Globo silencia não apenas sobre as consequências dos
bombardeios da OTAN, mas em não apontar as verdadeiras razões do massacre
contra o povo Líbio
Uma semana depois de a delegação brasileira integrada por
parlamentares, jornalistas e ativistas sociais ser impedida de ingressar na
Líbia em função da intensificação dos bombardeios da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN), a TV Globo ingressou em Trípoli para “informar“ aos
telespectadores os acontecimentos. O
informar fica entre aspas, porque muito mais do que informar o esquema global
desembarcou na capital líbia para apresentar um entretenimento e com enfoques
provavelmente encomendados pela OTAN do que fazer jornalismo. Aliás, se for
consultado o WikLeaks pode-se saber quem são exatamente certos colunistas e
âncoras da Globo. Wiliam Waack que o
diga.
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O repórter da Globo em Trípoli culpava o “ditador” Khadafi
por tudo de mal que estava acontecendo e bradava que o povo comemorava a
definição em favor dos opositores do regime que chegava ao fim. Da mesma forma
que ocorreu com as imagens dos opositores ao longo dos últimos seis meses, os
que chegaram a Trípoli não reuniam o povo nas comemorações, apesar dos textos
dizerem o contrário.
Sobre as consequências dos bombardeios da OTAN, nada.
O líder líbio, segundo as agências de notícias, estava sendo
procurado em tudo que é canto do país. E isso com a ajuda da OTAN, que colocou
a inteligência no encalço do “bandido”. Empresários líbios, parte deles recém
chegados da Tunísia, dos Estados Unidos e até da Europa, ofereciam 1,7milhão de dólares pela captura
de Khadafi vivo ou morto.
A TV Globo, e de um modo geral toda a mídia de mercado
tupiniquim, silenciou não apenas sobre as consequências dos bombardeios, como
também em apresentar aos leitores, telespectadores e ouvintes quem é quem na
OTAN. Andeers Fogh Rasmussen, atual secretário geral da entidade, por exemplo,
foi Primeiro-Ministro da Dinamarca de 2001 a 2009, liderando uma coalizão com a
ala direita do Partido Conservador Popular. Como se não bastasse, Rasmussen
trabalhou intensamente com o Partido Popular Dinamarquês, de extrema direita,
agremiação política irmã do Partido Progressista da Noruega, onde militava
Anders Behring Breivik, o terrorista neonazista que além de disseminar ódio contra
estrangeiros recentemente assassinou dezenas de pessoas em atentados.
Esta é a Otan, a verdadeira definidora da queda do regime de
Khadafi e que se propõe a estabelecer a democracia na Líbia. Há testemunhas de
jornalistas, não das Organizações Globo, claro, que para abrir caminho dos
opositores a OTAN bombardeou indiscriminadamente tudo que via a sua frente em
Trípoli.
Segundo o jornalista Thierry Meyssan, colaborador do Global
Research, no sábado, 20 de agosto, um barco da OTAN atracou ao lado de Trípoli,
entregando armas pesadas e desembarcando jihadistas da Al Qaeda, enquadrados
por oficiais da Aliança. Meyssan revelou ainda que helicópteros e aviões da
OTAN bombardeavam para todos os lados e pessoas eram metralhadas nas ruas para
abrir caminho aos opositores.
O Tribunal Penal Internacional de Haia pretende julgar
Khadafi por “crimes contra a humanidade”, naturalmente se ele for capturado
vivo. Já o vice-presidente sul africano, Kgalerna Morlanthe cogita apoiar
proposta de grupos progressistas no sentido de processar a OTAN no mesmo
Tribunal sob o argumento que a Organização teria desrespeitado os direitos
humanos na Líbia.
O Conselho Nacional de Transição, órgão político dos
opositores de Khadafi, na palavra do chefe Mustafá Abdeljalil admite que em
seis meses de combate, teriam morrido mais de 20 mil pessoas. Não houve
referências aos bombardeios da OTAN.
Os acontecimentos na Líbia remetem a 1 de novembro de 1911,
quando foi utilizada a aviação da Itália para bombardear posições turcas em Ain
Zara, a leste de Trípoli. Quatro bombas de 1,5 quilos foram lançadas
então. Em 2011, muito, mas muito mais do
que isso, possantes jatos, da França, do Reino Unido e dos Estados Unidos, com
o apoio de muitos países da Europa e mesmo árabes, arrasaram a Líbia e foram os
principais responsáveis pelo avanço até Trípoli dos opositores de Khadafi.
O dirigente deposto errou de cabo a rabo ao fazer inúmeras
concessões ao capital financeiro e aos senhores da guerra, imaginando que
cairia nas graças do Ocidente. Em um primeiro momento, segundo revelam
documentos da Wikleaks, o governo líbio passou a ser considerado exemplar em
termos de combate ao terrorismo.
Bastou Khadafi querer adotar medidas que contrariavam
interesses econômicos poderosos na área do petróleo, mesmo com as concessões
feitas, apareceram os rebeldes que tomaram Benghazi.
A entrada em cena da OTAN teve como pretexto a defesa da
população líbia da “ação criminosa” de Khadafi. Mas quando o mesmo Khadafi
abriu para o Ocidente a partir de 2003, recebendo com tapete vermelho Madame
Condoleezza Rice e Tony Blair, as “atrocidades de Khadafi” hoje reveladas eram
simplesmente ignoradas.
Pelo atrevimento de Khadafi em formar com demais países
africanos um bloco econômico com moeda própria, o governo dos Estados Unidos
decidiu agir. Como não poderia fazer o serviço sozinho em função do desgaste no
Iraque e Afeganistão convenceu os aliados David Cameron, do Reino Unido, e
Nicolas Sarkozy a ajudar. Dois aliados do gênero cachorrinho e a docilidade da
ONU complementaram o serviço.
Esta guerra civil, em suma, ainda está para ser contada. Um
item importante será conhecer com maiores detalhes o papel da mídia, que mais
do que mídia passou a ser a própria guerra que está resultando em uma “nova
Líbia”. A Al Jazeera. do Catar teve participação intensa no esquema.
Ah, sim, e a família real que controla a Arábia Saudita a
ferro e fogo, tudo bem? Podem ficar a vontade em matéria de atrocidades porque
são aliados dos Estados Unidos. Mulher sendo presa porque é proibida de
dirigir, deixa para lá, afinal a família real é aliada e para os aliados tudo.
Para os que ousam, OTAN neles com a chancela da ONU.
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