FfGomes
Fabiano Gomes
Colunista do PolíticaPB
A
Paraíba passa por um momento muito delicado. Estamos em meio a uma transição de
cultura político-administrativa inédita, dentro do projeto-mãe do governador
Ricardo Coutinho (PSB) de levar o Estado a um nível de equilíbrio fiscal a todo
custo.
O preço, aliás, é muito alto, tanto para quem comanda, como
para alguns segmentos da sociedade - muitos dos quais historicamente conhecidos
por olhar sempre para o próprio umbigo, e o resto que se dane.
Em meio a esse processo de mudanças, vemos na classe
política - sempre ela! – uma postura de confronto direto e permanente a quem
está desafiando seu status quo.
Lógico, é fato: o atual governo, em algumas oportunidades,
pesou a mão além da conta na hora de impor alterações no modelo de enxugar a
folha, na decisão de substituir técnicos qualificados na máquina pública e até
mesmo emplacar medidas que pontualmente foram injustas com muita gente.
Mas não se pode perder de vista uma realidade: não é
possível levar a Paraíba ao patamar de excelência na gestão pública sem que
antes se assuma a decisão de acabar privilégios; de implodir uma cultura
política geradora de castas dentro do serviço público; de se empenhar pelo equilíbrio
das contas públicas para fazer justiça a quem trabalha como servidor e não
priorizar a quem se serve da máquina pública em prol dos próprios interesses.
E tudo isso é fruto de décadas a fio de distorção sobre o
que é o serviço público e qual o verdadeiro papel de quem é pago pelo
contribuinte para servir à sociedade.
A folha de pessoal, ao longo da história, serviu para
acomodar apadrinhados dos governantes de plantão, sendo turbinados
contracheques de quem fizesse parte da ‘patota do poder’.
Nesse aspecto, o Governo Cássio Cunha Lima (PSDB) deixou
como uma de suas heranças uma conquista para o servidor: os Planos de Cargos,
Carreira e Remuneração (PCCRs) passaram a ser instrumentos de justiça com os
funcionários efetivos, que se qualificam ou mais tempo tem dedicado ao serviço
público.
Por tabela, se escanteia quem apenas sabe “se dar bem”
através das articulações políticas com os poderosos da hora e sempre
interpretaram que esperteza na gestão pública é procurar os “atalhos” junto a
quem tem a caneta.
Todo esse processo não é um trabalho fácil. É preciso muita
coragem, determinação e espírito público. Infelizmente, essas virtudes
continuam cada vez mais escassas no seio de uma classe política que sempre se
beneficiou com o modelo de distorções, tráfico de influência e privilégios às
custas do contribuinte.
Por interesses contrariados, passa a ser mais fácil assumir
o discurso populista do caos, da crítica fácil ao que procura ser justo e
certo, já que a ‘porta larga’ dos ataques é mais confortável que a ‘porta
estreita’ de se fazer o que é correto.
Está nas mãos da Paraíba: continuar no modelo que sempre
colocou seu serviço público como um péssimo exemplo de arbitrariedade e
injustiças ou bancar um novo tempo em que a qualidade da aplicação dos recursos
na folha de pessoal será reflexo de uma gestão enxuta, moderna e
eficiente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário