segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011


Colunista - Joanildo Mendes
Profissionais da imprensa são buchas de canhão?

A disputa pela audiência dos programas radiofônicos, principalmente no horário do almoço, está servindo de pano de fundo para esconder, de certa forma, o que realmente vem acontecendo nos bastidores dos veículos de comunicação da Paraíba, em particular os que estão sediados em João Pessoa: O poder pelo poder.
Logo que acabou a eleição o discurso de alguns dirigentes de emissoras de rádio e também de televisão, mudou radicalmente e eles começaram a disputar a peso de ouro aqueles determinados profissionais que “vestiram a camisa” e passionalmente defenderam o vencedor da batalha eleitoral.
Por outro lado, os que “vestiram a camisa” das empresas, pensando que eram intocáveis e que estavam fazendo um trabalho digno e profissional, “um jornalismo com ética e paixão”, acabaram sendo preteridos e descartados como objetos obsoletos.
Mas por trás de toda essa disputa, o que realmente existe é a tentativa de conquistar uma fatia maior do bolo comercial do governo que se instala. Não é de hoje que isso acontece, mas nesses últimos anos a disputa pela verba governamental extrapolou todas as previsões de quem ao menos tem bom senso.
A dança das cadeiras na radiofonia paraibana nada mais é do que o interesse dos dirigentes de abocanhar a verba da prefeitura e do governo do Estado. Tanto é assim que tem porta-voz do poder que se acha no direito de “pedir a cabeça” de profissionais que não se curvam aos caprichos dos mais poderosos.
Profissional da imprensa é para noticiar fatos e não ser o foco da notícia. Isso é assim em qualquer lugar do mundo. Mas aqui na Paraíba, ultimamente, a regra se transformou em exceção e o que mais se noticia nos portais e no Twitter é a saída de fulano e a entrada de sicrano em determinada emissora.
Acompanho quase que diariamente todos os programas radiofônicos transmitidos na Grande João Pessoa e sei muito bem o que estou falando. Desde o final da campanha, quando Ricardo derrotou Maranhão nas urnas, que a radiofonia mudou de tom.
O radialista sertanejo Fabiano Gomes, recém-chegado de Cajazeiras com o seu amigo Nilvan Ferreira, fizeram praticamente o mesmo percurso dos seus conterrâneos Gutemberg Cardoso, Josival Pereira (ambos de Cajazeiras) e Rui Dantas (que veio de Sousa). Em pouco tempo alcançaram o sucesso destronando um profissional antigo fundador e idealizador do Rádio Verdade, o jornalista Giovanni Meireles.
Fabiano Gomes rapidamente, após a vitória de Ricardo com o apoio de Cássio, galgou o cargo mais importante do radiojornalismo do Sistema Correio de Comunicação, ocupando o lugar do veterano Gutemberg Cardoso.
Josival Pereira me disse na época das mudanças, em conversa no Twitter, que não estava sabendo de nada, pois se encontrava de férias. Pois é. Esse não voltou mais a ocupar os microfones do Sistema Correio.
Nilvan Ferreira foi afastado do programa que fazia no Rádio ao meio-dia e na TV Arapuan no começo da manhã. Mas ele foi rapidamente chamado de volta por que Samuka Duarte (Aquele que fez a campanha de rádio de Maranhão no 1° turno e a de Ricardo Coutinho no 2°) deixou a empresa do “Sistema Gregoriano de Comunicação” para se instalar no Sistema Correio, apresentando o Correio Verdade no lugar de Ruy Dantas e Heron Cid.
Ruy Dantas ainda continua no Sistema do ex-senador Roberto Cavalcanti, mas sem tanta atenção e destaque que tinha antes, a exemplo do jornalista Helder Moura, crítico feroz do grupo Cunha Lima, em especial do ex-governador Cássio. Já o experiente jornalista Rubens Nóbrega, um dos profissionais mais respeitados da Paraíba, não dobrou o dorso e deixou o Sistema Correio.
Agora as peças no tabuleiro de xadrez estão totalmente modificadas de como estavam antes das eleições. Nilvan e Gutemberg agora estão juntos na 101.7 FM, do Sistema Paraíba de Comunicação, juntamente com o jornalista e radialista Marcelo José, que sempre esteve na equipe de primeira linha das batalhas contra o grupo Cunha Lima, a mando do Sistema Correio.
Já Josival Pereira, afastado do Correio debate, e Cláudia Carvalho, que perdeu o posto para a dupla Nilvan e Gutemberg na 101.7, embarcam nas ondas da nova programação da Tambaú FM. As contratações foram oficializadas pelo executivo Cacá Martins, superintendente do Sistema Tambaú de Comunicação.
Por fim, O jornalista Luis Torres, que durante toda o processo eleitoral comandou um blog linkado no site do Jornal da Paraíba onde detonava a campanha do então governador José Maranhão, foi convidado para o sistema de comunicação comandado pelo empresário João Gregório para assumir a direção de jornalismo da TV Arapuan. Ele também apresenta o programa Rede Verdade em substituição ao jornalista Giovanni Meireles, que hoje comanda um programa radiofônico nas tardes da CBN.
Como se pode ver/ler, os profissionais de imprensa na Paraíba apenas servem de “bucha de canhão” para os dirigentes dos veículos de comunicação. Só interessam enquanto estão dando lucro. Um advogado amigo meu uma vez foi incisivo: “Toda pena tem seu preço”. Até hoje me questiono com relação a essa afirmativa.
Já um cunhado sempre me lembra da época em que eu era estudante do Curso de Comunicação Social da UFPB e que era cético com relação a ética do profissional de imprensa. Ele me dizia: “O jornalista não vale pelo o que escreve, mas sim pelo o que não escreve”.
Ele fazia uma referência às matérias que nós jornalistas suamos para fazer, mas que os dirigentes das empresas determinam se vão sair ou não. Na maioria das vezes negociando com a parte interessada a publicação, ou não, da referida matéria.

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