Uma gravação de três minutos, divulgada no Youtube, mostra o
deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) pressionando uma mulher a abortar o filho
supostamente dele. O diálogo entre os dois é áspero e a mulher, identificada
como Josy, recusa-se a fazer o aborto e cobra de Jordy que lhe dê apoio durante
a gestação.
No momento mais tenso, Josy argumenta: "Tu estás
pensando que a minha vida é fácil, que eu vou pegar, chegar contigo e dizer `Tá
bom, eu vou fazer o aborto?'". O deputado retruca: "Eu não tô dizendo
que é uma decisão fácil, mas é uma decisão, Josy".
A discussão prossegue e Jordy promete pagar as custas do
aborto e até psicólogo para ela "superar o trauma". Sem acordo, ele
tenta o argumento decisivo: "Josy, eu não tenho a menor condição! Eu pago
três pensões. Isso é uma loucura!"
Josy insiste que tem dúvidas e medo, e diz que sua decisão é
manter a gravidez. "Preciso saber se vou ter seu apoio, se tiver de
carregar o bebê nove meses na barriga", diz ela. O deputado tenta sua
última cartada. "Uma criança é pro resto da vida, eu não tenho condições,
Josy. Eu não tenho tempo nem de cuidar dos meus filhos que já estão aí".
Jordy é candidato a prefeito de Belém.
O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado José
Carlos Araújo (PSD-BA), informou que o órgão só levará o caso à análise se for
provocado por um partido, por entidade civil ou por alguma decisão judicial.
Segundo ele, o conselho nunca julgou um parlamentar por esse tipo de situação,
embora aborto seja crime com pena de um a três anos de detenção prevista no
Código Penal.
Para o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líder da
bancada evangélica no Congresso, trata-se de um episódio típico da vida
privada, que nada tem a ver com a atuação parlamentar. Mas o castigo de Jordy,
independentemente de processo no conselho, já está dado. "A essa altura já
abortaram a candidatura dele", ironizou o deputado, autor de uma proposta
de emenda constitucional que torna o crime de aborto cláusula da Carta Magna.
Em nota, o deputado assume que a voz do áudio é sua mas
alega que o diálogo mostra apenas seu cuidado com a gravidez, "não sobre
abortar o filho". Ele disse que a mulher, uma namorada casual, entrou com
ação de alimentos "gravídicos" pedindo 40% de seus vencimentos,
negada pela justiça. Informou ainda que moveu ação para comprovação de
paternidade por meio de exame de DNA.
O deputado revelou que tem cinco filhos e participa
ativamente da vida de todos. Mas explicou que é separado, "portanto
solteiro" e por isso tem direito a se relacionar com mulheres maiores de
idade. Atualmente com 26 anos, Josy está no oitavo mês de gravidez. "Esse
relacionamento foi fortuito, mas tenho notas fiscais que demonstram que, desde
o inicio, mesmo não tendo certeza se o filho é meu, venho ajudando",
garantiu. Ele disse que comprou carrinho de bebê e bercinho, além de pagar o
plano de saúde da mãe.
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