segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A Paraíba ridícula



Publicitário e escritor brasileiro. Tem passagens pela DPZ, W/Brasil e Bates São Paulo, além de ter sido diretor de criação da DDB Argentina. É membro do Conselho de Ética do CONAR, e foi diretor da Associação dos Profissionais de Propaganda (APP) e da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap)



Nada mais apropriado para alimentar a ignorância agressiva latente em boa parte dos políticos e eleitores paraibanos do que essa história da Fiat em Goiana. Meu Deus! Quanta estupidez! São essas coisas que fazem proliferar a maldade das piadas cáusticas sobre nordestinos, principalmente sobre os naturais daqueles estados menores que não conseguiram ainda escapar de seu passado retrógrado. Nada pior para o esforço de superação de uma história repleta de truculência coronelista e submissão conformada do que a mistura contemporânea de arrogância e complexo de inferioridade. Mas que diabos! Ora, se a Fiat vai empregar pernambucanos e não paraibanos, quando for caso, se não por outro critério senão a competência... que
fantasia mais bizarra, imaginar que a seleção de empregados para uma multinacional usará o critério da naturalidade, se o sujeito é pernambucano ou paraibano! E se o camarada for paraibano e residir em Pernambuco ou o contrário? Sim, claro que a o discurso bisonho cai como uma luva para alimentar espírito prevenido da gente paraibana e sua vocação para sentir-se injustiçada, excluída, humilhada. Essa história ridícula começa lá na campanha para o governo, quando os fantásticos marqueteiros de José Maranhão tentaram fazer pegar a esdrúxula tese do entreguismo à aproximação de Ricardo Coutinho a Eduardo Campos. Sempre vocacionalmente diminuída, a Paraíba por pouco não aceita que seria subjugada a Pernambuco, vitoriosos Coutinho e Campos.  Não colou na ocasião e agora tentam ressuscitar a bizarrice, aproveitando o fato de a Fiat ter se instalado no lado pernambucano da divisa dos estados.  Quisesse a Fiat e o governo de Pernambuco evitar a Paraíba podiam buscar outro canto menos “contaminado”. Mas se estão em Goiana é, exatamente, por convir a todos, inclusive aos paraibanos da região. O resto é procurar pelo em ovo com finalidades eleitoreiras, outra praga que assola a política paraibana. Admira que um sujeito, pertencente a uma teórica nova geração de políticos, se envolva nesse enredo de carochinha. Vital do Rego Filho perde uma bela chance de mostrar grandeza, ao entrar nessa onda de enganação, proselitismo e demagogia. Se um discurso desses, pronunciado por um jovem tribuno paraibano de projeção nacional, quer significar um conceito renovado para a oposição no estado, há que se lamentar. Pois, nada será mais tradicional na busca da adesão do eleitorado do que a exploração daquilo que ele tem de pior: a ignorância estimulada pela emocionalidade inútil. 



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