econômico-social. Então temos dois desafios: um é garantir que a saída seja
feita de maneira responsável e pensada e, em segundo, garantir que a cooperação
econômica e social continue.
Dinheiro
Para tudo isso, Celso Amorim sabe que precisará de dinheiro.
Mas, assim como os outros assuntos referentes à pasta, o novo ministro preferiu
recorrer à diplomacia e não respondeu precisamente sobre como pretende
conseguir recursos que sustentem os planos ambiciosos do Ministério da Defesa.
- Eu não posso vender uma mercadoria que não tenho, mas vou
me empenhar muito. Evidente que não se pode fazer as Forças Armadas eficientes
sem recursos. Em primeiro, recursos humanos, soldados bem alimentados e bem de
vida, razoavelmente. Em segundo, equipamentos. Não há como ter uma dissuasão eficaz
no mundo de hoje sem equipamentos. A presidente está consciente, de modo que
vamos travar as batalhas que fazem parte da vida democrática. Vamos conseguir
aos poucos o que precisamos.
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