Altamiro Borges, em seu blog
Por ocasião do linchamento midiático contra Orlando Silva,
Ophir foi um dos mais afoitos no julgamento, atropelando os princípios básicos
do direito. Agora, ele é o alvo
A vida é cruel! Ophir Cavalcante, presidente da Ordem dos
Advogados dos Brasil, ganhou os
holofotes da mídia nos últimos meses por sua ativa militância em favor da
“faxina” no governo Dilma. Ele chegou a convocar e participar das chamadas
“marchas contra a corrupção”. Agora, porém, ele é alvo de pesadas denúncias no
interior da própria OAB e pode até sofrer impeachment no cargo.
Segundo o sítio Brasil 247, “o pleno do Conselho Federal da
OAB, com seus 81 representantes, está reunido hoje (12) em Brasília para
discutir, entre outros assuntos, um tema delicado: o afastamento de Ophir
Cavalcante da presidência da entidade.
Este é um pedido feito por advogados do Pará, cuja seccional
da OAB está sob intervenção desde outubro”.
Prejuízos ao erário público
Os advogados paraenses Eduardo Imbiriba de Castro e João
Batista Vieira dos Anjos acusam Ophir de usufruir ilegalmente, desde 2001, de
licença não remunerada da Universidade Federal do Pará (UFPA), da qual é
professor de Direito. Antes, ele já havia sido acusado por ter recebido, também
nos últimos dez anos, R$ 1,5 milhão, irregularmente, como procurador licenciado
do Estado.
Na representação ao Ministério Público Federal (MPF), os
advogados alegam que o presidente da OAB causa prejuízo ao erário, já que a
UFPA teve que pagar outro professor para dar aulas no lugar dele. “Imbiriba e
Batista pedem que a Justiça Federal declare nulas todas as licenças, que Ophir
seja condenado a ressarcir o erário, que volte imediatamente ao trabalho, que
perca a função pública e que seus direitos políticos sejam suspensos por oito a
dez anos”.
Engolindo o próprio veneno
Diante das pesadas acusações, o presidente da OAB afirmou
que as licenças são legais e que ele tem o direito de se licenciar para
representar o seu órgão de classe. Para ele, a representação no MPF não passa
de denuncismo vazio. “É outro factóide criado para retaliação pela atitude do
Conselho Federal da OAB de fazer uma intervenção na OAB Pará”, desabafou o
emparedado.
Pode até ser! Mas, então, o senhor Ophir Cavalcante também
deveria ser mais cauteloso em seus ataques, evitando os “factóides” e o
denuncismo. Por ocasião do linchamento midiático contra o ministro Orlando
Silva, dos Esportes, ele foi um dos mais afoitos no julgamento, atropelando os
princípios básicos do direito, como a presunção de inocência e o direito de
defesa dos acusados.
O “escudo do cargo”
Em entrevista à Folha (19/10), ele exigiu a exoneração de
Orlando Silva. “O ministro está desfocado, neste momento já perdeu a
credibilidade junto à sociedade e isto, certamente, vai afetar o próprio a
governo Dilma”, atacou, com base nas acusações de um policial-bandido, João
Dias, e dos ataques midiáticos. Ele afirmou, ainda, que o ministro usava “o
escudo do cargo” para se defender.
E agora? Ophir Cavalcante vai se utilizar do “escudo do
cargo” para se defender na OAB?
Nenhum comentário:
Postar um comentário