Publicitário e escritor brasileiro. Tem passagens pela DPZ, W/Brasil e Bates São Paulo, além de ter sido diretor de criação da DDB Argentina. É membro do Conselho de Ética do CONAR, e foi diretor da Associação dos Profissionais de Propaganda (APP) e da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap) |
Nada mais apropriado para alimentar a ignorância agressiva
latente em boa parte dos políticos e eleitores paraibanos do que essa história
da Fiat em Goiana. Meu Deus! Quanta estupidez! São essas coisas que fazem
proliferar a maldade das piadas cáusticas sobre nordestinos, principalmente
sobre os naturais daqueles estados menores que não conseguiram ainda escapar de
seu passado retrógrado. Nada pior para o esforço de superação de uma história
repleta de truculência coronelista e submissão conformada do que a mistura
contemporânea de arrogância e complexo de inferioridade. Mas que diabos! Ora,
se a Fiat vai empregar pernambucanos e não paraibanos, quando for caso, se não
por outro critério senão a competência... que
fantasia mais bizarra, imaginar
que a seleção de empregados para uma multinacional usará o critério da
naturalidade, se o sujeito é pernambucano ou paraibano! E se o camarada for
paraibano e residir em Pernambuco ou o contrário? Sim, claro que a o discurso
bisonho cai como uma luva para alimentar espírito prevenido da gente paraibana
e sua vocação para sentir-se injustiçada, excluída, humilhada. Essa história
ridícula começa lá na campanha para o governo, quando os fantásticos
marqueteiros de José Maranhão tentaram fazer pegar a esdrúxula tese do
entreguismo à aproximação de Ricardo Coutinho a Eduardo Campos. Sempre
vocacionalmente diminuída, a Paraíba por pouco não aceita que seria subjugada a
Pernambuco, vitoriosos Coutinho e Campos.
Não colou na ocasião e agora tentam ressuscitar a bizarrice,
aproveitando o fato de a Fiat ter se instalado no lado pernambucano da divisa
dos estados. Quisesse a Fiat e o governo
de Pernambuco evitar a Paraíba podiam buscar outro canto menos “contaminado”.
Mas se estão em Goiana é, exatamente, por convir a todos, inclusive aos
paraibanos da região. O resto é procurar pelo em ovo com finalidades
eleitoreiras, outra praga que assola a política paraibana. Admira que um sujeito,
pertencente a uma teórica nova geração de políticos, se envolva nesse enredo de
carochinha. Vital do Rego Filho perde uma bela chance de mostrar grandeza, ao
entrar nessa onda de enganação, proselitismo e demagogia. Se um discurso
desses, pronunciado por um jovem tribuno paraibano de projeção nacional, quer
significar um conceito renovado para a oposição no estado, há que se lamentar.
Pois, nada será mais tradicional na busca da adesão do eleitorado do que a
exploração daquilo que ele tem de pior: a ignorância estimulada pela
emocionalidade inútil.
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