sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Presidenciável promete cerca elétrica mortal nos EUA para exterminar imigrantes


Certa vez, Demétrio Valentini foi certeiro ao dizer que cercas e muros não conseguem deter a vida, porque a vida não se limita a fronteiras abertas para o comércio e para a circulação de pessoas. Muitos estadunidenses ainda não aprenderam isso.

O homem da foto pode ser o próximo presidente dos Estados Unidos. Ele é Herman Cain, que passou de desconhecido azarão a scandidato sensação dos republicanos nesse período de debates entre os que postulam o direito à indicação do partido para enfrentar Barack Obama no pleito de novembro do ano que vem.

É verdade que os muitos pretendentes republicanos estão em processo de autofagia, cada um que cresce nas pesquisas vira alvo dos demais. E assim já tivemos pelo menos uns três que chegaram ao topo, tornaram-se favoritos,  mas foram abatidos pela artilharia dos seus pares.



Mas o nosso personagem de hoje, Herman Cain, afro-americano como Obama, estava no grupo dos figurantes, praticamente zero  chance.  Eis que,  de repente, o homem inventou um plano de governo baseado nos números 9-9-9, que nem ele sabe explicar direito, e isso provocou a curiosidade da mídia que lhe abriu generosos espaços.

Dai em diante, Cain subiu feito um foguete nas pesquisas e agora disputa cabeça com cabeça a preferência dos eleitores republicanos e é o único que vence Obama, por 43 a 41%, em simulações do presidente com os demais postulantes republicanos.

Mas há um detalhe a ser levado em conta.  Essas pesquisas foram feitas nos dias 14 e 15 de outubro. De lá para cá,  Cain andou metendo os pés pelas mãos e agora corre o risco de despencar.  Há candidatos que, quanto mais aparecem na mídia,  maior o risco de mostrar sua incapacidade para ocupar o cargo de presidente dos Estados Unidos.

Foi o que aconteceu no último domingo, durante entrevista na TV.  Perguntado sobre a questão migatória, Herman Cain disse que seu plano era aumentar a altura do muro que separa a fronteira EUA-México e equipá-lo com uma cerca eletrificada mortal, para acabar com a imigração ilegal naquela área.

Uma declaração no mínimo grosseira e ofensiva à imensa comunidade latina, sobretudo mexicana, que vive e vota nos EUA. Pode ser que pelo teor racista e nazistóide de seu projeto, Cain consiga arrebanhar votos entre os mais conservadores, mas  com certeza perdeu os votos dos hispânicos, cerca de 15% do eleitorado. Indocumentados não votam, sabe-se, mas seus parentes e amigos, sim.

Certamente admoestado por seus assesores, Cain rapidamente saiu em campo para tentar apagar o incêndio causado pela declaração de péssimo gosto. E numa entrevista à CNN, garantiu que a história da cerca letal não passou de uma brincadeira e prometeu que vai ser mais cuidadoso ao escolher suas palavras daqui por diante.


“Não aprendi a ser politicamente correto”, disse ele a John King, da CNN.

Enquanto os republicanos se desgastam em debates e declarações que visam a derrubada do adversário que está dentro da mesmo casa, Obama assiste de camarote. E apesar da recessão e do desemprego, ele está nas ruas disputando a simpatia do eleitor.

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