Apenas 4% das ligações recebidas pela central 180 são de
mulheres do campo, diz governo
A Secretaria de Políticas para as Mulheres promove, nesta
segunda (30) e na terça-feira (31), o Fórum Nacional Permanente de Enfrentamento
à Violência contra as Mulheres do Campo e das Florestas. Representantes do
governo federal e da sociedade civil irão definir a participação dessas
mulheres na 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres e discutir
propostas de políticas públicas.
Ane Cruz, diretora da Secretaria Nacional de Enfrentamento à
Violência contra a Mulher, afirma que poucos sabem do drama vivido por essas
mulheres.
- Apenas 4% das ligações recebidas pela central 180 são de
mulheres do campo. Existe uma grande invisibilidade, porém, isso já está
mudando graças à Marcha das Margaridas e ao fórum.
O fórum foi instalado em agosto de 2007 como uma demanda
histórica da Marcha das Margaridas – mobilização organizada desde 2000 pela
Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e que reúne, em
Brasília, milhares de mulheres do campo. O intuito do fórum é ampliar,
fortalecer e garantir ações do Estado brasileiro para o enfrentamento à
violência contra as mulheres rurais.
Para Antônia Mendes, moradora de Aporá (BA), e diretora do
Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste, falta atendimento às
mulheres vítimas de violência no campo.
- No município que moro, não temos uma delegacia de atenção
à mulher. Espero que consigamos políticas públicas em que sejamos reconhecidas.
Secretária do Conselho Nacional das Populações
Extrativistas, Célia Regina, disse que, no Pará, as mulheres que lutam pela
preservação do meio ambiente e da floresta sofrem muita violência,
principalmente por parte dos latifundiários.
- A população extrativista precisa da floresta, pois sua
sobrevivência depende da diversidade e dos recursos naturais. Na luta pela
manutenção das florestas, as mulheres acabam sendo vítimas da violência. [...]
É tiroteio ao redor das casas, durante a madrugada, matam as criações, cortam
as árvores, tudo isso para intimidar a população da floresta.
Por causa dos conflitos pela preservação da floresta, muitas
mulheres e homens são mortos, disse a ativista lembrando o assassinato, no
último dia 24, do casal de extrativistas Maria do Espírito Santo e José Cláudio
Ribeiro da Silva.
Para Regina, faltam políticas públicas de segurança, saúde e
direitos humanos voltadas para os povos da floresta.
- No campo e nas cidades, a vida é de um jeito, na floresta
é de outro, por isso, é preciso que as políticas públicas sejam adequadas à
população extrativista.
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