terça-feira, 30 de agosto de 2011

Dilma prepara troca de nomes no 1º escalão para o fim do ano

Ajuste da letra  Interessada em ter uma equipe mais homogênea e mais fiel ao governo do que aos respectivos partidos — ainda que alguns ministros sejam indicados pelas legendas —, a presidente Dilma Rousseff fará uma reforma ministerial nas próximas férias de verão. A ideia é substituir os que serão candidatos nas eleições municipais e aproveitar o embalo para trocar aqueles que, enfraquecidos, não conseguirem recuperar prestígio e força para tocar os projetos das respectivas pastas.

Na categoria de ministros enfraquecidos, por enquanto, estão dois colaboradores da presidente: o ministro das Cidades, Mário Negromonte, do PP; e o do Turismo, Pedro Novais, do PMDB. Os dois têm algo em comum: não foram guindados ao primeiro escalão do governo porque a presidente Dilma os considerava os melhores nomes para tocar projetos nas áreas para as quais foram nomeados. Chegaram lá simplesmente porque seus partidos assim quiseram. Semana passada, no programa Tribuna Independente, da TV Rede Vida, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, também indicado pelo PMDB, foi direto ao se referir ao Ministério do Turismo: “O PMDB não tinha projeto para o Turismo”, contou.

Dilma é técnica. Não gosta de quem chega sem conhecimento do setor que vai atuar. Esse fator, associado às brigas internas dos partidos e às denúncias de irregularidades, deixa os ministros na categoria “corda bamba”.

Além de Negromonte e de Novais, há dois outros considerados praticamente fora da equipe em 2012. Fernando Haddad, da Educação, é visto como o nome do PT para concorrer à prefeitura de São Paulo e para isso tem contado com o trabalho quase que diário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seja para convencer o PT, seja para angariar aliados. Já a ministra da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, Iriny Lopes, do PT, pretende concorrer à prefeitura de Vitória.

Ao mesmo tempo em que prepara a lista dos ministros que devem sair até o final do ano, Dilma tem ainda o rol daqueles que cresceram no exercício da função. Um deles é o de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. O ex-senador petista chegou ao governo com a sensação geral de que tinha um prazo de validade, uma vez que era citado como provável candidato ao PT a prefeito de São Paulo. Ocorre que seu desempenho é considerado tão bom por Dilma que ela passou a torcer para que ele não queira ser candidato. “Mercadante é daqueles que adora um holofote, mas é um excelente ministro e está indo muito bem”, comenta um colaborador de Dilma.

Palocci

Outro que Dilma não pretende deixar sair tão cedo é o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A ida dele para a Saúde foi definida recentemente por Dilma como uma “das escolhas mais acertadas” que ela fez e que não perde a oportunidade de fazer propaganda dos programas governamentais. No último fim de semana, na festa do peão, em Barretos (SP), Padilha aproveitou para promover a vacina contra hepatite e, no palco, imunizou os competidores.

Quem também ganhou musculatura no primeiro escalão é o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Com a crise econômica, ele tem sido chamado constantemente ao Planalto para conversar com Dilma. Nesse rol dos ministros prestigiados está ainda o de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, um dos poucos que a presidente nomeou sem ouvir ninguém.

A presidente já fez chegar aos ouvidos dos políticos que a melhor forma é deixar que ela escolha os nomes dentro de uma legenda. E, na visão dela, a lealdade tem que ser primeiro ao interesse público e ao governo a que serve. Em terceiro lugar viria a fidelidade ao partido que indicou o ministro. Ocorre que essa lógica nem sempre funciona no Poder Executivo.

Nesses sete meses de governo, Dilma percebeu que o essencial é escolher bem e não nomear ninguém que não possa demitir. Por isso, mesmo entre os amigos, a visão geral é a de que ninguém está seguro. Afinal, depois da saída de Antonio Palocci da Casa Civil em junho, todos os ministros tiveram a certeza de que, em caso de problemas, Dilma não titubeará em afastar quem quer que seja, apesar de, nesse momento, apenas dois estarem balançando como árvores ao sabor dos ventos que antecedem a chegada de furacões.

Do Correio Braziliense

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