Profissionais da imprensa são buchas de canhão?
A
disputa pela audiência dos programas radiofônicos, principalmente no
horário do almoço, está servindo de pano de fundo para esconder, de
certa forma, o que realmente vem acontecendo nos bastidores dos
veículos de comunicação da Paraíba, em particular os que estão sediados
em João Pessoa: O poder pelo poder. Logo que acabou a eleição o
discurso de alguns dirigentes de emissoras de rádio e também de
televisão, mudou radicalmente e eles começaram a disputar a peso de
ouro aqueles determinados profissionais que “vestiram a camisa” e
passionalmente defenderam o vencedor da batalha eleitoral. Por
outro lado, os que “vestiram a camisa” das empresas, pensando que eram
intocáveis e que estavam fazendo um trabalho digno e profissional, “um
jornalismo com ética e paixão”, acabaram sendo preteridos e descartados
como objetos obsoletos. Mas por trás de toda essa disputa, o que
realmente existe é a tentativa de conquistar uma fatia maior do bolo
comercial do governo que se instala. Não é de hoje que isso acontece,
mas nesses últimos anos a disputa pela verba governamental extrapolou
todas as previsões de quem ao menos tem bom senso. A dança das
cadeiras na radiofonia paraibana nada mais é do que o interesse dos
dirigentes de abocanhar a verba da prefeitura e do governo do Estado.
Tanto é assim que tem porta-voz do poder que se acha no direito de
“pedir a cabeça” de profissionais que não se curvam aos caprichos dos
mais poderosos. Profissional da imprensa é para noticiar fatos e
não ser o foco da notícia. Isso é assim em qualquer lugar do mundo. Mas
aqui na Paraíba, ultimamente, a regra se transformou em exceção e o que
mais se noticia nos portais e no Twitter é a saída de fulano e a
entrada de sicrano em determinada emissora. Acompanho quase
que diariamente todos os programas radiofônicos transmitidos na Grande
João Pessoa e sei muito bem o que estou falando. Desde o final da
campanha, quando Ricardo derrotou Maranhão nas urnas, que a radiofonia
mudou de tom. O radialista sertanejo Fabiano Gomes,
recém-chegado de Cajazeiras com o seu amigo Nilvan Ferreira, fizeram
praticamente o mesmo percurso dos seus conterrâneos Gutemberg Cardoso,
Josival Pereira (ambos de Cajazeiras) e Rui Dantas (que veio de Sousa).
Em pouco tempo alcançaram o sucesso destronando um profissional antigo
fundador e idealizador do Rádio Verdade, o jornalista Giovanni Meireles. Fabiano
Gomes rapidamente, após a vitória de Ricardo com o apoio de Cássio,
galgou o cargo mais importante do radiojornalismo do Sistema Correio de
Comunicação, ocupando o lugar do veterano Gutemberg Cardoso. Josival
Pereira me disse na época das mudanças, em conversa no Twitter, que não
estava sabendo de nada, pois se encontrava de férias. Pois é. Esse não
voltou mais a ocupar os microfones do Sistema Correio. Nilvan
Ferreira foi afastado do programa que fazia no Rádio ao meio-dia e na
TV Arapuan no começo da manhã. Mas ele foi rapidamente chamado de volta
por que Samuka Duarte (Aquele que fez a campanha de rádio de Maranhão
no 1° turno e a de Ricardo Coutinho no 2°) deixou a empresa do “Sistema
Gregoriano de Comunicação” para se instalar no Sistema Correio,
apresentando o Correio Verdade no lugar de Ruy Dantas e Heron Cid. Ruy
Dantas ainda continua no Sistema do ex-senador Roberto Cavalcanti, mas
sem tanta atenção e destaque que tinha antes, a exemplo do jornalista
Helder Moura, crítico feroz do grupo Cunha Lima, em especial do
ex-governador Cássio. Já o experiente jornalista Rubens Nóbrega, um dos
profissionais mais respeitados da Paraíba, não dobrou o dorso e deixou
o Sistema Correio. Agora as peças no tabuleiro de xadrez estão
totalmente modificadas de como estavam antes das eleições. Nilvan e
Gutemberg agora estão juntos na 101.7 FM, do Sistema Paraíba de
Comunicação, juntamente com o jornalista e radialista Marcelo José, que
sempre esteve na equipe de primeira linha das batalhas contra o grupo
Cunha Lima, a mando do Sistema Correio. Já Josival Pereira,
afastado do Correio debate, e Cláudia Carvalho, que perdeu o posto para
a dupla Nilvan e Gutemberg na 101.7, embarcam nas ondas da nova
programação da Tambaú FM. As contratações foram oficializadas pelo
executivo Cacá Martins, superintendente do Sistema Tambaú de
Comunicação. Por fim, O jornalista Luis Torres, que durante toda
o processo eleitoral comandou um blog linkado no site do Jornal da
Paraíba onde detonava a campanha do então governador José Maranhão, foi
convidado para o sistema de comunicação comandado pelo empresário João
Gregório para assumir a direção de jornalismo da TV Arapuan. Ele também
apresenta o programa Rede Verdade em substituição ao jornalista
Giovanni Meireles, que hoje comanda um programa radiofônico nas tardes
da CBN. Como se pode ver/ler, os profissionais de imprensa na
Paraíba apenas servem de “bucha de canhão” para os dirigentes dos
veículos de comunicação. Só interessam enquanto estão dando lucro. Um
advogado amigo meu uma vez foi incisivo: “Toda pena tem seu preço”. Até
hoje me questiono com relação a essa afirmativa. Já um cunhado
sempre me lembra da época em que eu era estudante do Curso de
Comunicação Social da UFPB e que era cético com relação a ética do
profissional de imprensa. Ele me dizia: “O jornalista não vale pelo o
que escreve, mas sim pelo o que não escreve”. Ele fazia uma
referência às matérias que nós jornalistas suamos para fazer, mas que
os dirigentes das empresas determinam se vão sair ou não. Na maioria
das vezes negociando com a parte interessada a publicação, ou não, da
referida matéria.
|
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário