Por CIMI, indicação de Natalia Forcat
Cacique Nísio Gomes (no centro da foto abaixo) foi executado
com tiros de calibre 12 e seu corpo foi levado pelos pistoleiros. Até agora,
nenhuma nota na grande mídia
No início da manhã desta sexta-feira (18), por volta das
6h30, a comunidade Kaiowá Guarani do acampamento Tekoha Guaiviry, município de
Amambaí, Mato Grosso do Sul, sofreu ataque de pistoleiros, cerca de 40,
fortemente armados.
O massacre teve como alvo o cacique Nísio Gomes, 59 anos,
(centro da foto) executado com tiros de calibre 12. Depois de morto, o corpo do
indígena foi levado pelos pistoleiros – prática vista em outros massacres
cometidos contra os Kaiowá Guarani no MS.
As informações são preliminares e transmitidas por
integrantes da comunidade – em estado de choque. Devido ao nervosismo, não se
sabe se além de Nísio outros indígenas foram mortos. Os relatos dão conta de
que os pistoleiros sequestraram mais dois jovens e uma criança; por outro lado,
apontam também para o assassinato de uma mulher e uma criança.
“Estavam todos de máscaras, com jaquetas escuras. Chegaram
ao acampamento e pediram para todos irem para o chão. Portavam armas calibre
12”, disse um indígena da comunidade que presenciou o ataque e terá sua
identidade preservada por motivos de segurança.
Massacre ocorrido na manhã dessa sexta (18/11)
Conforme relato do indígena, o cacique foi executado com
tiros na cabeça, no peito, nos braços e nas pernas. “Chegaram para matar nosso
cacique”, afirmou. O filho de Nísio tentou impedir o assassinato do pai, segundo
o indígena, e se atirou sobre um dos pistoleiros. Bateram no rapaz, mas ele não
desistiu. Só o pararam com um tiro de borracha no peito.
Na frente do filho, executaram o pai. Cerca de dez indígenas
permaneceram no acampamento. O restante fugiu para o mato e só se sabe de um
rapaz ferido pelos tiros de borracha – disparados contra quem resistiu e contra
quem estava atirado ao chão por ordem dos pistoleiros. Este não é o primeiro
ataque sofrido pela comunidade, composta por cerca de 60 Kaiowá Guarani.
Decisão é de permanecer
Desde o dia 1º deste mês os indígenas ocupam um pedaço de
terra entre as fazendas Chimarrão, Querência Nativa e Ouro Verde – instaladas
em Território Indígena de ocupação tradicional dos Kaiowá.
A ação dos pistoleiros foi respaldada por cerca de uma
dezena de caminhonetes – marcas Hilux e S-10 nas cores preta, vermelha e verde.
Na caçamba de uma delas o corpo do cacique Nísio foi levado, bem como os outros
sequestrados, estejam mortos ou vivos.
“O povo continua no acampamento, nós vamos morrer tudo aqui
mesmo. Não vamos sair do nosso tekoha”, afirmou o indígena. Ele disse ainda que
a comunidade deseja enterrar o cacique na terra pela qual a liderança lutou a
vida inteira. “Ele está morto. Não é possível que tenha sobrevivido com tiros
na cabeça e por todo o corpo”, lamentou.
A comunidade vivia na beira de uma Rodovia Estadual antes da
ocupação do pedaço de terra no tekoha Kaiowá. O acampamento atacado fica na
estrada entre os municípios de Amambaí e Ponta Porã, perto da fronteira entre
Brasil e Paraguai.
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