Vice-presidente também defende tese que flexibiliza a fidelidade partidária
Em
meio ao clima de discussão sobre a reforma política, o vice-presidente
da República, Michel Temer, defendeu nesta segunda-feira (14) o voto
majoritário nas eleições para deputado federal e estadual e criticou os
partidos que lançam candidatos puxadores de voto apenas para emplacar
um número maior de parlamentares na Câmara dos Deputados.
- Hoje, vota-se pelo chamado quociente eleitoral. Em São Paulo, para
ser eleito, o candidato precisa de 304 mil votos, mas se ultrapassar
isso pode levar outros com ele. Os partidos vão procurar candidatos que
tenham 3 milhões, 5 milhões de votos e conseguem carregar junto um
candidato que recebeu 275 votos.
Temer criticou o atual sistema eleitoral ao dizer que o Legislativo é o
único poder onde a maioria não consegue eleger seus representantes e
fez questão de afirmar que não fala pelo governo ou pelo seu partido, o
PMDB.
- Não é a opinião do governo nem do PMDB, é uma contribuição para o
debate da reforma política. Pessoalmente, confesso que estou convencido
por razões constitucionais. Seria mais compatível com o sistema
brasileiro. A minoria não pode governar.
O problema na proposta de Temer é que há outro ponto, mais polêmico,
que sugere a flexibilização da fidelidade partidária. Segundo o
vice-presidente, o mandato do parlamentar seria exclusivo do partido.
Para tanto, os deputados seriam obrigados a permanecer no partido pelo
qual se elegeu por até três anos e meio. No caso de senadores, o tempo
seria de sete anos e meio. Isso sugeriria a abertura de uma janela de
seis meses para o chamado troca-troca partidário.
Temer discorda da tese de que isso enfraqueceria os partidos, mas
admite a probabilidade de diminuir o número de legendas existentes hoje.
- Haverá uma depuração dos partidos políticos. [Os partidos] não vão
chamar mais alguém apenas para fazer quociente eleitoral. Se o partido
tem direito a lançar 70 candidatos, não vai lançar mais do que 10, 15.
O próprio tempo eleitoral seria utilizado por menos candidatos, o
contato com o leitor seria mais completo. Com isso também se elimina a
coligação. E, penso eu, com todo o respeito aos partidos menores, faria
com que esses partidos se reunissem numa única legenda. Automaticamente
acaba diminuindo o número de partidos políticos no país.
As declarações do vice-presidente foram dadas durante a aula inaugural
do curso de graduação do IDP (Insituto Brasiliense de Direito Público),
faculdade de direito criada pelo ministro Gilmar Mendes, do STF
(Supremo Tribunal Federal).
Professor de Direito Constitucional, esta é a segunda vez que Temer
profere uma aula desde que foi eleito vice-presidente. Na semana
passada, ele participou do início do ano acadêmico na Faculdade de
Direito de Itu, onde foi professor e diretor por cerca de 14 anos.
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