Redes
sociais, programas populares de TV e shows serão alvo da campanha
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que a
campanha deste ano contra o HIV vai deixar de lado estratégias clássicas e
focar em novas formas para atingir jovens.
Redes sociais, programas populares de TV e shows serão alvo
da campanha que começará em 1º de dezembro e terminará no Carnaval.
"Mudamos a estratégia (...) Nossas pesquisas mostram
redução do uso de camisinha entre os mais jovens. Mas os estudos mostram também
que 95% da população brasileira sabe que a camisinha é a melhor forma de proteger
contra DSTs", disse o ministro durante divulgação dos dados mundiais de
prevalência do HIV pela Unaids (braço da ONU para combate à Aids).
O ministro negou que tenha havido redução da verba para
campanhas de Aids. Segundo ele, o ministério gastou cerca de R$ 16 milhões em
2011 e R$ 15 milhões em 2010.
Mulheres com idades entre 13 anos e 29 anos e homens do
grupo HSH (homens que fazem sexo com homens) com idades entre 15 anos e 24 anos
são o público alvo da campanha, que terá como tema o combate ao preconceito.
Dados do Uniaids mostraram que, em escala mundial, a década
de 2000 terminou com aumento de 17% no número de pessoas vivendo com HIV: de
28,6 milhões em 2001 para 34 milhões em 2010, número que se explica em boa
parte pela queda de mortes pelo vírus por oferta de tratamento.
A redução de mortes caiu 18% se comparado ao pico de 2006, e
houve menor número de novas infecções --queda de 21% se comparado a 1997, ano
de pico. Também houve aumento na oferta de tratamento, que passou a atingir 6,6
milhões (47%) de pessoas com indicação de terapia antiretroviral em países de
baixa e média renda em 2010.
Um desafio é aumentar a contribuição financeira
internacional para o combate ao vírus, afirmou Pedro Chequer, chefe da agência
no Brasil. "A crise [financeira] está também atingindo a Aids, há queda de
aporte", disse. Segundo Chequer, os países desenvolvidos contribuíram com
U$ 7,6 bilhões em 2009 e U$ 6,9 bilhões no ano passado.
Metas pactuadas internacionalmente em 2010 vislumbravam
aportes anuais de U$ 22 bilhões a 24 bilhões até 2015.
DESAFIO BRASILEIRO: DIAGNÓSTICO
Apesar de não ter divulgado dados sobre o Brasil, o ministro
da Saúde afirmou que "a tendência do Brasil é a mesma, as pessoas estão
vivendo mais e tivemos redução de óbitos".
O desafio, nas palavras de Padilha e Chequer, é melhorar o
diagnóstico precoce, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Estima-se que
entre 250 mil e 300 mil brasileiros tenham o vírus sem saber. Isso coloca o
Brasil como país que ainda deve ampliar a oferta de tratamento, principalmente
para gestantes.
"Não diria que [o Brasil ainda ter de ampliar a oferta
de tratamento] é preocupante, é mais um desafio", disse Chequer. Ele cita
o fato de o HIV ter avançado em pequenos municípios, que muitas vezes não têm
capacidade de realizar testes de detecção. Por isso, continua, a importância da
expansão do teste de detecção rápida.
Reportagem publicada pela Folha neste mês mostrou que,
enquanto a taxa nacional de transmissão vertical do vírus (ou seja, mãe-bebê)
vem caindo no Brasil, a tendência é de alta no Norte e no Nordeste do país.
O ministro disse que, além de ampliar a presença do teste
rápido de diagnóstico no país, o governo trabalha para ir atrás de pessoas e
oferecer o diagnóstico. Ao ser questionado sobre a abstinência sexual pregada
pela Igreja, Chequer afirmou: "Não é ético assumir posições filosóficas e
moralistas que não contribuem para a redução da epidemia".
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