terça-feira, 22 de novembro de 2011

A porta estreita




FfGomes

        Fabiano Gomes
Colunista do PolíticaPB



  A Paraíba passa por um momento muito delicado. Estamos em meio a uma transição de cultura político-administrativa inédita, dentro do projeto-mãe do governador Ricardo Coutinho (PSB) de levar o Estado a um nível de equilíbrio fiscal a todo custo.

O preço, aliás, é muito alto, tanto para quem comanda, como para alguns segmentos da sociedade - muitos dos quais historicamente conhecidos por olhar sempre para o próprio umbigo, e o resto que se dane.

Em meio a esse processo de mudanças, vemos na classe política - sempre ela! – uma postura de confronto direto e permanente a quem está desafiando seu status quo.

Lógico, é fato: o atual governo, em algumas oportunidades, pesou a mão além da conta na hora de impor alterações no modelo de enxugar a folha, na decisão de substituir técnicos qualificados na máquina pública e até mesmo emplacar medidas que pontualmente foram injustas com muita gente.


Mas não se pode perder de vista uma realidade: não é possível levar a Paraíba ao patamar de excelência na gestão pública sem que antes se assuma a decisão de acabar privilégios; de implodir uma cultura política geradora de castas dentro do serviço público; de se empenhar pelo equilíbrio das contas públicas para fazer justiça a quem trabalha como servidor e não priorizar a quem se serve da máquina pública em prol dos próprios interesses.

E tudo isso é fruto de décadas a fio de distorção sobre o que é o serviço público e qual o verdadeiro papel de quem é pago pelo contribuinte para servir à sociedade.

A folha de pessoal, ao longo da história, serviu para acomodar apadrinhados dos governantes de plantão, sendo turbinados contracheques de quem fizesse parte da ‘patota do poder’.

Nesse aspecto, o Governo Cássio Cunha Lima (PSDB) deixou como uma de suas heranças uma conquista para o servidor: os Planos de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCRs) passaram a ser instrumentos de justiça com os funcionários efetivos, que se qualificam ou mais tempo tem dedicado ao serviço público.

Por tabela, se escanteia quem apenas sabe “se dar bem” através das articulações políticas com os poderosos da hora e sempre interpretaram que esperteza na gestão pública é procurar os “atalhos” junto a quem tem a caneta.

Todo esse processo não é um trabalho fácil. É preciso muita coragem, determinação e espírito público. Infelizmente, essas virtudes continuam cada vez mais escassas no seio de uma classe política que sempre se beneficiou com o modelo de distorções, tráfico de influência e privilégios às custas do contribuinte.

Por interesses contrariados, passa a ser mais fácil assumir o discurso populista do caos, da crítica fácil ao que procura ser justo e certo, já que a ‘porta larga’ dos ataques é mais confortável que a ‘porta estreita’ de se fazer o que é correto.

Está nas mãos da Paraíba: continuar no modelo que sempre colocou seu serviço público como um péssimo exemplo de arbitrariedade e injustiças ou bancar um novo tempo em que a qualidade da aplicação dos recursos na folha de pessoal será reflexo de uma gestão enxuta, moderna e eficiente.  

Nenhum comentário: