Brasileiro já pagou R$ 562,39 bi em impostos em sete meses;
montante deve subir até 11,5%
A arrecadação de impostos e contribuições administradas pelo
governo federal bateu recorde para o mês de julho e ficou em R$ 90,247 bilhões,
alta real (ajustada pela inflação) de 21,31% em relação ao mesmo mês do ano
passado.
No acumulado desde janeiro, o governo já arrecadou R$ 562,39
bilhões, montante 13,98% maior que o registrado nos sete primeiros meses de
2010. O valor é atualizado pela inflação. Na comparação com junho, quando o
governo recolheu R$ 82,7 bilhões, o crescimento foi de 8,92%.
Segundo a Receita Federal divulgou nesta quinta-feira (18),
contribuiu para o forte crescimento da arrecadação em julho um pagamento de R$
5,8 bilhões de um débito em atraso relativo à CSLL (Contribuição Social Sobre o
Lucro Líquido).
Outra receita que ajudou a registrar o recorde de
arrecadação foi o Refis da Crise, programa de parcelamento de débitos do
governo federal, que recolheu R$ 2,26 bilhões em impostos atrasados no mês
passado.
Economia aquecida
Ainda de acordo com o Fisco, os principais fatores para os
recordes ainda estão ligados ao aquecimento da economia brasileira. A produção
industrial, por exemplo, registrou crescimento de 1,77% entre janeiro e julho
deste ano e o mesmo período de 2010. As vendas cresceram 13,13% e a massa
salarial subiu 15,77% no mesmo período, o que se materializa diretamente em
mais arrecadação.
No detalhamento da Receita, a receita previdenciária, o IRPJ
(Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) e a Cofins (Contribuição para
Financiamento da Seguridade Social) continuam como as principais fontes de
renda para o governo, totalizando R$ 369,12 bilhões dos R$ 562,39 bilhões
administrados pelo Fisco.
O IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física) foi responsável pela
arrecadação de R$ 13,76 bilhões desde janeiro, aumento de 23,27% e que reflete
o crescimento no recolhimento decorrente da tributação do lucro obtido na
alienação de bens e direitos.
Com os sucessivos recordes desde o início do ano, a
secretária-adjunta da Receita, Zayda Bastos Manatta, admite que o Fisco
trabalha com uma projeção de crescimento da arrecadação até o final do ano
acima da expectativa anterior, de 10%.
- Em se mantendo as demais previsões, a curva [da
arrecadação] deve chegar ao final do ano com crescimento de 11% a 11,5%.
Seu bolso
O resultado da arrecadação do governo, seja quando ela
aumenta ou diminui, tem um impacto indireto no bolso dos brasileiros.
O crescimento da arrecadação pode levar o governo a fazer
mais investimentos no setor público, como a contratação de servidores ou mesmo
por meio de aumento nos salários dos servidores, o que deveria resultar na
melhora dos serviços oferecidos à população – o que nem sempre acontece.
O aumento na arrecadação significa também que os brasileiros
pagaram mais impostos, seja porque as empresas geraram mais emprego, aumentando
a contribuição, porque as pessoas consumiram mais produtos – sobre os quais a
carga tributária é intensa – ou mesmo em razão da criação de novos tributos.
Já quando a arrecadação do governo cai, a tendência é que
ocorra um corte de gastos. Entretanto, o setor público não tem como reduzir
suas despesas imediatamente, porque não dá para cortar funcionalismo, deixar de
pagar Previdência e interromper investimentos em andamento. O governo não vai
parar uma obra no meio. Portanto, a tendência é ele pegar dinheiro emprestado
no mercado ou lançar medidas para aumentar a arrecadação.
Entretanto, se a queda na arrecadação persiste por um longo
período, o governo pode reduzir seus planos de investimentos futuros, o que
pode ter efeitos nos diversos setores, como infraestrutura, educação e saúde.
R7
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