terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Senador paraibano decidiu se explicar à presidente Dilma


Parlamentar paraibano saiu em defesa de polêmico projeto que defendeu no Senado 

O Senador Vital do Rêgo (PMDB) enviou correspondência nesta segunda-feira (12) à Presidente Dilma Rousseff (PT) explicando cálculos das projeções para a arrecadação dos royalties e da participação especial decorrentes da exploração do petróleo em mar para 2020. A mesma correspondência também foi enviada aos Ministros das Minas e Energia, Edison Lobão; e da Fazenda, Guido Mantega.

O objetivo foi dirimir dúvidas sobre os cálculos usados para a formulação do seu substitutivo, que prevê uma redistribuição mais igualitária dos royalties. Os dados utilizados por Vital chegaram a ser questionados por parlamentares dos estados produtores e por membros do Governo Federal, o que o motivou a elaborar a carta.


Na correspondência, Vital do Rêgo lembra que “há um forte debate entre estados e municípios produtores e confrontantes, de um lado, e não produtores e não confrontantes, de outro”. Segundo ele, “a distribuição atual, baseada na Lei nº 9.478, de 1997, beneficia desproporcionalmente os estados produtores e confrontantes”.

Vital disse que elaborou seu parecer “buscando ser sensível à demanda dos produtores e confrontantes e, ao mesmo tempo, ciente da forte injustiça decorrente da distribuição atual”. Ele mostrou que “se as regras atuais já são injustas, a sensação de injustiça crescerá fortemente com o aumento da arrecadação previsto para os próximos anos”, citando o que ocorreria caso a arrecadação atinja cerca de R$ 80 bilhões em 2020.

Ele disse que “o valor da projeção não é tão relevante: sejam R$ 50, R$ 80 ou R$ 150 bilhões, em qualquer caso, é evidente a injustiça de se destinarem tantos recursos para os poucos entes da federação que têm a sorte de ter o litoral confrontante aos locais de produção, principalmente quando a produção ocorre a dezenas, ou mesmo centenas de quilômetros da costa”.

Vital lembrou que a proposta incorporada no Substitutivo é muito mais justa, por permitir que todos os estados e municípios aumentem sua participação nos recursos do petróleo “que, afinal, pertencem a todos os brasileiros”. Vital prosseguiu lembrando que, “como seria esperado de um homem público com a minha história, as projeções apresentadas decorrem de hipóteses bem fundamentadas”.

Ele disse que baseou seu substitutivo não no Plano de Investimentos da Petrobras, mas nas projeções de produção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério das Minas e Energia, e nos preços do petróleo e gás divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “Entendemos que a EPE dispõe de um conjunto maior de informações do que a Petrobras, além de ser um órgão que tem a atribuição específica de realizar projeções. Quanto à Petrobras, ninguém contesta sua competência para descobrir e explorar jazidas de hidrocarbonetos. Mas, comparativamente à EPE, a estatal não possui vantagem comparativa evidente na elaboração de projeções”.

Anexo à correspondência, Vital enviou à Presidente e aos Ministros os cálculo das projeções e se colocou à disposição para prestar esclarecimentos adicionais, caso necessário. Veja a íntegra da correspondência:

Brasília, 29 de novembro de 2011

Excelentíssima Senhora Dilma Rousseff

Presidenta da República Federativa do Brasil

Excelentíssima Senhora Presidenta;

O objetivo desta correspondência é apresentar a Vossa Excelência e aos Excelentíssimos Senhores Ministros de Estado de Minas e Energia, Sr. Edison Lobão, e da Fazenda, Sr. Guido Mantega, a quem copio essa mensagem, a memória de cálculo das projeções para a arrecadação dos royalties e da participação especial decorrentes da exploração do petróleo em mar para 2020.

Em 2009, quando o Poder Executivo enviou ao Congresso Nacional os Projetos de Lei nº 5.938 a 5.941, iniciou-se um importante debate nas Casas do Legislativo sobre a distribuição, entre os entes federativos, das participações governamentais decorrentes da produção de petróleo. Nesse período, importantes projetos foram aprovados e convertidos em lei, como a Lei nº 12.276, de 2010, que cedeu onerosamente área do pré-sal para capitalizar a Petrobras, e a Lei nº 12.351, também de 2010, que instituiu o regime de partilha.

A questão da distribuição dos royalties e da participação especial, contudo, ainda não foi deliberada. Como se sabe, há um forte debate entre estados e municípios produtores e confrontantes, de um lado, e não produtores e não confrontantes, de outro. A distribuição atual, baseada na Lei nº 9.478, de 1997, beneficia desproporcionalmente os estados produtores e confrontantes. Como contraponto à regra atual, o art. 64 da Lei nº 12.351, de 2010, vetado pelo então Presidente Lula, reduz substancialmente os privilégios dos entes produtores. A apreciação do veto encontra-se pendente no Congresso Nacional.

Nos últimos meses, coube-me a honra de relatar o Projeto de Lei da Câmara nº 16, de 2010, e de outros 23 Projetos de Lei do Senado (PLS) a ele apensados, que propunham novas regras para a distribuição dos royalties e da participação especial. Buscando ser sensível à demanda dos produtores e confrontantes e, ao mesmo tempo, ciente da forte injustiça decorrente da distribuição atual, elaborei parecer concluindo por apresentação de Substitutivo ao PLS nº 448, de 2011, de autoria do Senador Wellington Dias. O Substitutivo foi fruto de diversas negociações, inclusive com o Poder Executivo.

No Relatório procurei mostrar que, se as regras atuais já são injustas, a sensação de injustiça crescerá fortemente com o aumento da arrecadação previsto para os próximos anos. Para tanto, mostrei o que ocorreria caso a arrecadação atinja cerca de R$ 80 bilhões em 2020. Trata-se de uma projeção que, como será visto no anexo, é conservadora. Entretanto, por motivos que não são muito claros, começaram a circular boatos e acusações de que os R$ 80 bilhões seriam um número mágico, que careciam de qualquer base metodológica. O número “correto” seria da ordem de R$ 50 bilhões, calculados com base no Plano de Investimentos da Petrobras.

Há alguns pontos importantes a esclarecer sobre esse debate. Em primeiro lugar, o valor da projeção não é tão relevante: sejam R$ 50, R$ 80 ou R$ 150 bilhões, em qualquer caso, é evidente a injustiça de se destinarem tantos recursos para os poucos entes da federação que têm a sorte de ter o litoral confrontante aos locais de produção, principalmente quando a produção ocorre a dezenas, ou mesmo centenas de quilômetros da costa. Por motivos que não cabem aqui repetir, a proposta incorporada no Substitutivo é muito mais justa, por permitir que todos os estados e municípios do País aumentem sua participação nos recursos do petróleo que, afinal, pertencem a todos os brasileiros.

Em segundo lugar, como seria esperado de um homem público com a minha história, as projeções apresentadas decorrem de hipóteses bem fundamentadas. Em vez de nos basearmos no Plano de Investimentos da Petrobras, utilizamos as projeções de produção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério das Minas e Energia, e os preços do petróleo e gás divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Entendemos que a EPE dispõe de um conjunto maior de informações do que a Petrobras, além de ser um órgão que tem a atribuição específica de realizar projeções. Quanto à Petrobras, ninguém contesta sua competência para descobrir e explorar jazidas de hidrocarbonetos. Mas, comparativamente à EPE, a estatal não possui vantagem comparativa evidente na elaboração de projeções.

Apresento em anexo a memória de cálculo das projeções. Estou à disposição de Vossa Excelência para prestar esclarecimentos adicionais que julgar necessários.

Atenciosamente,

SENADOR VITAL DO RÊGO

Nenhum comentário: