"Ao divulgar a defesa da prática do assassinato como
meio de fazer política, a Rede Globo dá as mãos ao fundamentalismo – não
importa se de natureza religiosa ou ideológica – e abre um precedente muito
perigoso no Brasil", diz petição.
Caio Blinder (dir.) e Diogo Mainardi (esq.) defenderam
assassinato publicamente
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Um grupo de jornalistas, professores e estudantes decidiu
criar um abaixo-assinado 'contra a defesa explícita da prática de assassinatos
como meio de fazer política, perpetrada por comentaristas da Rede Globo'. No
dia 15 de janeiro deste ano, o jornalista Caio Blinder defendeu abertamente no
programa Manhattan Conection o assassinato de cientistas iranianos como um meio
válido de fazer política.
O comentário foi apoiado por Diogo Mainardi, outro
comentarista da Globo. A petição que está circulando na interne afirma:
Srs. Diretores da Rede Globo
Causa profunda surpresa, indignação e perplexidade assistir
a um programa de vossa emissora em que jornalistas, comentaristas e palpiteiros
assumam a defesa explícita da prática de assassinatos como meio válido de fazer
política.
Isso foi feito abertamente, no dia 15.01.2012, por Diogo
Mainardi e Caio Blinder, ambos empregados da Rede Globo (o trecho em questão
pode ser acessado pelo link:
http://www.youtube.com/watch?v=kH3oThn1l7g&feature=youtu.be
Depois de fazer brincadeiras de gosto muito duvidoso sobre a
sua suposta condição de agente do Mossad (serviço secreto israelense), Caio
Blinder alegou que os cientistas que trabalham no programa nuclear iraniano são
empregados de um “estado terrorista”, que “viola as resoluções da ONU” e que
por isso o seu assassinato não constituiria um ato terrorista, mas sim um ato
legítimo de defesa contra o terrorismo. Trata-se, é óbvio, de uma lógica
primária e rudimentar, com a qual Mainardi concordou integralmente.
Parece não ocorrer a ambos o fato de que o Estado de Israel
é liderança mundial quando se trata em violar as resoluções da ONU, e que é
acusado de prática de terrorismo pela imensa maioria dos países-membros da
entidade. Será que Caio Blinder defende, então, o assassinato seletivo de
cientistas que trabalham no programa nuclear israelense (jamais oficializado,
jamais reconhecido mas amplamente conhecido e documentado)?
Ambos, Caio Blinder e Diogo Mainardi - se associam ao
evangelista fundamentalista estadunidense Pat Robertson, que, em abril de 2005,
defendeu em rede nacional de televisão, com “argumentos” semelhantes, o
assassinato do presidente venezuelano Hugo Chávez, provocando comentários
constrangidos da Casa Branca.
Ao divulgar a defesa da prática do assassinato como meio de
fazer política, a Rede Globo dá as mãos ao fundamentalismo – não importa se de
natureza religiosa ou ideológica – e abre um precedente muito perigoso no
Brasil. Isso é inaceitável.
Atenção: não defendemos, aqui, qualquer tipo de censura, nem
queremos restringir a liberdade de expressão. Não se trata de desqualificar
ideias ou conceitos explicitados por vossos funcionários. O que está em
discussão não são apenas ideias. Não são as opiniões de quem quer que seja
sobre o programa nuclear iraniano (ou israelense, ou estadunidense...), mas sim
o direito que tem uma emissora de levar ao ar a defesa da prática do
assassinato, ainda mais feita por articulistas marcadamente preconceituosos e
racistas. Em abril de 2011, o mesmo Caio Blinder qualificou como “piranha” a
rainha Rania da Jordânia, estendendo por meio dela o insulto às mulheres
islâmicas. Mainardi é pródigo em insultos, não apenas contra o Islã mas também
contra o povo brasileiro.
Se uma emissora do porte da Globo dá abrigo a tais absurdos,
mais tarde não poderá se lamentar quando outros começarem a defender, entre
outras coisas, a legitimidade de se plantar bombas contra instalações de vossa
emissora por quaisquer motivos, reais ou imaginários – por exemplo, como forma
de represália pelas íntimas relações mantidas com a ditadura militar no passado
recente, pela prática de ataques racistas contra o Islã e o mundo árabe, ou
ainda pelos ataques contumazes aos movimentos sociais brasileiros e
latino-americanos.
Manifestações como essas de Caio Blinder e Diogo Mainardi
ferem as normas mais elementares da convivência civilizada. Esperamos que a
Rede Globo se retrate publicamente, para dizer o mínimo, tomando distância de
mais essa demonstração racista de barbárie.
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