Kassab sofre oposição apenas da bancada do PT (11
parlamentares) e de alguns vereadores avulsos
A Câmara de São Paulo aprovou no fim da noite da última
quinta-feira o projeto de lei do prefeito Gilberto Kassab (PSD) que reajustou
os salários do segundo escalão da prefeitura em até 236%.
A aprovação da proposta em segunda votação, por 37 votos a
11, às 23h45, teve a participação decisiva de Kassab, que articulou ontem para
que a votação ocorresse, mesmo que fosse na madrugada.
O projeto era um dos que o prefeito considera prioritários
para serem votados este ano. Kassab tem atualmente a mais ampla maioria no
Legislativo desde que chegou ao cargo, em 2006. Ele sofre oposição somente da
bancada do PT (11 parlamentares) e de alguns vereadores como Adilson Amadeu
(PTB) e Aurélio Miguel (PR).
O aumento beneficia subprefeitos, secretários-adjuntos,
chefes de gabinete e dirigentes de autarquias e fundações. O custo extra anual
deve ultrapassar R$ 20 milhões, valor suficiente para construir cinco creches.
Em percentual, a maior alta será do salário dos
secretários-adjuntos, que irá de R$ 5.455 para R$ 18.329. A gestão Kassab tem
29 secretarias.
Já os subprefeitos terão a remuneração elevada de R$ 6.573
para R$ 19.294 (193,5%). Existem 31 subprefeituras.
Os salários dos chefes de gabinete passarão de R$ 5.455 para
R$ 17.364; e ajuste de 218,2%, enquanto os de superintendente de autarquia e
presidentes de fundação irão de R$ 5.998 para R$ 18.329 (aumento de 205,5%).
Com os reajustes válidos a partir de janeiro do próximo ano,
os ocupantes de cargos de segundo escalão passarão a receber mais que os
vereadores, que ganharão R$ 15.031 a partir de 2012.
Neste ano, além dos vereadores, já tiveram reajustes
salariais o próprio Kassab, a vice-prefeita Alda Marco Antonio (DEM) e 29
secretários.
CABIDE
Aurélio Miguel (PR), da oposição, disse que o reajuste serve
para Kassab negociar cargos para o seu novo partido, PSD, e aliados eleitorais.
"É cabide de emprego. Kassab está aparelhando a
prefeitura. Acho uma vergonha ele mandar um projeto com esses números",
disse.
Já seu colega de partido, Agnaldo Timóteo, questionou o
motivo de não ser extensivo aos chefes de gabinete dos vereadores. "Os
nossos chefes de gabinete são inferiores aos da prefeitura?".
Para Adilson Amadeu (PTB), a principal questão nem é o
reajuste. "A questão é saber se eles têm toda a competência que o
município precisa. O que eu vejo é muita gente sem preparo."
Para o vice-líder do governo, Dalton Silvano (PV), e Carlos
Apolinario (DEM), os salários pagos hoje são inadequados para os cargos.
"Não é aumento. É enquadramento dos salários nas reais
responsabilidades daqueles cargos", diz Silvano.
"Cada subprefeito administra uma região com, em média,
400 mil moradores. Quantas cidades de SP têm 400 mil habitantes?",
questiona Apolinário.
Já Wadih Mutran (PP) utilizou argumento diferente para
defender o reajuste. "Temos de pagar bem para evitar o problema da
corrupção nas subprefeituras", disse.
Quando enviou o projeto, em novembro, Kassab afirmou que o
objetivo era ter bons nomes nos cargos. "É preciso tornar os salários mais
atraentes e competitivos com a iniciativa privada."
José Benedito da Silva, Folha
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